Mariposa volúvel, a Lua se espreguiça,
esticando os alvos braços no pontual pescoço
do vagabundo Mundo -basta isso e já se atiça.
E o cheiro de carne no cio é o oxigênio do moço,
vaca, moça, cocho -Cadê a culpa?
Sensação de pecado é fado no lombo
de quem fez da noite mensageiro do sono.
Esse Édipo incestuoso disfarçado de pombo,
que impunha a anestesia dos sentidos sem dono,
tutor, pais, feitor -Por que o Original?
Suor e perfumes deliciam as luzes,
dançarinas mascaradas. Nesses carnavais os trejeitos
dos copos tinindo sobre roupas colantes e cruzes,
penduradas em fios argênteos nos peitos
sensuais, disformes, peludos -Noite, criança precoce!
Rodopio de caras sem coroas em paletós que agasalham
promessas, vozes, louvores à supremacia do amor.
Nessa Babilônia de mosaicos os barros se talham!
Espirais de fumaça são suspiros em vapor,
de impotência, paixão, nostalgia -Quem os criou?
E por que ser pincel se posso ser pintura?
Basta! A Lua já adianta os ponteiros da madrugada,
e o que aprendo se a murada só aos olhos traz fartura?
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