O Pai aguardava ansiosamente o momento tão esperado de reencontrar seu filho, que antes nunca tinha passado um dia sequer longe dele. Não havia gostado da ideia de manda-lo para tão longe, e por tanto tempo, mas fora preciso, indispensável até, se ele não tivesse ido, as consequências seriam catastróficas, teria perdido para sempre sua tão preciosa criação.
Nesses trinta e três anos de ausência de seu único filho, o Pai manteve contato regularmente por carta, longos manuscritos que eram devorados e decorados pelo Filho, que por sua vez não deixava um dia sequer de conversar com seu Pai; separava longos momentos de seu dia para poderem falar a sós e era como se nunca se tivessem separado.
O Pai sabia que logo o Filho retornaria para casa, mas sabia também o que custaria para seu amado filho esse regresso. Quase não aguentou ouvir seu filho pedindo com lágrimas a escorrer pela face, a voz embargada, se poderia voltar para casa sem cumprir a ultima tarefa, mas como um filho obediente que era, disse também que a vontade do Pai fosse feita, mesmo que lhe custasse tanto.
Finalmente estava acontecendo. O ultimo grande sacrifício do Pai, teria que abandonar seu filho, por algumas horas apenas, mas como isso era doloroso, quase insuportável. Ficaria sem contato algum, teria que deixa-lo sozinho. Pôde ouvir seu grito de dor na distância: - Pai, porque me abandonaste? - Seu coração quase se derreteu como cera, nunca sentira uma dor tão profunda, mas sabia que era preciso, para um bem maior, sua criação andava perdida e sem esperança de salvação, por isso tinha preparado para eles um único caminho, uma única salvação.
Quando o Pai pensava que não teria mais forças para aguentar a saudade, eis que a porta se abre e surge o Filho, resplandecente como o sol, sua face demonstra a profunda paz de quem passou por uma provação quase insuportável e conseguiu a vitória. Olhou seu Pai com todo o amor que seu imenso coração guardava e disse: - Está consumado! -
O Pai corre ao seu encontro e o abraça apertado, com lágrimas nos olhos olha as mãos do Filho, e pelos buracos que estavam nelas pode perceber que tinha acabado, o Filho tinha enfim voltado de vez para casa e nunca mais se separariam. Através do sacrifício do Filho, novos filhos viriam e a casa estaria sempre cheia.
“Mas, a todos quantos o receberam (o Filho), deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome.”
João 1:12
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