Quando me deparo diante à imagem refletida no espelho
Vejo um ser das sombras que ambiciona pelos clarões da luz.
Um ser violentado por rostos desgastados, sorrisos dissimulados
Por bocas felinas que tem sede de sangue e poder.
Quando meus olhos se fixam diante à imagem refletida no espelho
Vejo um ser desalinhado que clama por misericórdia
Um ser desajustado que se perdeu no meio desse labirinto
De sorrisos desgastados e rostos dissimulados
Daqueles que sangram em troca de migalhas de afeição.
O ser refletido naquele espelho deteriora-se em processo contínuo
No meio de tantos desgastes e de tantas dissimulações
O ser refletido naquele espelho decompõe a sua imagem
No meio de tantas aflições, usuras e indignações.
[...]
Nesse momento, apresento a vocês a carcaça do que restou
Do ser refletido que refletiu o padecimento daqueles que não pertencem
A esse meio maléfico movido por insanidades, crueldades e incredulidades.
Nesse momento, apresento a vocês o que restou do ser refletido no espelho
Depois do seu último tiro de misericórdia e dos seus últimos sussurros de prece
Com o anseio de que suas esperanças se encaixem a esse pobre mundo louco e soberbo.
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