As horas marcam meu tempo, escorrem em minhas mãos.
Colhem as almas em sacos marrons.
O menino sumiu, fragmentos dele foram encontrados.
Eu morri aos poucos fui perdendo pedaços.
Minha mãe, que saudade, descalça no sábado.
Minha mãe correndo sozinha, morrendo a tarde.
A chuva molha seu rosto, lindo, coberto de sardas.
beleza, nunca encontre igual a sua.
O sol vai embora seu perfume fica.
Aos cansado de camisas abertas
Chinelo de dedo correndo pro mato
Soltos no quintal em preto e branco.
Minha mãe, minha senhora, cheiro de rosas, tarde escura.
Mãos delicadas, cobertas de sardas, rosto descarnado.
Pés tão pequenos, frágeis como a bruma da tarde.
Meu tempo nunca mais.
Morri mãe, quando Deus te levou, sozinha no quarto.
Eu não estava lá, seu pulso parou.
O meu parou
O mundo parou
O ar parou
Um minuto de silencio.
A morte sorriu.
Deixei te enterra onze da manha.
Porque consentir.
Abaixei minha cabeça,
Todos em fila olhando o seu rosto.
Cadê o menino molhado e rasgado
Perdido no mato no meio da fúria
Tornou se maldita.
Barro e luz assim foram.
Acharão-te, não chorei mais naquela manha.
Eu te achei coberto por eles, contando os carros, vibrando pouquinho.
Agora em paz tento lembrar.
O momento falha.
Memória bobagem
Som dos cretinos cuspindo
Terra por terra, respeito velado.
Barbosa welington
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