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Procuram-se amoladores XI
Pandora Agabo

O dia que teríamos de ir até a casa da Lúcia pra fazermos o trabalho chegou. Sabe que eu estava odiando essa ideia e pensei muitas vezes em faltar, mas acabei me lembrando de que na sua casa sempre tem um pavê de chocolate incrivelmente gostoso e que as visitas sempre podem repetir enquanto tiver. Acabei trocando de ideia e posso até confessar que fiquei ansiosa para chegar em sua casa.

Depois da aula, o grupo inteiro se deslocou até a casa dela. Fomos a pé, porque apesar de não ser tão perto da escola como a minha, era perto o suficiente para podermos ir caminhando.

Eu estava bastante tranquila, pois seus pais não estariam em casa, até porque eles trabalham fora o dia inteiro e então eu não teria que aguentar os dois me interrogando sobre o quanto eu estou bem, o quanto os meus pais estão bem, querendo saber detalhes desse ano que me ausentei, etc, etc, etc. Eles gostavam bastante de mim e me tinham como uma ótima companhia pra Lúcia; e eu devia ser mesmo. Ainda bem que eles não estavam lá, eu não queria ser obrigada a tratá-los mal, porque eu também gostava deles.

Em contrapartida, na casa da Lúcia tem uma empregada que praticamente faz parte da família - a principal responsável pela onipresença do pavê de chocolate naquela casa - e eu tive que lidar com ela assim como eu teria de lidar caso os pais de Lúcia estivessem lá.

— Ô querida, você nunca mais tinha vindo aqui.

— Pois é...

— Sentimos sua falta, não tenha dúvida.

Sorri em forma de agradecimento, mas eu não estava agradecida. Eu não estava ali para ouvir isso.

— Lembro na época da agonia, quando estávamos no hospital e eu fui falar com a sua mãe, daí eu disse: "coloca nas mãos de Deus, mulher, que vai dar tudo certo". Ela disse que se esforçaria pra colocar, porque ela me disse uma vez que não acreditava n'Ele e tenho certeza que ela colocou, porque olha só como você ta agora. - e ela colocou as mãos nas minhas bochechas - Saudável! Bem! Eu tinha certeza que Ele não ia falhar!

— Rosângela. - Lúcia a chamou - Será que você poderia fazer um suco pra gente, por favor?

— Claro que sim! - disse animada e saiu.

Ainda bem que a Lúcia percebeu que eu não estava confortável com aquela conversa, porque eu não gostaria mesmo de mandar a Rosângela calar a boca.

Isso me faz perceber que tenho de admitir que acabei de quebrar a minha cara, pois pensei que a Lúcia era uma pessoa com defeitos da cabeça aos pés, mas já vi que ela ainda tem a habilidade de ser uma boa cúmplice. Mas sem dramas, eu ainda não gosto dela.


Este texto é administrado por: Sabrina Queiroz
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