Hoje, quando me pego pensando sobre mim, percebo como minha vida rumou diferente de outras.
Logo cedo, senti minha mãe.
Depois meu pai.
Quase não notei ao sentir minha irmã, que até hoje é a mulher mais quente que eu já senti.
O dia só me aquece mesmo, quando sinto.
Cresci, passei a sentir outros, estranhos, amigos, sentir foi meu dever.
Devo sentir? sempre me perguntei.
Mas ai vem aquela sensação, que bate no peito e vai descendo só.
Se me perguntam o motivo da solidão, dou meu ponto de vista. Nada explica melhor que meu ponto de vista.
Diferente daquele que terminará essa frase, o meu é escurecido, como o fim. Colore toda minha vida assim.
Pessoas temem, mas vejo sua textura todo dia.
Agora com a dama pronta, me pergunto. Se alguém como eu já fez algo assim. Talvez eu deveria checar na internet. Quem sabe alguma história comovente me faria desistir e visualizar de outra forma. Independente da forma que fosse, ainda assim seria acompanhada pela textura, escura, do fim.
Levanto-me do trono. Ele, que assim como outros, irá cair, quando a veste, apertar.
Subo, sinto a altura. Lembro da primeira vez que tive essa sensação. Era frio e não tinha ninguém para me servir. Escalei o armário e pude senti-la. Acertou-me de surpresa e jogou-me ao chão como um nada.
Um nada. Quem saberia que ela seria a primeira a notar meu grande propósito.
Nada.
Como nada, visto a dama espessa e enrolada.
Como nada, eu aperto seu vestido.
Como nada, chuto seu trono.
Como nada, meu corpo estremece.
Como nada meu pés giram e meu corpo, nada.
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