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C R A V O S - Parte Final
EMANNUEL ISAC

Perto da hora sexta, Asher viu quando dois condenados saíram carregando as hastes de suas cruzes, sendo seguido somente pelos seus algozes. Não demorou e ele viu o seu Salvador sair atrás de um Centurião a cavalo e uma escolta de soldados, sendo acompanhado por uma grande turba. Mal deu para reconhecer o Mashiah; seu corpo e a sua face estavam desfigurados de tal forma, em virtude do espancamento que sofrera.

     Um soldado ainda ia lhe impondo o ritmo dos açoites, forçando-o a caminhar com aquela trave em suas costas. Asher observou e reconheceu entre a multidão, homens e mulheres que estavam juntamente com ele presentes em alguns dos sermões e que dentre estes, alguns foram curados pelo Nazareno, e agora estavam alí, zombando, escarnecendo, injuriando daquele que lhe estendera a mão: “ingratos”! - gritou ele dentro de si.

          Chegou aos pés do Gólgota, não queria prosseguir. Sabia da cena estarrecedora que era ver alguém sendo cravado em uma cruz, mas sua alma precisava acompanhar até o fim o seu Senhor. Ao menos, se o Mestre pudesse vê-lo, saberia que ele não o abandonou.

     Lentamente subiu a colina tropeçando entre as pedras, alcançando o seu topo no exato momento em que os soldados cravavam os pés do Mashiah na cruz; teve a sensação de sentir o tilintar do martelo nos cravos em seus próprios pés, instintivamente, os contraiu. Observou um grupo de mulheres que choravam copiosamente, tentou identificar qual dentre elas seria a mãe do Nazareno. Levantou os seus olhos para a cruz já erguida, o Mashiah respirava com dificuldades..., Asher permaneceu em silêncio.

     Após aquele espetáculo atroz, a turba foi se dispersando, poucos foi os que ficaram. Asher ainda pode ouvir o seu Mestre pedir para que Deus perdoasse os seus algozes; como poderia perdoa-lhes? Lembrou-se do sermão em que ouvira o Mashiah dizer que era preciso amar os seus inimigos como a si mesmo! Mais uma vez ele estava dando provas de viver o que pregava.

     Logo depois, outra prova de perdão e amor; ouviu ele prometer em meio ao próprio sofrimento a um dos ladrões crucificado juntamente com ele, que naquele mesmo dia estariam juntos no paraíso de Deus! Ah! o paraíso..., Asher sentiu o desejo de juntamente estar com eles.

     A hora nona se aproxima, o dia escurece, o sol se esconde e a terra treme! Ele contempla a face do seu Mestre e ver quando em um enorme esforço, ele exclama: “ESTÁ CONSUMADO”! Mais uma vez a terra se abala, Asher faz força para manter o equilíbrio; cai de joelhos, ouve a voz de seu Mestre pela última vez naquele momento: “PAI, EM TUAS MÃOS ENTREGO MEU ESPÍRITO”!, e vê-lo tombar a cabeça sobre o peito...
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     Próximo do por do sol, Asher encontrava-se desmontando a tenda quando vê passar por ele e seus amigos alguns homens. De imediato, ele reconhece um dos principais da Sinagoga; Nicodemos, e reconhece depois o outro como sendo José de Arimatéia.

     Observa que eles se dirigem para o alto do Calvário, para o lugar da crucificação e largando tudo, os segue. Ao chegar no alto do monte, descobre que Pilatos dera autorização para que pudessem remover o corpo do Mashiah e acaba por ajudá-los a descer a cruz.

     Começam a retirar os cravos dos pés e das mãos, de repente, Asher paralisa com o que ver; estagnado ele reconhece os cravos que forjara há apenas sete dias atrás..., desaba no chão e começa a chorar:

     - Bem sei meu amigo que também o amava! - disse-lhe José de Arimatéia tocando em seus ombros;
     - Você não entende! - respondeu ele entre soluços;
     - As vezes é difícil entender a vontade do EU SOU! - falou-lhe um homem se aproximando por trás de Asher;
     - Os cravos..., estes cravos..., fui eu que os fiz....! - Asher caiu com o rosto em terra, misturando as suas lágrimas com a areia e o cascalho;
     - Eu sei!

     Asher engoliu o choro e procurou ver quem era o que falava com ele, lógo reconheceu o discípulo a quem o Mestre chamava de Ceifas! Recordou que foi pelo telhado da casa deste que seus amigos o desceu e fora curado pelo Mashiah:

     - Me perdoa! Eu não queria..., se eu soubesse..., eu preferia ter permanecido paralítico...
     - Não te preocupes! - interrompeu-o Pedro;
     - Como não?
     - O Mestre também sabia. Foi para isso que ele te curou, para que você pudesse fazer parte do final de sua missão! - Pedro ergueu Asher do chão;
     - Por causa destes cravos, todos nós agora temos a esperança de um dia vivermos eternamente com Deus e com ele próprio em seu reino. - João, o outro discípulo, completou a resposta de Pedro;

     Asher lembrou-se das palavras do Mashiah ao ladrão na cruz:

     - Mas eu ainda não estou entendendo o sentido e a razão dos cravos! - disse Asher olhando para os cravos em suas mãos;
     - Estes cravos pregaram na cruz o pecado deste mundo, e rasgaram a barreira que nos impediam de chegarmos até a presença do Deus vivo, nos ligando diretamente à Ele! - respondeu-lhe João com um sorriso.

     Asher pode então compreender, que aqueles cravos faziam parte da construção da ponte, chamada Jesus, que levaria o homem a Deus...

EMANNUEL ISAC

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