CONTINUAÇÃO DA PARTE 3.
-Sim, eu quero. –Eu respondi ainda congelada com o pedido. Ele delicadamente tirou-lhe o anel da pequena e graciosa caixinha e pediu-me a mão direita. Meus dedos em sua mão máscula pareceram inúteis, desajustados... Sensíveis demais. Ele colocou perfeitamente o anel no meu quarto dedo de minha mão direita. E pronto, estávamos namorando.
Voltamos ás peripécias da noite. Ao amanhecer acordei suavemente, meu ouvido direito estava apoiado no seu peito, próximo de seu coração, que batia em um tom doce. –Tenho uma surpresa para você! –Ele murmura. –O que será? –Digo curiosa. Ele ainda nu, desce da cama lentamente escondendo as nádegas, com as palmas das mãos. Seu sorriso malicioso deixa-me também á vontade para fazer minhas particulares observações. O seu banho é rápido e satisfatório. A água do chuveiro é ligada, e lentamente desaba sobre a forma escultural depositada embaixo dele, o espelho transparente que esconde seu corpo, desenho-o para mim perfeitamente, e ele fica visível para meus olhos que o fitam incessantemente. Ao sair do boxe todo molhado ainda, ele novamente exibe seu belo corpo para mim, eu claro, fito-o novamente com certa malicia.
A fuga da realidade me detém, por um pouco, ate que ele me pergunta se demorou no banho interrompendo meus perdidos pensamentos. Pego as partes intimas de minhas roupas que estão jogadas pelo quarto, enquanto ele ajeita sua gravata adequadamente á seu pescoço. Sinto uma vontade descontrolada de desarrumá-lo e jogá-lo novamente debaixo do chuveiro. Mais agora era a hora da sua revelação e eu estava ansiosa para ouvi-la. –Quero te levar á um lugar especial hoje! –Ele sussurra enquanto termina de entrelaçar a cinta á cintura. –Espere até as oito e meia desta noite. –Ele termina.
Paro em frente ao espelho, meus cabelos parecem perfeitos, a maquiagem apropriada, mais mesmo assim sinto-me insegura. O medo toma-me de uma forma que preciso de algo para relaxar. Para evidentemente não perder o controle assim que eu o ver. Pego um copo e deposito nele um pouco de vinho, e entorno rapidamente. Ele chega com seu camaro cupê branco, eu limpo com as costas da mão a minha boca e corro para saudá-lo. Ele estava vestido simples e primorosamente bem. Sua roupa era modesta, porém, muito elegante. Eu estava vestida com um simples vestido cinza.
Ele pega novamente minha mão direita e verifica se estou com o anel dado por ele na noite anterior. –Confesso que não paro de olhar para ele. –Eu sussurro. –Eu não quero que pare! –Ele murmura. Seus olhos, mais uma vez, se instalam nos meus. Busco o brilho nos seus olhos que ele transmite simplesmente pelo seu inebriante sorriso. Eu me sento confortavelmente no banco do motorista, ele simultaneamente dirige e olha para mim. Amaldiçoou-o a mim mesma por ter tomado o vinho tão apressadamente. Agora estou meio tonta. Mais com a sanidade intacta. –Durma um pouco. –Ele sugere. Mesmo quando quero adormecer, meu corpo, meu coração rejeita violentamente a sugestão, simplesmente para não perder si quer um instante ao seu lado. Mais o caminho é longo! –Ele insiste. –Não quero dormir, vou aproveitar cada minuto ao seu lado. –Eu admito covardemente. –Pois, bem. Então vamos ao nosso particular lugar especial! –Ele conclui.
Continua...
Nota* (Dedico este texto ao casal mais lindo que conheci, duas pessoas que não recusaram-se a amar verdadeiramente mesmo sabendo que o fim estava próximo. A pior dor não é a morte em particular, mais sim a ausência que vem depois da morte. Pois, ela sim, que nos destrói.
Ao casal mais perfeito que já conheci. Descansem em paz.
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