Se um dia, numa esquina qualquer,
eu der de cara com você,
o que será que você vai me dizer
sobre a mudança de estações,
o que será que me dirá
sobre a frieza dos corações,
o tempo que passamos distantes
a conferir nossas jóias brilhantes,
o que será que dirá
sobre estarmos desconfiando
que menos amamos e mais odiamos?
Se um dia, numa esquina qualquer,
eu der de cara com você,
o que será que vou dizer
sobre nem nos telefonarmos,
nem ao menos estarmos
nos convidando para um piquenique,
o que direi,
será que transformei em pessoa chique
e deixei para trás os antigos amigos
ou nos mudamos tanto que nadamos
na mesma correnteza
e nem nos cumprimentamos
quando nos afundamos
em nossas sensações vazias,
como faz brilhantemente o peixe que mergulha
em nosso aquário de água tão fria?
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