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A BONECA DE SOPHIA - PARTE VIII
EMANNUEL ISAC

… A velha estava dormindo e acordou com o barulho da porta batendo na parede, pelo chute que Éster deu para abri-la. Foi até a sala e encontrou Norma parada com Sophia nos braços:

          - O que está acontecendo? – Perguntou ela;
          - Você vai ter que fazer o ritual agora! – Éster saiu do outro lado da sala;
          
          A velha virou-se para o lado onde Éster estava parada, e balançou a cabeça negativamente:

          - Você não sabe o que está me pedindo para fazer!
          - Não importa! – Gritou Éster;
          - Você sabe como fazer para dar um fim nesse demônio e mandá-lo de volta para o inferno!;
          - Uma vida, por uma vida! – Falou a velha calmamente;
          - Como assim; uma vida por uma vida? - Perguntou Norma;
          - Para eu mandar o demônio que quer o corpo de sua filha, de volta para o inferno, ele terá que levar com ele uma vida! - Respondeu a velha para Norma;
          - Éster me falou que existe outra forma; - Norma olhou para Éster;
          - Acho que ela esqueceu de lhe falar que, para enterrar a boneca em uma cova nunca usada antes, e enrolada no couro de boi, era necessário banhá-la com o sangue daquele que ele quer possuir, neste caso; sua filha!

          Norma ficou parada; olhou para a filha em seus braços; não podia suportar a idéia de vê a filha sangrar! Ao menor arranhão que Sophia sofria, ela imediatamente tratava da ferida, ainda mais, a situação que estava prestes a acontecer!

          A velha lançou um olhar para Éster, sem Norma perceber. Éster mordeu os lábios apreensiva com qual decisão Norma iria tomar:
          - Você envolveu minha filha em seu culto aos demônios, agora eu quero que desfaça o que você fez! – Norma foi para o centro da sala, Sophia permanecia desacordada;
          
          Norma não percebeu o ar de alívio que Éster expressou ao ver sua decisão; olhou para a velha e fez sinal de positivo, balançando a cabeça:

          - Era preciso! - Respondeu a velha para Norma;
          - Preciso? Para qual finalidade? – Norma perguntou, se aproximando mais da velha.

          Ao se aproximar, Norma, só agora percebeu que a velha, não estava mais usando um lenço para cobrir seu rosto. Quando chegou mais perto; espantou-se com o que viu: a face dela, parecia ser, a de uma mulher beirando os seus trinta e cinco anos. Norma deu dois passos para trás:

          - Seu..., seu rosto...???
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          … No hospital, a polícia já havia sido acionada. Ninguém sabia explicar como ou quem fez aquela atrocidade. O chefe da homicídios, Dr. Viegas, estava entrando no quarto, quando uma policial passou por ele às pressas e foi vomitar no meio do corredor; só teve tempo de dar o lado para que ela passasse, e retomar sua trajetória.

          Entrou no quarto e de cara, sentiu o odor de carne em estado de putrefação. Colocou um lenço no nariz e boca, e olhou o corpo da enfermeira no chão, com o pescoço virado para as costas, indo depois, até a cama onde estava o corpo de Marcelo. Levantou o lençol e assustou-se; ficou ababelado, com a cena que acabara de ver. Colocou o lençol de volta e mandou chamar a responsável pela área:

          - A que horas você ou quem encontrou os corpos?
          - Estava no quarto em frente – apontou para a entrada da porta – quando ouvi o barulho da porta se fechando violentamente! Achei que fosse o vento, mas depois ouvi o som de ossos se quebrando e um grunhido como se fosse de um..., um..., acho que..., vários ursos, lobos.., sei lá!
          - A senhora não sabe definir o que ouviu? - Perguntou ele, mordendo a ponta do lápis;
          - Se eu falar o que eu acho que parecia, é bem provável que o senhor mande me internar em um hospício! - Disse ela para ele, com a expressão de pavor no rosto;
          - Experimente! - desafiou ele;
          - Parecia..., - fez uma pausa – Parecia com gritos vindo do inferno!

          Viegas parou de girar o lápis em sua boca e olhou para a enfermeira chefe! Levantou e foi até a cama mais uma vez; calçou as luvas de latéx e suspendeu o lençol. Marcelo estava com a cabeça entre as pernas e foi preciso o chefe da homicídios, pedir ajuda a outro policial, para suspendê-lo.

          Não obtiveram sucesso e ele resolveu então, virar o corpo de Marcelo por completo; segurou nas pernas e o colocou de lado. Quando o corpo virou para o policial que o ajudava e ele olhou para o rosto de Marcelo, começou a andar para trás tropeçando em suas próprias pernas, caindo sentado e apontando para o rosto do defunto. Viegas olhou para o policial sentado no chão e deu a volta na cama, para verificar o que o assustou; a face de Marcelo estava toda desfigurada, como se tivessem derramado sobre ela, Ácido Sulfúrico. Viegas permaneceu imóvel, olhando para aquele rosto cheio de cratera e pedaços de carnes penduradas! Finalmente, ele falou: “EU JÁ VÍ UM ROSTO ASSIM!”...

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                      … Nênia ainda tremia olhando as marcações no chão! Os desenhos foram feitos com sangue e ela pode descrevê-las como as imagens que viu um dia em um livro de magia negra:

PENTAGRAMA INVERTIDO: Usado em rituais de magia negra;

ARCO-ÍRIS PELA METADE: Símbolo principal da Nova Era, ele represen- ta a ponte entre a alma humana individual e a "Grande Mente Universal" ou "Alma Universal", que é Lúcifer. "Ponte Mental" entre o homem e as energias cósmicas e a cidade de Shambala, governada por Lúcifer;

666 - NÚMERO DA BESTA: Onde os adoradores de Lúcifer, o exibem, tatuado no próprio corpo ou roupas, pingentes e demais apetrechos que julgarem necessário.       
                    
          - Quem fez esses desenhos? – Perguntou a Hélio sem tirar o olho dos desenhos;
          - Eu não sei!
          - Alguém entrou aqui e desenhou estes símbolos! Eles não surgiram aqui sozinhos;
          - Tinha alguma coisa debaixo da cama, por isso eu te liguei! – Hélio respondia, da porta do quarto.
          - Este sangue, de onde veio este sangue? – Nênia estava com medo, mas ao mesmo tempo, temerosa com o que aquilo podia representar.

          Resolveu inclinar a cama. Chamou Hélio para ajudá-la, mas ele recusava a entrar no quarto. Gritou com ele, dizendo que a mãe e a irmã, podiam estar correndo risco de morte, Hélio foi até a onde ela estava. Pediu para que ele segurasse nos pés da cama, enquanto ela segurava na cabeceira; sincronizaram o movimento e a uma, viraram, a cama de lado.

          Hélio gritou quando a cabeça do gato rolou até os seus pés; Nênia levou as mãos na boca quando viu o corpo do gato, esmagado por completo, sem que uma gota se sangue, escorresse dele! Olhou para baixo do estrado da cama e encontrou mais um desenho: A CRUZ DE CABEÇA PARA BAIXO. ** Também chamada de “pé-de-galinha”, simbolizando a verdadeira paz sem Cristo. Nênia reconheceu o símbolo, pois ela mesma, já tinha feito uso deste sinal, quando na década de sessenta, ela era uma hippie. Abandonou a idéia, depois que teve conhecimento do seu verdadeiro significado.                                                        

** Cruz com os braços quebrados e caídos, dentro de um círculo, que representa o inferno. Muito usada na década de 60 pelos hippies; também foi símbolo de ecologia no mundo, pois representa uma árvore de cabeça para baixo. Esse símbolo simboliza a Igreja de Satã nos Estados Unidos

                          Hélio tremendo de medo, perguntou para a tia:
          
                          - O que significa estas coisas tia?
          - Todos os desenhos,..., estes símbolos..., são usados por pessoas que mechem com o inferno, magia negra. Precisamos sair daqui e encontrar sua mãe e sua irmã!

          Nênia já estava começando a caminhar, quando olhou para Hélio que estava petrificado como uma estátua, olhando fixo para o espelho; Nênia olhou para ele, e ele vagarosamente, suspendeu a mão e apontou para o espelho pendurado na parede. Ela, lentamente seguiu seu olhar na direção que ele apontava, e deparou-se com a imagem da menina com o rosto desfigurado, em carne viva, e os olhos, com a íris totalmente avermelhada e a esclera****, em um branco gelo, olhando fixamente, para ela. Nênia saltou um grito de terror...

**** ESCLERA: Tecido orgânico fibroso dos olhos. (Parte branca que envolve todo o conjunto dos olhos).
          
              

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