O dragão chora, lamentoso,
a partida de seus semelhantes
para ilhas distantes,
lamenta os ventos da mutação
que levam aos ares
pensamentos quase iguais
como quase iguais são os sentimentos
de um coração...
O homem, triste ao olhar
a estrada sem fim
do universo,
chora por ter vindo num momento
tão complexo,
descobrir as partículas
que movem este mundo,
perceber de um jeito tão profundo
a corrosão do passado,
ter que conviver
com o perdão e o pecado
já transmutados
em ciência e tecnologia,
as novas artes
que desmontam o tapete de Penélope
e outras teias, imensas, criam...
Imaginar dragões voando pelos ares,
a baterem asas perpendiculares,
imaginar se ver dentro do Paraíso,
abrir o pote da criação e criar o juízo
que irá recompensar aqueles
que sabem que a maçã é uma fruta,
abrir sua caverna e gritar
e pedir e querer e a sonhar
que em algum lugar
alguém o escuta...
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