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Confissão da Humanidade
Jessé Monteiro

Hoje, pela manhã, fiz o que não deveria fazer e não fiz o que seria bom fazer; por isso lamento. Mas, adianta lamentar? Há alguma utilidade na lamentação pós-ação ou inação? Talvez tenha e meu lamento seja digno de orgulho e admiração, mas do mesmo modo pode não ter e assim minha lamentação é fútil, inútil, desnecessária, um verdadeiro desgaste psíquico.

Estar entre essas duas opções que eu mesmo construo é estar dividido. Existo multidivido e os caminhos possíveis, os meus pedaços, são fragmentos dos quais sou a origem e eles me atraem uma vez que minhas produções são prazerosas, atrativas a mim. Eu me reparto em tantas formas, gostos, cores, cheiros, gestos, estilos, hábitos e escolhas que tenho medo de me juntar.

Dividido, busco uma referência para sair dessa desorientação. Mas, que garantia terei sobre a qualidade dessa referência? Não há solidez na indicação, pois torto estava antes da fala e torto continua após o dito. Esse dizer é interpretável, onde há interpretação está escancarada novamente minha divisão, e antes da minha teve a do orador, do falante, do referencial. E, além disso, a orientação na qual me apoio nada mais é do que uma das minhas partes. O meu dedo aponta, mas na verdade se aponta.

Sou um labirinto no qual eu mesmo ando. Não sei. Fato é que estou dividido e existir assim é pior que estranho, é responsabilizante. E pensando bem, realmente é isso, assim é a realidade tanto do mundo quanto do que sou – nomeio as coisas e faço o que sou. Mas se faço o que sou e sou um labirinto, faço-me um labirinto. É angustiante pensar que faço a minha própria divisão, construo os caminhos do labirinto, me despedaço. Não tenho amparo muito menos desculpa. Porém, e sou otimista em pensar assim, ao mesmo tempo tenho a potência total de fazer de mim, Humanidade, o que eu bem quiser.


Biografia:
Escrevo regularmente no blog: vozdopensamentolivre.blogspot.com.br
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Outros títulos do mesmo autor

Contos Leite Jessé Monteiro
Contos Indiferença Geral Jessé Monteiro
Poesias Falar Jessé Monteiro
Poesias Os olhos de Gamita Jessé Monteiro
Crônicas Confissão da Humanidade Jessé Monteiro


Publicações de número 1 até 5 de um total de 5.


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