Ao analisarmos a conjuntura atual e não obstante os avanços sociais conquistados a duras penas nos últimos doze anos, podemos considerar que a crise é real e não alguma invenção de economistas ou jornalistas engajados em algum veículo de comunicação. A inflação tem preocupado os cidadãos apesar de estar longe dos duros tempos de hiperinflação, quando se apostava corrida com os funcionários dos supermercados e suas maquininhas poderosas.
Já o processo de desindustrialização do País que diga-se de passagem não tem nada de novo apesar de ser amplamente noticiado, é um processo histórico que nos remonta as décadas de 80 e 90, quando já naquela época as industrias paulistas e cariocas (exceto logicamente aquelas ligadas a indústria automotiva) não tinham para quem vender seus produtos, e começaram a fechar uma a uma. Este processo continua até hoje. Velhas construções industriais só servem hoje para gravação de videoclipes de bandas de rock. Talvez a indústria não seja nossa vocação.
Já o turismo que poderia ser a salvação da lavoura é muito pouca atrativo, a não ser que algum turista mais desavisado esteja disposto a levar uma facada em plena praça XV.
Portanto a máxima “Pior do que está não fica vote em Tiririca” é bastante questionável. Respeitando os otimistas de plantão quando visualizamos o futuro do País não vamos conseguir por mais que tentemos, imaginar uma situação mais favorável. Principalmente do ponto de vista do emprego e da renda. Isto porque vários fatores além dos elencados aqui nos levaram a esta situação. Queda da atividade chinesa, Queda no preço do barril de petróleo que praticamente está quebrando a Petrobrás, desarticulação das principais empreiteiras do país devido a operação lava-jato e queda no preço das comodities. Estas questões tem nos levado ao pior dos mundos. E como se não bastasse a receita de Lula quando assumiu baseada no aumento de juros para conter a inflação não deu certo desta vez, gerando o efeito colateral de queda acentuada na atividade econômica. Por essa Dilma não esperava.
Dentro deste cenário e aliado as forças quase populares de plantão, o clima que se instaura no país é preocupante. Os tiros disparados na marcha das mulheres negras, a bomba deixada no instituto Lula, além de diversos casos de intolerância e confronto que pipocam pelo país e que, diga-se de passagem não incorporam nenhum bom exemplo de nosso congresso nacional, irão fatalmente nos levar a uma possível guerra civil. O leitor pode achar uma idéia um tanto exagerada mas considerando os discursos de confronto da esquerda que aguarda ansiosa o momento de ir a luta e a extrema direita preconizando a volta dos militares, constituem-se em um molho bastante indigesto.
Dentro desta conjuntura poderemos encontrar nossa salvação em um dos poderes principais da república. Trata-se do poder moderador da mídia nacional. Em 1964 Roberto Marinho que já tinha a concessão para fundar a Globo cometeu um erro crasso ao aprontar a sala de estar para a visita dos militares. Isto é inegável. Mas assim como nos diversos mensalões espalhados por este país continental, era uma questão de sobrevivência política. Me faço uma pergunta: E se a Globo na ocasião do golpe militar fosse uma rede de comunicação extremamente bem estabelecida com 200 milhões de pessoas assistindo seus programas diariamente e a segunda maior rede de televisão do mundo? Será que ela apoiaria o golpe? Considerando os amigos que tenho no Twitter acho que vou perder de 9 a 1. Acho engraçado que até hoje a esquerda mais radical jogue isto na cara da Globo até como uma forma de justificar atos ideológicos deste veículo. Não quero aqui contar nenhuma estória da carochinha, também não sou, ou pelo menos acho que não sou ingênuo. Todo mundo tem sua ideologia, todo mundo tem seus interesses e suas visões de mundo e de Brasil. Por mais incrível que pareça até os terroristas tem seus interesses por mais escusos que sejam.
Independentemente de qualquer alarmismo, presenciamos na sociedade brasileira um fenômeno bastante preocupante. Grupos religiosos e pessoas engajadas na causa da palavra de Deus ou de Jesus tem crescido vertiginosamente. Eles correm tão por fora que vimos espantados a invasão destes grupos no congresso nacional. Se o fanatismo religioso tomar conta, e tudo leva a crer que vai, será a principal força política e ideológica no Brasil. Assim enquanto brigamos com a direita a esquerda a Rede Globo etc., estes grupos determinarão os alicerces morais das próximas gerações portanto, causas sociais nobres e das minorias que alguns parlamentares que aos berros tentam em vão defende-las tornarão o molho não só indigesto mas podre.
O que será que os canais de tv evangélicos vão noticiar?
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