O gesto de tua mão indo até a caneca
em busca do chá adormecido,
a borboleta que se bate em tua janela,
o nome, com suas frágeis asas, escrito,
tudo isso te pertence, é teu,
como a aurora que abre os olhos do sol
que colore os teus olhos e os meus...
O gesto de tua tinta se derramando
em tua branca página,
o nascer de um feto,
chorando, poema discreto,
tuas mãos a acariciá-lo,
amamentando-o,
tornando-o parte de si,
não mais um objeto...
Eis a criação em todo seu esplendor,
o regojizo de cada partícula do todo
por praticares, com palavras, o amor...
Eis o fim da desavença entre a paz
e o orgulho, transfiguração capaz
de tornar o aço frio em bela flor...
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