Ergo aos céus a espada e firo o silêncio
com o uivo aceso do meu coração,
como fosse um guerreiro
em busca do prêmio
que se ganha quando a morte
mata a solidão...
Ouço o rio correndo e patas arruinando
o campo que foi cuidado e esquecido;
nunca ninguém saberá será o quando
da quebra última da ampulheta de vidro...
Chove sobre todos e as árvores choram;
a lama escorre pela montanha e desce;
mães abraçam seus filhos e imploram
por um tempo seco que venha do Oeste...
O tempo, senhor das pestes
e da consagração,
grita aos quatro cantos
suas horas perdidas;
ao homem resta estar pronto
para a ilusão que lhe turva os olhos
e abocanha sua vida...
Não me faça te pedir por minha vida,
diz aquele que teme ter lutado e perdido;
deuses querem oferendas e não vã comida;
se sentem pelos maus modos ofendidos...
Reinos e reinos pereceram
e não são lembrados,
reis e reis e rainhas vãs
viverão no limbo do passado;
No universo do futuro
não haverão heras mal agradecidas;
nem haverá muros
e nem tragédias esquecidas...
Lembre-se que o tempo escreve e apaga,
reescreve e novamente renega;
como fosse a onda que traga
a nau destroçada que se verga...
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