Sou católica por tradição familiar e, para mim, domingo sem macarrão e sem missa não é domingo.
Hoje, no dia dos pais, em sua homilia, o padre emocionou-me com sua fala tão iluminada: “Os pais modernos, na ânsia de dar aos filhos tudo o que não tiveram, se esquecem de dar tudo o que tiverem: o respeito aos mais velhos, a obediência e a renúncia ao supérfluo em sinal de gratidão pelo trabalho de seus pais. Mais que ensinar, esquece de vivenciar com seus filhos atitudes que promovam o amor na família e o valor aos princípios morais que formam o caráter do indivíduo.”
Lembrei-me de meus pais, pessoas muito simples, mas plenamente iluminadas e sábias. Com poucos recursos e estudo, conseguiram educar seus filhos, e olha que são muitos, construindo uma família com bons preceitos e muito amor.
Meu pai dizia que velho é o diabo, a gente só amadurece, e que só alcançaríamos o nosso amadurecimento quando tivéssemos a capacidade de educar filhos. Hoje, entendo muito bem o que dizia.
Educar exige muito desprendimento e abnegação, principalmente quando queremos que nossas atitudes sejam exemplos dignos de serem imitados.
Sem sombra de dúvidas, tenho pelos meus pais muita admiração pela firmeza com que conduziram as questões da família, porém, senti muito a falta do colo gostoso que hoje os netos desfrutam com tanta naturalidade e do espaço para uma boa conversa.
Comparando as minhas experiências com os amigos que são pais, percebo que vivemos num verdadeiro conflito de gerações. Por vezes, nos espelhamos nos pais que queríamos ter e vamos de um extremo ao outro, do oito ao oitenta, buscando alternativas de acertos.
Por vezes, somos mais delicados com os filhos, tolerantes e cordatos, mas, por outro lado, muito mais inseguros e, em alguns momentos, sinto até que somos os pais mais tolos de toda a história.
Assim como eu, praticamente todos os pais da minha geração vivenciaram a mesma situação e, de verdade, sinto que somos a última geração de filhos que obedeceram aos seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos. A última geração que sentiu medo dos pais e a primeira a temer os filhos.
A última geração que respeitava e obedecia prontamente os pais, seja por admiração ou medo, e os primeiros a ser permissivos à falta de respeito e de obediência dos nossos filhos.
É certo que hoje, mais do que nunca, lidamos com crianças muito mais espertas, ousadas, agressivas e poderosas.
Isso explica o esforço de muitos pais em serem, antes de tudo, “amigos”, e dar tudo a seus filhos. Meu pai não tinha o menor temor em repetir, incessantemente, “não sou seu amigo, sou seu pai”. E ele era.
Não tenho dúvidas de que o grande desafio para os pais é ter a capacidade de guiar seus rebentos enquanto não sabem para onde vão. É preciso estar à frente liderando-os e não atrás, carregando-os e rendidos às suas vontades.
A fórmula para isso? Estou aprendendo ao longo de minha caminhada, mas procuro apenas dar ao meu filho a oportunidade de confiar em minha integridade para orientá-lo enquanto necessário.
Aprendi com o tempo que limite é a direção que meu filho necessita para trilhar um bom caminho, que liberdade excessiva só o torna caprichoso. Aprendi que ele é como pedra bruta e das minhas mãos virá parte da lapidação que o transformará em jóia rara.
Rezo para que as novas gerações dêem mais créditos à instituição familiar e parem de se afogar no desamor e no descontrole como está acontecendo atualmente, vivendo à deriva, sem parâmetros nem destino.
|