Não posso mais ficar aqui e ser um eu
que não me pertence e nunca me pertenceu...
Preciso ir de casa em casa
e recolher fagulhas de cada brasa
que está adormecida
dentro de cada frasco mais belo de vida...
Onde estou que não me acho
nem em cima do lustre
e nem da cama embaixo?
Soubesse eu como era
teria me repartido como fazem as heras
que sobem muros para ver o horizonte
teria me partido em mil cacos de amor
e em cada um plantando uma pequena flor...
O que mais falta me faz
é o sorriso perdido da moça ou do rapaz
que andam tristes por essa vida
de porcas e parafusos,
recém-noivos da vida, confusos,
o que falta me faz mais ainda
é dividir a visão de luz sob a venda retirada,
enxergar como as íris, de Deus, recobradas...
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