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O Corvo
Final
Ronei de Jesus

O Corvo.

   Parte Final.

   Uma noite,depois de terem me dopado ou algo assim, eu estava imerso numa inércia sem igual. Borrões passavam pela minha mente, eu não sentia meu corpo,não comandava meus membros ou impulsionava qualquer pensamento; estava morto, mas com vida.
   Uma brisa leve passou a soprar pela pequena janela do quarto; por um instante me fez bem, senti um conforto e bem estar que não sentia a muito tempo. Mas logo isso se esvaiu. A brisa se transformou num vento forte, eu forcei o pescoço por cima dos ombros e olhei para um dos lados da cama. Alí,imóvel e sinistro, estava corvo, me observando intensamente. Eu o encarei, e nossos olhares travaram uma luta intensa no ar,como que seguros por uma fina mas forte linha, difícil de se romper.
   Num instante vi a luz do quarto se extinguir; pouco a pouco uma sombra, a mesma sombra que aparecera na minha casa naquele dia,começara a crescer e engolir tudo à minha volta.
   Por fim, tudo se apagou e mergulhou num negro profundo. Eu não via mais o corvo, mas sabia de alguma forma que ele continuava a me observar. Poucos segundos depois, que pareceram-me uma eternidade, eu divisei dois pontos vermelhos no escuro, o bastante para eu saber que se tratavam dos olhos que tanto me perseguiram nos últimos tempos.
   Barulhos de tumulto ecoaram na escuridão, e parecia que eu estava no meio de uma guerra de ira e desespero. Em meio a isso vi,numa grande rapidez, os pontos vermelhos avançarem em minha direção. Chocaram-se com meus olhos, fazendo minhas pálpebras se fecharem assim que senti o impacto de algo como um canivete perfurá-los,e em instantes estraçalhá-los.
   Caí ao chão cego, gritando de dor. E enquanto eu me debatia, senti novamente o bico do corvo me golpear, avançando sobre meu corpo como abutres sobre uma carniça.
   Em meio a dor e o desespero, senti aos poucos a força deixar meu corpo. Fiquei no chão, desolado, nadando numa poça de sangue à minha volta. Em meu estado de agonia, lembrei da Deby,o último pensamento que me veio à cabeça naquele momento. Depois se fez repentino silêncio, para depois uma gargalhada maligna cortá-lo e ribombar no quarto, sumindo logo depois, deixando-me finalmente em paz.
   E esse fora o fim do pobre Jim Cavezell, um homem comum, com uma vida comum, mas que teve a sorte de cruzar com um corvo que certamente não era nada comum.

             . . .

   Mas agora você deve está se perguntando como eu consegui concluir está história,já que para isso eu teria que está vivo; bem,talvez eu seja agora um espírito perturbado que vaga por aí sem paz ou descanso, e que agora está ao seu lado, te observando intensamente, como fizeram comigo muitas vezes, se divertindo com o assombro que agora surgira no seu rosto.

      O Corvo, por Ronei de Jesus.




Biografia:

Este texto é administrado por: Turin Turambar
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