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Procuram-se amoladores XX
Pandora Agabo

Na segunda-feira de manhã, quando chegou à escola, aliviada por ter encontrado a sala vazia, Bárbara lançou um olhar para todas as cadeiras, encontrou onde Lúcia estava sentada e fez questão de colocar o material no lado oposto. Saindo de sala, caminhando rumo ao bebedouro mais próximo, ela olhava para os lados com cautela, para não ser vista por Lúcia.

Querendo evitar qualquer tipo de conversa com aquela "traidorazinha", Bárbara ficou andando na quadra do colégio, consciente de que aquele seria o último lugar do mundo que Lúcia iria. Em menos de 15 minutos o sinal havia tocado e ela foi pra sala, preparando-se para as caras e bocas que Lúcia faria para entender por que ela estava sentada tão longe.

Ignorá-la durante a aula, no entanto, não foi tão difícil assim. Fazia um tempo que Bárbara estava querendo dar um tempo da amizade de Lúcia. Ela a estava irritando há alguns dias - assim como Butão - e nada mais saudável que manter a distância, mas Lúcia não estava disposta a fazer o mesmo.

"Por que você sentou tão longe?"

Era o que dizia o papel que passaram de mão em mão até chegar em Bárbara.

"Por que você decidiu que eu não merecia saber que você ta namorando o Butão?"

Foi o que ela respondeu cheia de audácia, aproveitando-se de que não estaria olhando nos olhos de Lúcia quando ela recebesse aquela mensagem.

Poucos minutos depois seu ombro fora cutucado por um de seus colegas que lhe devolvia o papel, provavelmente com uma resposta, mas Bárbara o rasgou antes de lê-la, o que causou o efeito que ela queria: deixar Lúcia revoltada. Mas talvez isso não tenha valido tanto a pena, pois ela logo se arrependeu por não ter ficado sabendo o que Lúcia tinha como desculpa.

Foi no intervalo, porém, que Lúcia foi atrás de Bárbara para tirar satisfação.

— Que droga foi aquela?! - puxou-a pelo ombro.

— Não gosta de ser desprezada? Pois é, nem eu. - Bárbara cruzou os braços, dando-se ao luxo de ser respondona na mesma medida que Lúcia, sendo esse um evento raríssimo.

— Que desprezada o que? Ninguém ta te desprezando.

— Ah não é? Então por que eu não to sabendo que você e o Butão tão juntos?

— Porque nós não... - ela desistiu de responder com uma mentira e recomeçou - Ok, nós estamos juntos. E a gente ia te contar, eu juro.

— E por que ainda não contaram?

— Porque... - ela olhou para os lados, caçando uma resposta - Porque... Você tava tão estressada nesses dias.

— Tava mesmo. E por causa de vocês dois, que não paravam de me encher o saco, falando um do outro. Talvez se me explicassem que vocês tavam se encontrando e ficando, eu entenderia e não ficasse tão "estressada". E, afinal de contas, como que vocês mantiveram o contato?

— Ai Bárbara, ele mora super perto da escola. Ele conhece quase as mesmas pessoas que a gente. Daí teve aquela festa na escola daqui do lado, lembra? Que, a propósito, você não quis ir. E nós dois nos encontramos por lá...

— Agora a culpa é minha por eu não saber que vocês continuaram se encontrando? - Bárbara não conseguia acreditar no que ouvia.

— Olha, desculpa, mas é sim. E eu não acredito que você esteja irritada por causa disso.

— É claro que eu to irritada! Vocês dois são meus únicos melhores amigos e ficaram escondendo de mim que estão namorando, droga!

— Eu até posso ser sua melhor amiga, mas eu fiquei sabendo pelo próprio Alexandre que você parou de falar com ele.

— Por que agora você ta virando o jogo?

— Eu não to virando o jogo, só to te mostrando que você dificultou a notícia de chegar até você.

— Ta bom, essa é a desculpa do Butão. E a sua? Por que você não me contou? A gente se fala praticamente todos os dias!

— Porque... Ai Bárbara eu tava com medo.

— De?

— De você não gostar. Sei lá, pensei que você era afim dele.

— Lúcia, eu já falei: o Butão é meu amigo de infância.

— O que isso impede de você gostar dele? Na boa, você me dá todos os motivos do mundo pra achar que você morre de amores por ele.

— Muita coisa impede, ta? Eu não o vejo dessa forma! Eu já te disse isso um milhão de vezes!

— Tem certeza? - ela cruzou os braços dessa vez, desconfiada, como que se fosse a única a ter o direito de ficar irritada naquela história.

— Tenho. - disse decidida.

— Se as coisas são assim, então eu acredito em você. - Lúcia descruzou os braços e sorriu, abraçando-a.

Confusa, Bárbara a abraçou de volta. A sensação que ela tinha era de que havia alguma coisa de errada. Suas perguntas não foram respondidas com muita clareza e Lúcia a estava abraçando, como que se a tivesse perdoado de algo que ela não fez. Mas pra que insistir nessa briga? O importante é que agora estava tudo (aparentemente) esclarecido.


Este texto é administrado por: Sabrina Queiroz
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