Agarra com força esse pedaço de pão,
não é de farinha,
de sal,
de ovos,
nem de música é;
põe à boca esse metal de quatro pontas,
esforça-te para engolires
este tempo e seus venenos matadores,
com a força que fazes
poderia mover aquela montanha,
teu empecilho,
poderias montar no dragão
e voar até onde o riso
se levanta
e vai-se da boca...
Se um dia souberes de algo
comunica aos teus e aos não teus,
fale com um profeta de sete línguas
que diz em teu sopro
o divino que se perdeu
depois que as colinas
foram varridas
pela máquina do tempo...
Se vires corpos em sexo,
não desvies, nem pises,
enxugue tua pele que já será de rã,
abrigue em tua formosa cabeça
a ideia de que amanhã
um pensamento sairá por teus lábios
e que a multidão de silêncios
ouvira, contrita,
teu corpo se queimar na fogueira
onde só as bruxas foram queimadas...
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