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Mensagem do Além
Copyright© 2013 by Otaviano Maciel de Alencar Filho
otaviano maciel de alencar filho



Aconteceu muito rápido. Não sei precisar o tempo decorrido do fato que vou contar. Somente agora, passadas algumas semanas, creio eu, começo a me dar conta do ocorrido, embora me encontre um tanto confuso diante a nova situação em que me encontro, chegando até certo ponto não aceita-la.
Um estampido. Apenas e tão somente um estrondo acompanhado de um projétil que veio em minha direção, e logo uma pressão muito grande em meu peito esquerdo. Cai esvaindo-se em sangue. Ao meu lado se encontrava minha companheira, abraçando-me aos prantos. Jamais ela poderia imaginar que o desfecho de uma situação litigiosa no matrimônio tivesse um final trágico, afinal já havíamos entrado em consenso quanto à nossa separação a cerca de três meses.
O disparo certeiro que me acertou, partiu das mãos de seu amante que, adentrando nossa residência, sem que fosse visto, dirigiu-se até o quarto onde nos encontrávamos, tratando das ações a serem tomadas com relação à ruptura de nossa união.
Como disse anteriormente, desde há muito já tínhamos resolvido esta questão e em nenhum momento demonstrei hostilidade para com sua decisão. Um homem de idade avançada compartilhando amores com uma jovem, no meu caso bem mais jovem que eu, não poderia esperar outra coisa a não ser surpreendido pela decepção de ser trocado por outro ser mais jovem, cheio de vigor. Por favor, não tomem minhas palavras como regra geral para os relacionamentos onde a diferença de idade dos cônjuges é muito grande. Cada caso é um caso e o desfecho final de um matrimônio, se me permitem assim dizer, está nos desígnios de Deus.
Não pretendo entrar em maiores detalhes acerca das situações que vivi no matrimônio e que culminaram com o nefasto episódio que ora narro.
Voltarei, então, a compartilhar as impressões que tive após o tombamento de meu corpo ao chão:
Senti uma dormência estranha. Uma leveza. As coisas começaram a girar (ou seria eu quem estava girando?). Apavorei-me, quando, após alguns instantes, olhei para o chão e vi meu corpo caído e sobre ele, chorando, minha ex-esposa e meus dois filhinhos. Gritei, chamando por eles, mas não me ouviam. Aproximei-me para abraçá-los. Não consegui. Estou vivo, clamei desesperadamente. Chamem um médico. Tudo em vão! Aflitivamente, cheguei a uma dura conclusão:
- Estou morto... Meu Deus!
Foram chegando algumas pessoas e em pouco tempo o recinto estava cheio. Procurei, com turvos olhares, identificar o meu algoz no meio da multidão, mas ele já havia se evadido do local. Tentei sair do quarto, mas algo me impedia de fazê-lo.
Com os prantos de meus familiares ressoando aos meus ouvidos, que agora pareciam ter os sentidos auditivos dilatados, entrei em profundo desespero. O tempo e o espaço pareciam estar dilatados. O ambiente mudava constantemente os seus contornos. O quarto que media pouco mais de 16m² afigurava-se agora a um grande salão. Muitas pessoas conversavam baixinho para não tumultuar ainda mais o recinto, que, pelo que pude perceber, contava com aproximadamente cinquenta pessoas. Reconheci de imediato alguns familiares que se aproximavam de mim (ou do meu corpo) e não conformados com a triste cena, derramavam copiosas lágrimas.
Observei que chegara ao recinto o pessoal responsável pelo translado de meu corpo. Juntamente com eles vieram as autoridades policiais que, de imediato, começaram os trabalhos de investigação. Enquanto isso as pessoas era retiradas do local para não atrapalharem o trabalho efetuado por eles.
Por um lapso de tempo que ignoro a duração entrei em estado de torpor profundo, e vi, como num filme, toda a história de minha vida desenrolar-se ante meus olhos.
Quando retornei do estado em que me encontrava, senti um vazio dentro de mim. Acabrunhado, recolhido em um canto qualquer, imerso em total solidão, não me dava conta de tempo e espaço, até que uma luz, vinda não sei de onde, começou a iluminar o ambiente, se assim posso me expressar, pois como mencionei anteriormente é um estado novo, este em que me encontro. Poderia dizer, sem receio de estar faltando com a verdade, que o simples fato de pensar torna tudo muito “real”.
À luz que se fizera perceptiva para mim, aproximaram-se dois seres que, complacentemente, passaram a me observar. Tomando-me as mãos, ergueram-me do local em que me encontrava, e pela primeira vez pude constatar que alguém podia relacionar-se comigo.
- Companheiro, não temas, você está entre amigos, precisamos conversar bastante e pô-lo a par de sua nova existência! – Falou um jovem senhor, com um leve sorriso no olhar. Após algum tempo fui apresentado a algumas pessoas que há muitos anos não via, pois haviam transpassado o portal existente entre o que chamamos vida e morte, antes de mim.
Pude reconhecer alguns parentes e alguns amigos que conviveram comigo em vida. Fiquei feliz quando encontrei Humberto, antigo amigo de negócios, e qual não foi minha surpresa quando o vi “inteirinho”, com sua perna direita, que havia sido amputada após ser vítima de um acidente automobilístico que sofrera anteriormente.
- Como pôde acontecer isso, Humberto. - Perguntei curioso.
- Vá com calma, amigo, terá todo o tempo do mundo para ficar a par de seus novos modo de ser e estar!
Formamos um círculo e começamos a conversar alegremente.


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