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FEMINISMO GOVERNAMENTAL X LIBERDADE DE EXPRESSAO (revisao)
Samuel Lisboa

FEMINISMO GOVERNAMENTAL
X
LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Se de um lado as organizações de defesa da mulher lutam pela regulamentação e aplicação de leis como a Lei Maria da Penha, lei do feminicídio entre outras, que segundo a ótica daqueles que as elaboraram, não só asseguram o respeito aos direitos da mulher na nossa sociedade como punem de forma exemplar homens que cometem abusos, podemos afirmar que a exacerbação dos ânimos na atual conjuntura política do país tem levado grupos feministas a invadirem de forma ostensiva outras searas do desenvolvimento da democracia e da relação entre homens e mulheres. Sob o pretexto de luta pelo respeito a mulher estas iniciativas atingem diretamente a questão da liberdade de expressão. Acredito que este expediente pode ser um tanto quanto perigoso pois poderá levar-nos a caminhos de sectarismo e injustiça.
A liberdade de expressão é muito importante para uma sociedade, pois é fator decisivo na determinação do DNA de um povo. Na cultura, nos costumes e nas artes. Além disso, a liberdade de expressão tem papel fundamental na construção do auto conhecimento de uma sociedade, dos homens, das mulheres e desta relação tão difícil entre os sexos.
O músico autor da música que diz “um tapinha não dói” foi processado e talvez tenha que pagar uma multa de 500 mil reais. E sabe quem sai ganhando com isso além do poder público que ficará com o dinheiro? Ninguém. A mulher não sai ganhando, pois este estribilho poderia revelar a muitos casais uma forma divertida de se relacionarem e que não está necessariamente ligada a violência. Assim esta proibição, esta flagrante atitude ditatorial de opressão a liberdade de expressão poderá induzir muitas mulheres a continuar tendo um comportamento reprimido, pudico e sem diálogo com seu parceiro. Isto é bom para a mulher?
O movimento feminista mais radical que hoje em dia é representado por inúmeras mulheres engajadas e com grande transito no poder público, influencia negativamente através de seus discursos na relação homem – mulher. Sob a ótica deste movimento que a pretexto de buscar a emancipação e igualdade das mulheres em relação aos homens tornam esta relação um diálogo de surdo mudos. A competição passa a ser cotidiana e portanto, a relação se torna eminentemente política e cheia de conflitos, pois estará relacionada a luta pelo poder.
Na idade Média muitas mulheres tinham um papel preponderande na sociedade. Muitas eram donas de Feudos e administravam reinos inteiros. Na Idade antiga muitas sociedades eram matricêntricas pois a mulher e sua capacidade de reprodução eram devidamente valorizadas pelas homens. Mas isto não necessariamente (pelo menos que eu tenha conhecimento), gerava conflitos agudos entre os sexos. Com o advento do capitalismo através da revolução industrial as sociedades voltaram a ter um aspecto sócio político patriarcal. Eu arriscaria dizer sem muito medo de errar que o capitalismo é machista. Mas isto não significa dizer que haja grandes desequilíbrios entre os casais. É óbvio que a mulher tem que ser respeitada. Acho que o equilíbrio entre o sexos é conquistado no dia a dia através de diálogo, trocas de experiências enfim a vivencia do casal. Além disso no que se refere as dificuldades entre os sexos e como é cantado no Brasil “ Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” e isto não significa em hipótese nenhuma qualquer apologia ou cumplicidade com relação a violência ou abuso contra a mulher.
Com relação a liberdade de expressão no Brasil, sabemos que ao lado do gabinete de nossa presidente funciona a secretaria especial da mulher. Sua função? Processar autores, escritores, músicos, diretores de cinema ou teatro, por conteúdos misóginos, pseudo-misóginos e machistas. Sempre sob alegações subjetivas de ferirem o papel da mulher na sociedade.
Em um dia desses assistia tv quando vi um comercial de uma marca e produtos de limpeza a Bom Bril. Nesta peça publicitária a cantora Ivete Sangalo exalta o papel da mulher dizendo que ela dá conta de trabalhar e ainda cuidar dos filhos e limpar a casa com os produtos da Bom Bril. Ela conclui – É por isso que toda mulher é uma Diva e os homens... os homens são divagar. Por um instante fiquei pensando: E se fosse o contrário. Se fosse um grupo de homens diminuindo o papel da mulher na sociedade e no lar. Com certeza prezado leitor a Bom Bril já teria sido processada há muito tempo. Eu me arrisco a dizer que se Nelson Rodrigues fosse vivo possivelmente teria sérios problemas. Um tanto piores do que os que teve na época da publicação de seus trabalhos
Não tenho absolutamente nada contra o comercial da Bom Bril. Inclusive eu nem processaria, nem a Bom Bril nem a Ivete Sangalo Não perderia meu tempo. Mas acho que se alguém se sentir atingido deve processá-la. Eu também gostaria de chamar minha vizinha de galinha e se ela sentir atingida pode me processar. Gostaria também de chamar minha colega de trabalho de histérica, e se ela se sentir atingida que me processe. Existem várias leis para isso.
Mas o estado brasileiro e seus braços ideológicos espalhados pela sociedade se dedicarem a fechar a boca de pessoas ou entidades é simplesmente inadmissível. Temos que andar para frente e não para trás. O estado precisa tomar conta das periferias das cidades pois é lá que tudo acontece. É lá que homens batem em mulheres, é lá que homens assassinam mulheres, é lá que homens ameaçam mulheres, é lá que homens chingam e humilham mulheres e é lá que homens estupram mulheres. Não é ao lado do gabinete da presidência muito menos nos indistintos lugares onde acontece nossa produção intelectual e cultural. Portanto, é necessário um Serviço social atuante nestas periferias. Desta forma com certeza a situação da mulher tenderia a melhorar.
Este verdadeiro patrulhamento, este panfletarismo governamental que confunde ideologia com necessidade social, promove uma pseudo defesa da mulher que nada mais é do que a busca de papel de destaque em detrimento do homem e suas características psico sociais. E ao optarem por este caminho, o caminho do feminismo ideológico só encontrarão pela frente mais retrocesso pois a mulher comum nunca foi e jamais será engajada em causas inúteis e que distorcem o seu papel na sociedade.



Biografia:
Escritor,formado em teatro no teatro Célia Helena, estudou no colégio Equipe em 1982. Trabalha como repórter free lance
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