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Provérbios 18
Silvio Dutra


Provérbios 18




Silvio Dutra




Mar/2016













A474
            Alves, Silvio Dutra
                  Provérbios 18./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
                  2016.
                  40p.; 14,8x21cm

                 1. Teologia. 2. Salomão. 3. Estudo Bíblico.
             I. Título.
                                                        
                                                                             CDD 230.223




Provérbios 18
1 Aquele que vive isolado busca seu próprio desejo; insurge-se contra a verdadeira sabedoria.
Deus nos criou indivíduos, mas não para a individualidade.
Jesus é a Cabeça de um corpo formado por muitos membros que devem estar unidos uns aos outros, trabalhando em favor de todo o conjunto.
Ele é pastor de um rebanho de ovelhas que vivem unidas no redil, e apesar de serem muitos os rebanhos, ele diz que chegará o dia em que será o Único Pastor, de um único rebanho.
Daí a ordenação bíblica para que os crentes vivam congregados, a fim de que todo o corpo efetue o crescimento de si mesmo em amor, e no conhecimento da graça e de Jesus.
Crente afastado da comunhão é como brasa separada do braseiro, que tende facilmente a esfriar.
Ovelha desgarrada do rebanho fica exposta para ser facilmente devorada por Satanás.
Por isso o provérbio afirma, que aquele que vive isolado busca o seu próprio desejo, ou seja, vive para fazer a própria vontade e não a de Deus; isto consiste em se insurgir contra a verdadeira sabedoria que nos aponta a importância da unidade e comunhão.











2 O tolo não toma prazer no entendimento, mas tão somente em revelar a sua opinião.
Este provérbio, de certa forma é uma continuidade do pensamento do anterior, pois revela o quanto a atitude individualista e egoísta é contra a obtenção do entendimento relativo às coisas de Deus, que é ministrado por Ele, especialmente, na comunhão dos santos, quando se reúnem para cultuá-lo e servi-lo.
Deus tem dado pastores, mestres, evangelistas, profetas e outros líderes à Igreja, com vistas ao aperfeiçoamento espiritual dos santos. E todos são convocados na condição de crentes, a se estimularem à prática do amor e das boas obras, aprendendo uns dos outros, o que é bom para o seu crescimento espiritual.
As mulheres casadas idosas devem ser um referencial para as mais novas; assim, pelo seu exemplo e instrução têm o encargo da parte de Deus de ensiná-las a amarem e respeitarem seus maridos e a educarem seus filhos, principalmente a andarem nos caminhos do Senhor.
Quando se tem então, este sentimento apontado no provérbio, de somente revelar a própria opinião e não se importar com o que os outros têm a dizer, é um caminho certo para não se alcançar o verdadeiro entendimento, e um modo claro de se demonstrar o quanto ele é desprezado por todo aquele que age de tal maneira.












3 Quando vem o ímpio, vem também o desprezo; e com a desonra vem o opróbrio.
O que acompanha permanentemente o ímpio é o desprezo de Deus, e este ato de ser desonrado pelo Senhor o coloca debaixo de opróbrio.
Na verdade, o ímpio está mais do que debaixo do desprezo divino, ele se encontra debaixo da sua maldição e ira, conforme registram as Escrituras, mas pela Sua misericórdia pode ser resgatado desta condição por meio da fé em Jesus Cristo, que pagou o preço total pela nossa impiedade ao ter morrido em nosso lugar na cruz.
É importante destacar, que por causa da influência de dez espias ímpios e incrédulos, toda uma nação foi contaminada e sujeitada ao opróbio de ter que caminhar por quarenta anos no deserto.
Ainda que por um prazo menor, mas não sem grande prejuízo para a nação, a impiedade de Acã trouxe opróbrio a todo o povo de Israel, que depois do grande triunfo sobre Jericó teve que amargar uma triste derrota para o povo fraco e idólatra da cidade de Ai.
Isto ainda sucede em nossos dias, quando um só crente que ande impiamente, e influencia toda uma congregação traz grande opróbrio para todos, afastando a presença de Deus, bem como suas bênçãos do meio de todos.
Por isso se ordena que essas raízes de amargura (os que andam impiamente e podem contaminar os demais) sejam arrancadas do meio da congregação, para que os demais não sejam oprobriados juntamente com ele.

      

      









4 Águas profundas são as palavras da boca do homem; e a fonte da sabedoria é um ribeiro que corre.
Um homem sábio tem nele um bom tesouro de coisas úteis, que lhe possibilita dizer algo em todas as ocasiões que seja pertinente e rentável. Isto é como águas profundas, que não fazem barulho, e nunca podem secar.
As palavras de alguém que possui a sabedoria de Deus é como um ribeiro que está sempre correndo e fluindo, para dessedentar e refrigerar a alma de todos os que têm fome e sede de justiça.








5 Não é bom ter respeito à pessoa do ímpio, nem privar o justo do seu direito.
Prestar deferência ao ímpio na sua impiedade significa uma grande abominação para Deus, pois além de incentivar a continuidade de suas práticas injustas, pode agravar ainda mais a condição daqueles que sofrem debaixo da referida impiedade.
Isto se torna ainda mais grave, quando praticado por aqueles que estão encarregados de promover a justiça pública, pois quando o magistrado age desta forma, não é incomum que também aja no sentido de privar o justo do seu direito.
Assim, ter bom apreço pela pessoa do ímpio é uma grande ofensa a Deus e uma afronta à justiça, um mal para toda a humanidade, e um verdadeiro serviço feito para o reino do pecado e de Satanás.
A Bíblia chama o mundo de sistema de trevas, que jaz no Maligno. Os que amam o mundo de pecado e vivem na prática do pecado são chamados de “pertencentes ao Maligno”, pelo apóstolo João.
Então, é preciso muito discernimento, vigilância e cuidado, para não sermos enredados pelo mundo de impiedade que nos rodeia e se manifesta das mais variadas formas. A tal ponto tem crescido a iniquidade, que o simples fato de se ter governantes e magistrados justos e leis justas, não é o suficiente para mudar um mundo no qual prevalece, dentre tantas outras coisas nocivas e destruidoras, as que relacionamos a seguir, e que configuram um caminho sem volta até que Cristo retorne e estabeleça o reino de justiça e verdade que esperamos:
•     tráfico de armas;
•     tráfico de drogas;
•     tráfico de influência;
•     corrupção;
•     prostituição;
•     guerras;
•     terrorismo;
•     pestes e enfermidades;
•     furtos e roubos;
•     violência;
•     imoralidade;
•     irreverência;
•     idolatria;
•     blasfêmias;
•     adultérios;
•     bebedices;
•     abortos;
•     pedofilia;
•     mentiras e enganos;
•     exploração injusta.
A lista não tem fim, e não será uma simples reorganização da política e da economia que poderá resolver tudo isto que faz o mundo ser tenebroso, e deixar de estar sujeito ao poder do Maligno.
Por isso Jesus disse, que não veio trazer uma solução imediata ao mundo; ao contrário, que veio trazer uma espada de divisão espiritual pela qual separaria aqueles que amam a luz e a verdade, daqueles que amam as trevas e a falsidade.
Ele disse que o mundo de iniquidade ficaria cada vez pior, e o juízo de Deus viria sobre toda a terra quando esta iniquidade tivesse atingido a medida que faria com que este juízo fosse precipitado, conforme vemos nas páginas do livro de Apocalipse.
Pretender melhorar o mundo de impiedade, não passa, portanto de uma grande utopia, e trabalhar por uma causa vã, porque o mundo jamais deixará de ser de trevas, as quais ficarão cada vez mais densas, até que Jesus volte com poder e grande glória.



6 Os lábios do tolo entram em contendas, e a sua boca clama por açoites.
7 A boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios um laço para a sua alma.
Salomão tem frequentemente mostrado, o mal que homens ímpios e insensatos fazem aos outros com suas línguas sem governo; e aqui ele mostra que eles fazem mal a si mesmos.
Sendo rei, cercado por uma grande corte, era testemunha deste estado de coisas todos os dias, e ninguém melhor do que ele para atestar este estado ruim de alma que habita na maioria dos homens, quando não são guiados pela sabedoria que provém de Deus.
Ele deve ter sido solicitado muitas vezes para açoitar, e até mesmo executar com a pena de morte, sendo incitado por seus ministros e auxiliares, e caso estivesse reinando em seu lugar um rei ímpio, certamente estas execuções e castigos seriam perpetrados, para atender ao mero capricho de corações vingativos, por questões menores ou injustas e interesseiras.
Com isto, voltavam a sentença contra si mesmos, pois sendo sábio, Salomão, podia identificar que muitos destes solicitantes eram dignos de serem penalizados, e por isso diz no provérbio que “a boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios um laço para a sua alma.”













8 As palavras do difamador são como feridas, que penetram até o íntimo das entranhas.
As palavras de difamação produzem feridas até o mais íntimo da alma daqueles contra os quais são desferidas. Estas feridas deixam cicatrizes que dificilmente podem desaparecer, uma vez que o difamador possui a capacidade de convencer com mentiras a muitos, com falsidades dissimuladas que são recebidas como sendo verdadeiras, porém são contrárias e negam a boa reputação daqueles aos quais ele pretende prejudicar.
Uma vez que o estigma é estabelecido, dificilmente é apagado da memória daqueles em que foi produzido, pelas palavras difamatórias.
Quantos honestos ganharam fama de ladrões, por mentiras proferidas contra eles?
Quantos homens leais ganharam o estigma de serem traidores pela mesma razão?
Veja o caso de Davi perante Saul, que sendo o seu mais fiel capitão passou a ser considerado como o homem mais desleal da face da terra! E pensar que tudo isto foi produzido por uma amargurada inveja dos grandes feitos que ele fazia, não somente em favor de Israel como também do próprio rei.
Este é um mal que está ligado ao coração humano e daí pode ser retirado somente pelo poder da graça de Jesus Cristo, naqueles que seguem a justiça e a verdade.
    











9 Aquele que é remisso na sua obra é irmão do que é destruidor.
Remisso é todo aquele que é negligente e descuidado.
Segundo o provérbio seria melhor nada fazer enquanto nesta condição, porque o resultado da sua obra é comparado ao de um destruidor.
Entre fazer mal feito e não fazer, é melhor de fato, a última proposição, porque não se terá o trabalho de refazer, aumentando o gasto de tempo e recursos para tal.
Isto é aplicável, sobretudo na obra que fazemos para Deus, que além dos inconvenientes citados anteriormente, deve ser acrescentado os danos que uma obra mal feita pode produzir na alma dos ouvintes, por receberem não apenas um mau exemplo do próprio comportamento negligente, como também da deficiência e erro que há na doutrina que ele expõe, por não se preparar devidamente para aprender a verdade e proclamá-la do modo pelo qual convém ser proclamada.



10 Torre forte é o nome do Senhor; para ela corre o justo, e está seguro.
Quando corremos para esta Torre forte, que é o nome do Senhor, devemos considerar conforme destaca o próprio provérbio, que isto deve ser feito em justiça, por quem é justo, porque é certo que a entrada do ímpio que permanece na prática da impiedade, será impedida.
Há uma banalização do nome do Senhor, quando Ele mesmo declara repetidas vezes que o Seu nome deve ser santificado. Se o nome é uma torre, uma fortaleza inexpugnável, é por ser santo.
Os que correm para esta fortaleza devem fazê-lo então, em vidas santificadas, ou para a busca de santificação.
A nossa segurança espiritual depende desta santificação, e é principalmente a isto que o provérbio se refere, e não simplesmente à proteção física dos perigos desse mundo por recorrermos ao nome do Senhor.
Devemos lembrar sempre que a torre é o Nome, e não um lugar ou uma condição fortificada que nos protege. Quando, pois, carregamos esse bom Nome e somos conhecidos por ele, ou seja, como filhos do Deus Altíssimo, pelo bom testemunho de nossas vidas, então somos achados nesta condição segura a que o provérbio se refere, porque teremos o Senhor Deus por nós, e se Ele é por nós, quem poderá ser contra nós?












11 Os bens do rico são a sua cidade forte, e como um muro alto na sua imaginação.
Salomão falou no provérbio anterior que somente o Senhor é a fortaleza do justo, pois conhecia por experiência própria; visto que apesar de rico não colocava sua confiança nas riquezas, mas somente em Deus.
Então, ele apresenta o contraste entre os que confiam no Senhor e aqueles que confiam na instabilidade das riquezas, e se enganam ao imaginarem que são elas a sua fortaleza, na qual sempre poderão estar seguros.
Nada é seguro neste mundo; por isso o apóstolo Paulo se refere a ele como uma aparência que passa, pois todas as coisas materiais são consumidas pelo tempo ou pela morte.
Além disso, não há segurança eterna naquilo que é visível, pois somente o que é invisível, espiritual, celestial e divino é eterno, e estas coisas não são obtidas com dinheiro, fama ou poder, senão somente por se conhecer a Deus e se andar no Espírito Santo.
O rico possui então, um muro alto imaginário que se desfará com o tempo, assim como uma nuvem que agora é, e logo depois já não mais existe.
A nossa própria vida é como uma nuvem que se desfaz, o que não pode ser negado, pois a realidade prática o confirma.













12 Antes da ruína eleva-se o coração do homem; e adiante da honra vai a humildade.
Este provérbio é uma repetição do que já foi dito e comentado nos capítulos 15.33 e 16.18.
O texto de Mateus 5.3 é vertido muitas vezes, como “bem aventurados os humildes de espírito...”, mas, a palavra grega no original é ptochoi, que significa pobre, conforme também empregada em várias outras passagens do Novo Testamento. Pobre, no sentido de reconhecer-se desprovido da glória de Deus, e completamente necessitado do ouro refinado da graça de Jesus, para ser enriquecido espiritualmente.
Todavia, como tal condição conduz necessariamente a nos tornar humildes diante de Deus, pode-se dizer que a expressão traduzida como “humildes de espírito” é correta. A humildade é a condição requerida por Deus para que possa nos exaltar, sem o perigo de nos tornarmos arrogantes e orgulhosos. Quando conscientes da nossa real condição, desprovidos da graça de Jesus, estamos preparados para receber os dons de Deus, sem o perigo de deixar de Lhe atribuir toda a honra, louvor e glória.
Temos o exemplo supremo e insuperável de humilhação, na própria pessoa de Jesus Cristo, que sendo o Criador e soberano sobre tudo e todos rebaixou-se a ponto de se fazer homem, gerado segundo a carne no ventre de Maria, sem ter sequer onde reclinar a cabeça. Foi perseguido, escarnecido, rejeitado e crucificado; tudo isso para efetuar a obra da nossa salvação.
De igual modo, todos os que Lhe pertencem são chamados a compartilhar da Sua humilhação e sofrimento, carregando cotidiana e pacientemente a cruz que lhes está designada por Deus, como sendo a porção deles neste mundo, pois importa que em tudo sejam conformados ao seu Salvador e Senhor.
Além disso, em nosso caso, a auto-humilhação possui o efeito benéfico de nos colocar em nosso devido lugar de criaturas dependentes de Deus, pois somos dados naturalmente à autoexaltação, por causa do pecado que opera em nossa natureza terrena.
A humildade é uma virtude comparativa, ou seja, ela se manifesta quanto ao que sentimos em relação a outros. Geralmente, por um engano do pecado somos levados a pensar que somos mais qualificados do que os nossos semelhantes. Todavia, deveríamos nos comparar sempre com Cristo, para vermos qual é de fato a nossa real condição.
Assim, somos exortados a considerar os outros superiores a nós mesmos, para que não incorramos neste grave pecado de soberba e presunção. Lembremos sempre, que foi por causa da exaltação que Satanás e os anjos que o seguiram, caíram do seu estado original se transformando em demônios; inimigos de Deus e da verdade.
Assim, Deus sempre rebaixará aqueles que se exaltarem, seja para a perdição eterna, como no caso do diabo e os demônios; como no caso dos homens que morrem resistindo a Cristo, ou seja, para correção, no caso de crentes que se permitem deixar-se dominar por este pecado de autoexaltação.
Não é lícito que louvemos a nós mesmos, nem devemos andar à procura do louvor dos homens, senão somente do de Deus. Não é correto quem a si mesmo se glorifica, senão a quem Deus glorifica.
De modo que se a intenção do nosso coração é a de subir acima das estrelas, e estabelecer um trono acima de Deus, é certo que seremos derrubados para as profundezas, tal como o Senhor fizera com Satanás.
Aos pecadores arruinados que foram salvos por exclusiva graça e misericórdia, não cabe um melhor lugar do que os joelhos dobrados, com o rosto no pó, diante da sublime majestade do seu Salvador e Senhor.
Por que Deus se agrada tanto da nossa humildade?
Porque Ele é Deus verdadeiro e se agrada da verdade. O que se reconhece humilde testifica da verdade da sua condição pessoal. É isto o que convém a toda e qualquer pessoa, por maior que seja sua força, inteligência ou riqueza.
“Jeremias 9.23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas;
Jeremias 9.24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.”



13 Responder antes de ouvir, é estultícia e vergonha.
A resposta precipitada antes de se ouvir todos os questionamentos ou argumentos, que estão sendo apresentados pela outra parte, é um ato estulto e vergonhoso.
É estulto, porque demonstra a falta de domínio próprio, de sabedoria e entendimento, e o desprezo a tudo isto como sendo necessário para responder de modo exato e adequado às questões apresentadas.
É vergonhoso, porque expõe à vergonha a quem assim procede, pois no julgamento dos circunstantes, quem assim procede não é digno de ser ouvido na resposta precipitada que apresentar, pois raramente poderia refletir uma sábia solução ao assunto em debate.
É estulto e vergonhoso, porque pode ser indicativo de um espirito orgulhoso que se considera dono da verdade.
Nos casos em que haja demanda entre duas partes envolvidas, é sábio ouvir ambas as versões das partes demandantes, antes de se dar qualquer parecer, que é um procedimento recomendável, especialmente para aqueles que estão investidos em funções públicas cujo exercício inclui o dever de julgar, como no caso de autoridades policiais e jurídicas.
De igual modo deve ser estendido aos pais, quando julgam as ações de seus filhos, de maneira que não haja parcialidade ou injustiça no parecer que for dado como fruto de não terem ouvido as partes envolvidas, ou então de ouvir de maneira incorreta, ou não ter o discernimento e sabedoria adequados para proceder a uma avaliação dos fatos baseada nos princípios da Palavra de Deus.


   






14 O espírito do homem o sustentará na sua enfermidade; mas ao espírito abatido quem o levantará?
No comentário de um provérbio anterior já expusemos que quem mantém o corpo e a alma firmes é o espírito, mesmo no caso de enfermidades.
Agora, nem o corpo, nem a alma podem sustentar o espirito, de modo que a pergunta feita por este provérbio, só pode ter a sua resposta na graça de Deus, que é a única fortaleza real e permanente para o nosso espírito, quando se encontra abatido.









15 O coração do entendido adquire conhecimento; e o ouvido dos sábios busca conhecimento;
Aqueles que são prudentes buscarão o conhecimento, aplicando os seus ouvidos e coração para a busca do mesmo. Os ouvidos para recepcionarem a verdade, e o coração para misturar a fé com o que ouvem, de forma que se torne aplicável às suas vidas.
Aqueles que são prudentes nunca acham que têm prudência e graça suficientes; por isso sempre procurarão aumentá-las por uma melhoria do seu conhecimento das coisas relativas ao reino de Deus.
Deus tem prometido dar sabedoria àqueles que a pedirem com fé, e a buscarem de todo o seu coração, pois tem prazer em fazê-lo, pois o resultado é que mais se verá a sua vontade sendo feita por aqueles que o amam.
“Buscai e achareis.” Jesus nos tem prometido e isto não pode falhar, porque é fiel em cumprir o que prometeu.



16 O presente do homem alarga-lhe o caminho, e leva-o à presença dos grandes.
Este provérbio não é um incentivo à prática aqui assinalada, mas a afirmação de uma realidade que é comum ocorrer no mundo.
Revela também, quão corrompida é a natureza humana que se deixa subornar por dinheiro ou outros bens e favores, para dar acesso à presença de autoridades aqueles que o pleiteiam, e não conseguiriam uma audiência a não ser pelo expediente de subornar seus assessores.
Isto, muitas vezes corrompe a justiça, pois se o fim da audiência é o de fugir das penas da lei, é bom lembrar que aquele que comprou a lei pode facilmente vendê-la.





17 O que primeiro começa o seu pleito parece justo; até que vem o outro e o examina.
Não é bom dar pleno apoio ao pleito apresentado por alguém, ainda que pareça justo, até que se ouça também a versão da outra parte envolvida ou interessada.
Especialmente aqueles que estão encarregados de promover a justiça pública, devem seguir este princípio proverbial, para não serem parciais e injustos em suas decisões.
Na verdade, há pleitos que sequer devem ser ouvidos quando se percebe que há fortes indícios de sua falsidade ou impertinência; de modo que convém a todos ter um ouvido bom, com o qual ouvimos e atendemos o que parece ser justo, e um ouvido surdo, com o qual deixamos de registrar as coisas que sequer são dignas de serem ouvidas.




18 A sorte faz cessar os pleitos, e decide entre os poderosos.
Quando as condições meritórias de acesso a algum benefício são as mesmas para muitos, não há melhor expediente para a sua distribuição do que a prática de lançar sortes.
Veja que para não haver disputas e contendas entre as tribos de Israel, para a distribuição das terras de Canaã, Josué o fez por meio de sorte.
No entanto, esta prática deve ser limitada apenas aos casos que não estejam já amarrados e plenamente definidos em lei, ou por meio de acordos previamente estabelecidos quanto ao modo de se decidir sobre determinadas questões.






19 um irmão ofendido é mais difícil de ser vencido do que uma cidade fortificada; e as suas contendas são como os ferrolhos dum castelo.
Muito cuidado deve ser tomado para evitar brigas entre irmãos, e aqueles que estão sob a obrigação especial de se cuidarem mutuamente; porque ressentimentos são aptos para afastar os que deveriam estar unidos.
Quando somos ofendidos por estranhos, não temos tanta tendência a ficar magoados, do que quando é feito por aqueles de cuja intimidade partilhamos.
Sabedoria e graça são realmente necessárias para nos ajudar a perdoar os parentes e amigos que nos ofenderam, mas um coração endurecido fará com que seja mais difícil perdoá-los.
Estas verdades devem ser consideradas, especialmente nas relações que temos com nossos irmãos na Igreja, para que não venhamos a criar dificuldades para um convívio em unidade, harmonia e comunhão.
Não devemos esquecer também, que é na unidade entre os irmãos que Deus derrama a Sua bênção, conforme o tem expressado no Salmo 133.
Por isso somos exortados nas palavras do apóstolo Paulo, a manter a unidade do Espírito Santo, no vínculo da paz.












20 A barriga de um homem se fartará do fruto da sua boca; dos renovos dos seus lábios se fartará.
Nosso conforto depende muito do testemunho de nossa própria consciência, em nosso favor ou contra nós.
A barriga é aqui colocada representando a consciência, porque é pela expressão de nossos pensamentos e valores que a consciência é formada e alimentada.
Se o nosso falar for bom e segundo a sabedoria de Deus, teremos então, uma consciência bem alimentada com as palavras da fé e da verdade.
Mas, se ao contrário, somos dados ao falar estulto e insensato, alimentados por pensamentos contrários aos valores de Deus; a consequência será a formação e alimentação de uma má consciência.
Uma vez que os pensamentos são como as folhas e brotos de uma árvore, que nunca deixam de crescer, devemos ter muito cuidado com estes renovos que podem mudar para melhor ou pior os nossos padrões e valores, e com eles a consciência será também mudada, para melhor ou pior, respectivamente.
Os maus brotos devem ser podados, e somente os que forem bons devem ser deixados, de maneira que a árvore produza seus frutos em abundância.












21 A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.
O que amamos no falar de nossas línguas? O bem ou o mal? É afirmado no provérbio que o tipo de fruto que produzirmos pela nossa fala é o que teremos como alimento da nossa própria alma. Este fruto pode trazer consigo o poder da vida ou da morte. Não somente de nós mesmos, como também daqueles que estiverem debaixo da influência do nosso falar.
Muitos têm sido mortos espiritualmente com a sua língua suja, ou causado a morte de outras pessoas com a língua falsa; e, por outro lado, muitos têm sido salvos ou adquirido o conforto que é proveniente de uma língua gentil e prudente; e salvado a vida de outros por um testemunho fiel, intercedendo por eles.
Se, como afirma o Senhor Jesus, devemos ser justificados ou condenados por nossas palavras, então, o poder da morte e da vida estão sem dúvida, no poder da língua.



22 Quem encontra uma esposa acha uma coisa boa; e alcança o favor do Senhor.
Uma boa esposa é uma grande bênção para um homem. Aquele que encontra uma esposa (ou seja, uma esposa de fato, pois uma má esposa não merece ser chamada por um nome de tanta honra), encontra uma ajuda para cumprir a missão que lhe é dada por Deus, de ser a cabeça do seu lar.
Uma boa esposa é sempre um favor, uma graça que recebemos da parte de Deus, pois somente ele conhece os corações, e sabe quais devem ser unidos pelos laços indissolúveis do casamento, de modo que se amem, se respeitem e se sirvam mutuamente, até que a morte os separe.
Feliz é aquele que ora e espera no Senhor, para conhecer o cônjuge que tem escolhido para ele.





23 O pobre fala com rogos; mas o rico responde com durezas.
Não é uma desvantagem o ter que falar com rogos, ou seja, com humildade, mansidão e gentileza, pois é comum que a pobreza efetue este bom serviço de mortificar nosso orgulho.
A arrogância e o falar altivo do rico não é, portanto um privilégio que lhe é dado por Deus, tampouco uma vantagem, pois maior é a dificuldade que terá como pecador que é, para ser submisso, manso e humilde, como convém a toda e qualquer pessoa ser, segundo é da vontade de Deus.








24 O homem que tem muitos amigos, deve mostrar-se amigável; mas há um amigo que é mais chegado do que um irmão.
A amizade é algo que deve ser cultivado pela atenção mútua, porque há amigos que são mais íntimos até mesmo do que irmãos de sangue.
Verdadeiros amigos são um presente de Deus para nós, pois necessitamos seguir a jornada desta vida, acompanhados de outros, e não de forma isolada e solitária.
Apesar de ser um dom de Deus, como já dissemos antes, há necessidade de sermos diligentes em manter nossas amizades pela gentileza, cuidado, companhia e outras coisas que são requeridas por uma amizade verdadeira. Especialmente, quando se trata de crentes, estes laços devem ser firmados por um andar comum na doutrina de Jesus e dos apóstolos, na mesma fé e no mesmo Espírito, porque a amizade espiritual é determinada e mantida ,sobretudo por estas coisas.





Biografia:
Servo de Deus, que tendo sido curado, pela graça de Jesus, de um infarto do miocárdio e de um câncer intestinal, tem se dedicado também a divulgar todo o material que produziu ao longo dos 43 anos do seu ministério, que sempre realizou para a exclusiva glória de Deus, sem qualquer interesse comercial ou financeiro. Há alguns anos atrás, falou-me o Senhor numa visão que eu fosse ter com os puritanos e com Martyn LLoyd Jones. Exatamente com estas palavras. Por incrível que possa parecer, até então, nunca havia ouvido falar sobre os puritanos e LLoyd Jones. Mais tarde, fui impelido pelo Senhor a divulgar todo o material que havia produzido como fruto do referido estudo. Você pode ler e baixar estas mensagens nos meus seguintes blogs e site: http://livrosbiblia.blogspot.com.br/ Comentário dos livros do Velho Testamento https://www.legadopuritano.com/ https://spurgeonepuritanos.net/ https://jenyffercarrandier.wixsite.com
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