À margem, olho o rio que passa,
nu, sem calça...
O peixe para,
me encara,
não há fome entre nós,
apenas a minha voz
a lhe desejar bom-dia,
seus olhos de melancolia
que não piscam nunca,
o céu, que observa, azulado,
lança mão da chuva passageira,
nos molha, nos abençoa,
sabe que somos a parte inteira
de tudo o que acontece,
sorrio, o peixe se vai,
a brisa, nos meus ouvidos,
passa, devagar, como numa prece...
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