A Criança e a borracha
O silêncio era a única companhia que eu possuía naquela manhã, até os pássaros estavam quietos. Quis aproveitar o momento, a paz momentânea e decidi me deitar.
Deitei na cama fitando o teto depois fechei os olhos e então flutuei sob a inconsciência. Fui trazida de volta, de repente por um choro sofrido.
Pensei que eu havia me perdido finalmente nos sonhos, mas estava eu meio a um pesadelo?
Abri os olhos e ordenei que meus pés firmassem sob o chão frio. Encaminhei-me para a janela mais próxima. Observei atentamente um fato vindo de uma pequena criatura na casa ao lado.
A pequena criança estava chorando intensamente, a baba escorrendo, misturando-se com as lágrimas. Sua inocência, fragilidade e sua dor eram quase tangíveis dali de onde eu estava. Quis rapidamente acolher aquela criatura pequena de cabelos escuros e olhos profundos, mas pouco eu podia fazer.
Depois de certo tempo as lágrimas cessaram e a criança permanecia quase imóvel em seu lugar, como se não quisesse estar tão evidente quanto ás marcas em seu corpo.
Sob seus pés estavam jogados vários lápis de cores diferentes, e uma borracha retangular pequena. A criança então pegou a borracha e deslizou sobre a pele vermelha tentando inutilmente apagar as marcas deixadas pelos beliscões.
Eu desejei que aquela pequena borracha apagasse verdadeiramente as marcas, mas obviamente ela deixava a pele ainda mais vermelha. Pelo menos aquelas marcas sairiam com o tempo. Eu adoraria que minha memória fosse tão inutilmente quanto aquela borracha e apagasse o que eu vi hoje.
Ninguém merece sofrer, principalmente uma criança.
|