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ZEBRAS E LEÕES NA SELVA
RICARDO SANTOS

Resumo:
Fim de uma grande paixão.

Fim de tarde na savana. As zebras estavam inquietas. O seu maior inimigo, o leão, estava à espreita. A sede era enorme. O que fazer, então? Tomar água. Uma a uma, se dirigiram ao pequeno lago. Em seguida, apareceu um grupo de leões famintos. Não é difícil imaginar essa cena, e o que pode ter acontecido. Afinal de contas, isso ocorre todos os dias. Os carnívoros se alimentam dos herbívoros.                                                                                                              

Assim, é a lei da selva! Apesar de cruel aos nossos olhos. É daí que surge o equilíbrio na cadeia alimentar. Portanto, tem a ver com o nosso olhar para a questão. Aliás, nem sempre o que é injusto a primeira vista é hediondo. Na mesma linha de raciocínio, vale dizer que pode ser injusto o que é ético.

Assim, também, são as relações entre as pessoas. Namorados, casais, amigos... Há momentos em nossa vida que somos movidos pelo ódio cego. É daí que surgem os desastres nas nossas relações. Nem sempre optamos pela atitude mais coerente. O que importa, na maioria das vezes, é satisfazer as nossas frustrações. Mesmo que o outro sofra. Na natureza, isso não ocorre.

Vamos à história. O fato é naquele dia havíamos brigado muito feito animais ferozes... Diga-se a propósito, como rinocerontes e leões na savana. Cada um tentava provar para o outro que estava certo. Tivemos um baita bate-boca. Eu não aguentava mais, não tinha força para lidar com a situação. Minha ex tem gênio forte. Nervos de aço. É do tipo que não gosta de recuar quando decide alguma coisa. Às vezes falta-lhe o senso da medida.

Há 15 anos, conheci Pandora. Tinha seu charme. Apaixonei-me pelos seus olhos mediterrâneos, pela sua boca de Ava Gardner. Dona de uma cintura finíssima. É um beijo de mulher. O nosso encontro foi inusitado. Numa estação de Trem. No meio de uma multidão apressada. Olhei-a, fixamente. O dia era de sol escaldante.

Encantei-me por ela... Mesmo sem conhecê-la mais profundamente. Durante duas semanas, no mesmo horário, trocamos olhares. A partir daí tomei a iniciativa. Eu tinha o amor como motor. Não tinha nada a perder. Mesmo que levasse um fora. Era o máximo que podia acontecer. A partir daquele dia, íamos trabalhar juntos. Rolou uma paixão. Passamo-nos a encontrar com frequência. Conheci seus pais.

Foi no escuro do cinema que a coisa rolou. Trocamos beijos. Nossos hormônios estavam na estratosfera. Vi que seus seios estavam duros. Empinados. Eram belos. Pareciam lindos pêssegos. Havia perfume neles. Toquei-os, ela resistiu. Beijei-a, novamente. No final, quase fizemos amor no cinema. Foi maravilhoso trocar línguas e afetos. Há tempos que não me sentia tão bem. Em casa, cometemos uma louquice: fizemos amor no sofá. Estávamos em brasas... loucos de amor.

Ficamos juntos. O mesmo teto, o mesmo cinema e o mesmo teatro. Foi bom, no começo. Maravilhoso. Era como se o tempo parasse. Apaixonei-me pelas suas ideias e sua fidalguia. Depois de alguns anos, a coisa mudou. Com o convívio, passamos a perceber as limitações de cada um. Os problemas se agravavam, cada vez mais, porque ela não dialogava! Era como se fechasse numa redoma impenetrável. Por fim, sugeri-lhe que procurasse uma terapia. Ela é como um espelho que nos revela quem somos. Foi em vão, respondeu-me com um sonoro não. Angustiado, morri.

Entendi, finalmente, que se tratava de uma esfinge. É uma mulher enigmática, calada, misteriosa! E não é só. Nas férias, eu viajava a sós. Seu trabalho vinha em primeiro. Nossa vida afetiva rolou ladeira abaixo... Foi a gota d'água. Fui-me, depois de 20. Se ela agisse diferente, certamente, eu faria como personagem Chris Nielson, no filme "Amor Além da Vida", de 1998, que foi resgatar a sua esposa Annie no purgatório. Pois bem, são essas algumas das causas que levaram esse relacionamento ao seu fim. (12/4)


Biografia:
Sou professor de História.
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