Sei-me ao chão grudado,
oh vil gravidade que me retira o voo,
mas sei que posso em asas sem cera
ao alto alçar-me,
minh'alma se eleva e roça o alto da montanha,
escapa do mais selvagem esgoto,
seguro a mão de cada um que passa,
somos o que restou nesta terra
de cães selvagens,
o pólen do cosmos a reatar com os céus,
o amor, esse combustível atômico,
a estufar o peito do motor,
a reger a sinfonia sináptica,
a nos elevar do pântano,
do charco, do titânio...
De cima verás as coisas quebradas,
pássaros desfeitos em plumas,
moças arrependidas,
o maço de notas
comprando
a erva...
Nós,
de nós desatados,
abriremos os braços como leques
a espantar olhares de buracos negros
diante de bilhões de galáxias
ainda não acostumadas
a nós...
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