O filme A Jornada da Alma conta a história de uma mulher extremamente brilhante. Sabrina Speilrein que no início do século XX deu entrada na clínica Psiquiátrica do doutor Carl Jung com um quadro grave de histeria (naquela época todos os males psiquiátricos eram assim diagnosticados), conseguiu através do então revolucionário método de hipnose de Sigmund Freud sua completa recuperação. A frente de seu tempo, Sabrina ficou extremamente desgostosa com a recusa de Jung de assumir uma paixão tão avassaladora. Sabrina então, resolve voltar a seu país de origem, a URSS onde cria a escola branca. Uma escola com um método moderno de educação infantil. Porém, Stalin não gostou. Ela voltou para a Alemanha onde foi assassinada pelo Nazismo junto com suas filhas. Uma história muito triste.
Que o machismo e a homofobia faziam parte da URSS do início do século não há a menor dúvida. É claro, temos que levar em conta que muitos países dominados pela União Soviética tinham uma cultura islâmica, e portanto a discriminação de gênero era cotidiana. Não obstante os esforços de Lenin, a homossexualidade permaneceu proibida até a era Yeltsin. Na china a homossexualidade é proibida (salvo engano) até os dias atuais.
Ao consultarmos o termo “Che Guevara” no google uma das principais colocações é a da seguinte frase: “Che Guevara era homofóbico”. Em cuba, esforços de intelectuais que até hoje tentam colocar em pé de igualdade homossexuais e mulheres sucumbem frente a um estado machista e homofóbico. Exemplo disto foi o boicote e algumas prisões de escritores homossexuais na década de 70. As novas leis de 1997 e a combativa filha de Raul Castro tentam mudar uma realidade inexorável de um sistema socialista arcaico. Várias organizações buscam acrescentar direitos aos homossexuais e as mulheres, mas ao final das contas sofrem a repressão de uma polícia política, violenta e preconceituosa. A esquerda sul americana tenta influir no processo cubano tentando demonstrar que o socialismo moderno tende a se libertar de paradigmas relacionados ao preconceito, mas em se tratando de Cuba existe um longo caminho a ser percorrido, ou não. Se a distensão política e econômica com os EUA se tornarem real e efetiva esta realidade pode se transformar em um espaço de tempo bem mais breve.
Portanto, uma pergunta se faz necessária: Por que a esquerda brasileira tende a rotular de forma categórica uma pessoa machista e homofóbica como membro da direita mais conservadora e retrógrada? Para respondermos a esta pergunta algumas questões devem ser analisadas:
As manifestações que acontecem no país desde 2013 e que naquela época diga-se de passagem, eram auto referenciadas como apolíticas, e que no curso da história se revelaram bastante politizadas principalmente no que concerne a tentativa de derrubada da presidente, acenderam uma luz amarela para a esquerda organizada. Hoje nas redes sociais a esquerda de forma bastante ostensiva tenta mobilizar os setores sociais mais organizados da sociedade nesta verdadeira cruzada contra as forças de direita embuídas do objetivo de arrancar a presidente Dilma de sua cadeira presidencial.
Conversava com minha prima que é engenheira e mora no bairro do Itaim bibi em São Paulo. Ela me dizia que no dia do panelaço o barulho era IN-SU-POR-TÁ-VEL. Mas, como a luta de classes é um fenômeno muito maior do que podemos imaginar no bairro do Jardim São José ninguém batia panela nenhuma. Eu sinceramente espero que os moradores do Jardim São José não tenham que bater panelas por outro motivo.
Esta situação tem deixado a esquerda brasileira extremamente assustada. Não se sabe quando haverá outra manifestação, portanto em função da facilidade das organizações de esquerda de mobilizarem sindicalistas, sem terra etc., as manifestações são diárias. Apesar de um contingente infinitamente menor, pois a direita se encontra na atual conjuntura muito bem articulada apesar da roupa importada e semi alienada.
Voltando a questão principal deste texto é bastante evidente que políticos da esquerda tem adotado um discurso recorrente de defesa de grupos como os homossexuais, as mulheres e os negros. Sem negar que a questão dos negros é grave, pode parecer um discurso altamente bem intencionado e politicamente correto mas é um pouco mais do que isto. Na tentativa de cooptarem e arregimentarem um número cada vez maior de cidadãos e internautas dispostos a defenderem estas causas a esquerda e o PT lançam mão de uma estratégia pseudo inteligente para incrementar o movimento de resistência.
Neste pacote o PT e a esquerda acabam por acirrar a luta política e ao defenderem minorias, criam dificuldades ainda maiores com setores como os evangélicos e as pessoas com concepções mais particulares da sociedade e o machismo cultural. O pensador Judeu Itzack Rosental tem a seguinte frase: “ Se existe um inimigo é com ele que temos que negociar”
PT saudações
Samuel Lisboa
Samuellisboa02@gmail.com
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