Olhar silencioso do niilista
Letras, falas, palavras às vezes dizem nada
Pensamentos vagam entre miragens
E imagens
Que fluem do inconsciente
Ou do consciente inconsistente
As falas são emitidas, repetidas e esquecidas.
As letras são escritas e apagadas
As palavras são ditas e caladas
O silêncio é absoluto
O silêncio é o som do nada
Há símbolos em tudo
Há significado em tudo
Há tudo em tudo
Mas busco o nada
A palavra que cala
Tem o sentido mais exato
O silêncio é exato
Exatamente silencioso.
As falas não ditas
Tem o sentido da vida imprevista
Não dita, mas pré-vista.
O silêncio surge opaco
Entoando seu som
O silêncio tem cor do nada
E ocupa assim os espaços vazios
Que separam a terra e o rio
O sagrado e o vil
A castidade e cio
O cheio e o vazio
O olhar que traz a alma em seu brilho
Desnuda ,decifra ,traduz
Todas as trevas e toda luz
Todo signo, todo símbolo
E conduz
Aos significados e significantes
Aos pensamentos edificantes
Aos sentimentos sublimes e errantes
As emoções racionais e delirantes.
O olhar é o verbo sem letras
É a palavra
Não lida
É a fala não dita
É a letra não escrita
O olhar é a oftalmologia do nada
é a visão do silêncio.
Não sei proferir palavras bonitas,
não sei escrever bem,
não uso palavras difíceis
mas quando te encontrar e veres em meu olhar
Quando eu te olhar
saberás que meu silêncio é semântico
um pacifício e um atlântico
de sentidos
e de sentimentos
e no momento entre um pensar e outro
entre as palavras esquecidas
e pensares em nada
pensaras em mim
um niilista sem palavras
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