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OS DOCES DE ABÓBORA - PEÇA INFANTIL
Alcir Nicolau Pereira

Resumo:
Sinopses
Teatro infantil, onde uma menina, a mando da mãe, vai levar doces de abóbora à vovó. No caminho aparecem bichos e cada um deles desafia a menina, numa aposta por um doce. Um dles faz um desafio de citar poemas, outro faz brincadeiras de adivinhações, enquanto o mais serelepe desafia a guria para um concurso de danças. O final é feliz, quando a guria chega à casa da vovó.

Inspirada em conto infantil no livro OS DOCES DE ABÓBORA do próprio autor.

PERSONAGENS
Carla
Vovó: (mesma atriz faz a voz da mãe de Carla)
Bichos da floresta: {de dois a cinco atores/atrizes para interpretarem os bichos, segundo querença do(a) diretor(a).

PALCO
No palco existem três ambientes (bem simples).
Lado direito: Fachada (pode ser pintada em um plástico) de uma casa (onde Carla mora), com janela e porta. Ao lado da porta existe uma cadeira com uma cesta (tapada com um pano) onde tem cinco doces dentro.Nesta cadeira colocar uma dentadura plástica e uma escova de dente.
Lado esquerdo: Outra fachada (pode ser pintada em um plástico) de uma casa (casa da vovó), com janela e porta. A porta da casa da vovó deve permitir a passagem da vovó. À frente desta casa existe uma mesa com toalha cobrindo um bolo e alguns pacotes de bala.
Fundos do palco: Tem uma floresta por onde entram os bichos que perseguem a guria. Na floresta (fundos do palco) deve existir uma fenda por onde entram os atores que representam os bichos.


(c) Alcir Nicolau Pereira, 2012.
Adaptado do livro Os Doces de Abóboras


Autorização
Fica autorizado a qualquer pessoa usar este roteiro, sem custo algum, bastando citar a autoria do roteiro e avisar pelos:
E-mail alcirnicolau@yahoo.com.br
Site: www.alcirnicolau.com
Podem, também, modificar em partes que o Diretor achar por bem, para melhor adaptação das cenas.
(c) Alcir Nicolau Pereira, 2007.
Adaptado do livro Os Doces de Abóboras de autoria de próprio autor.




CENA 1 – CARLA SAI DE CASA
Personagens em CENA:
Carla
Voz em off

•     AO ABRIR O PANO, CARLA CAMINHA DE UM LADO PARA OUTRO, NÃO SE AFASTANDO DA CASA.

CARLA (OLHA O INFINITO)
- Gosto de duas coisas. Comer doce e visitar a minha vovó. Tomara que a mamãe me mande ir à casa da minha vó.

VOZ EM OFF
- Carla, Carlinha!

CARLA
- Que é, mamãe! Estou aqui brincando.

VOZ EM OFF
- Onde, guria?

CARLA
- Aqui na frente. Pode deixar, eu estou me comportando.

VOZ EM OFF
- Mas estou te ouvindo falar. Está falando com quem. Cuidado com os bichos da floresta.

CARLA
- Ah! Mamãe, fica tranqüila. Não estou falando com ninguém. Tô pensando e voz alta.

VOZ EM OFF
- Tá bem, minha filha, mas preciso que tu me faças um favor.

CARLA
- Tá bom, mamãe. Diga o que é! Eu faço.

VOZ EM OFF
- Quero que tu vás à casa da vovó Dília

CARLA (APONTA PARA A OUTRA CASA).
- Obaaaaaaaa. Ir agora?

VOZ EM OFF
- Sim, agora mesmo!

CARLA
- Fazer o quê?

VOZ EM OFF
- Levar uns docinhos pra ela.

CARLA
- Ah, mamãe, que bom! A vovõ gosta muito de doce! Onde estão?

VOZ EM OFF
- Estás vendo esta cesta em cima da cadeira?

CARLA
- Sim, estou.

VOZ EM OFF
- Os doces estão aí. Pega e leva para a vovó.

CARLA (MEXE NA CESTA DE DOCES).
- Abóbora! Ela adora. Quantos têm, mamãe. Levo todos?

VOZ EM OFF
- Tem cinco.Cinco, viu! Leva todos

CARLA
- Tá bem, mamãe. Vou agorinha mesmo!

VOZ EM OFF
- E não pára pra nada neste mundo.

CARLA
- Certo, mamãe.

VOZ EM OFF
- Nem chegue perto da floresta.

CARLA
- Entendi, mamãe.

VOZ EM OFF
- Não desvie do caminho.

CARLA
- Certo, mamãe.

VOZ EM OFF
- Olha os perigos.

CARLA (IMPACIENTE).
- Vou olhar, mamãe, vou olhar!

VOZ EM OFF
- Posso confiar?

CARLA
- Pode deixar que eu me cuido!

•     CARLA PEGA A CESTA COM AS GULOSEIMAS

VOZ EM OFF
- Pegou os doces?

CARLA
- Sim, mamãe!

VOZ EM OFF
- Tem uma escova de dente junto?

CARLA
- Tem sim, mãe!

VOZ EM OFF
- Pega esta escova de dente e leva junto

•     CARLA PEGA A ESCOVA - OLHA NA CADEIRA E DÁ UMA RISADA

CARLA
- E esta dentadura aqui, mamãe?

•     VOZ EM OFF DÁ UMA RISADINHA

VOZ EM OFF
- É dá vovó. Busquei ontem no dentista!

CARLA
- Levo junto?

VOZ EM OFF
- Leva, guria!

•     CARLA PEGA A ESCOVA, A DENTADURA E COLOCA NO BOLSO DO AVENTAL - SALTITA EM VOLTA DO PALCO.

CARLA
- Já vou, já vou, já vou
Correndo sem parar
Docinhos pra vovó
Rapidinho vou levar

Já vou, já vou,
Seguindo bom caminho
Fugindo do perigo
Vou andando ligeirinho

Já vou, já vou,já vou
Correndo sem parar
Docinhos pra vovó
Rapidinho vou levar

•     CARLA PÁRA

CARLA
- Ufa, cansei, vou dar uma descansadinha aqui neste local.

•     CARLA SENTA E ADORMECE.




CENA 2 – O DESAFIO DOS POEMAS
Personagens em CENA:
Carla
Zorrilho

•     CARLA ACORDA SENTINDO UM CHEIRO NO AR - AINDA SENTADA, OLHA PARA TODO LADO.

CARLA
- Xiiiiiiiii, que cheiro horrível! E este cheiro ruim vem ali da floresta.

•     ZORRILHO SAI DA FLORESTA

ZORRILHO
- An rã! Te peguei, guria!

•     ZORRILHO LEVANTA OS DOIS BRAÇOS - FICA SACUDINDO AS MÃOS NO AR.

CARLA
- Quem tu és?

ZORRILHO
- Ora quem sou! Não conhece este corpinho aqui.

CARLA (TAPANDO O NARIZ COM UMA MÃO)
- Não pelo corpinho, mas te conheço por outro motivo.

ZORRILHO (FAZ GESTO MOSTRANDO TODO SEU CORPO).
- Então fala qual é, guria.

CARLA (ABANANDO EM FRENTE O NARIZ)
Barbaridade! Com todo respeito, tenho que te dizer uma coisa.

ZORRILHO (DE BRAÇOS LEVANTADOs)
- Pois diga lá!

CARLA
- Tu és muito fedorento!

ZORRILHO
- O quêeeeeeeeeee! Repete se tu é... tu é... deixa pra lá!

CARLA
- Fedorento sim! Parece um Zorrilho.

ZORRILHO
- Mas eu sou um Zorrilho!

CARLA
- É?

ZORRILHO
- Sim, e pelo que sei, Zorrilho tem que ter este cheirinho.

CARLA
- Mas não tem nariz que agüente!

ZORRILHO
- Que nada, eu já me acostumei. E até gosto!

CARLA
- Tu não toma banho?

ZORRILHO
- Tomo sim, todo fim de mês eu tomo banho.

CARLA
- Uma vez por mês?

ZORRILHO
- É, mais ou menos!

CARLA
- Toma ou não toma? Não vale mentir.

ZORRILHO
- Bom, se está muito frio eu não tomo não.

CARLA
- Não sei como a tua mulher te agüenta.

ZORRILHO
Agüenta bem, ora! Ela é uma Zorrilha que nem eu. Passamos o dia nos cheirando.

CARLA
- E aí?

ZORRILHO
- Bom, eu chego pra ela e canto uma música.

CARLA
- Canta? Que música?

ZORRILHO (CANTA FAZENDO MÍMICAS – PLAY BACK SOMENTE DA MÚSICA)
Vamos agora!
Vamos agora!
Vem aqui momentinho
Rola rola cheira cheira
Vem cheirar o sovaquinho

Cheira um lado pela frente
Cheira o outro lá por trás
Quem quiser cheirar a gente
Pode vir, nunca é demais

Fede fede, vai fedê
Ê ê ê
Fede fede, vai fedê
Ê ê ê

Fede fefe, vai fedê
Ê ê ê

É o sovaco do Zorrilho
Fede aqui e fede lá

CARLA
- Mas tu é relaxado mesmo.

•     ZORRILHO SACODE OS OMBROS

CARLA (FAZ GESTOS PARA A PLATÉIA)
- As crianças tomam banho todos os dias.

ZORRILHO (FAZ QUE ESTÁ COM FRIO)
- Pois eu não tomo.

CARLA (FAZ GESTOS DE LAVAR AS MÃOS)
- Tem que lavar as mãos antes de comer.

ZORRILHO
- Não lavo.

CARLA
-Porquinho.

ZORRILHO
- Porquinho não. Zorrilho! Com muito orgulho!

CARLA
- Leitão, então!

ZORRILHO
- Daqui a pouco vais querer que eu lave as mãos depois de ir ao banheiro!

CARLA
- Mas isso tem que fazer. Vai ao banheiro, depois quando sai, lava as mãos.

ZORRILHO (ADMIRADO)
-Ééééééééééééé

CARLA
- Tem que lavar as mãos e escovar os dentes depois das refeições.

ZORRILHO
- Eu não escovo!

CARLA
- Ué, por quê?

ZORRILHO
- Se eu ficar sem dente eu coloco uma dentadura.

CARLA
- Que bicho teimoso! Tu sabe o que é carie?

ZORRILHO
- Eu não!

CARLA
- Carie é uma coisinha que fura o dente das crianças

ZORRILHO
- E eu com isso! (PAUSA) Mas dói?

CARLA
- Dói sim! Ainda mais em quem não escova os dentes! (OLHA PARA PLATÉIA) Pergunte pra criançada!

ZORRILHO
- Mas como é que se escova os dentes?

CARLA (BATE A MÃO NA TESTA – SOLTA A CESTA).
- Lembrei! Espera aí que já te mostro. (CARLA TIRA DENTADURA DO BOLSO E ESCOVA E ENSINA ZORRILHO A ESCOVAR OS DENTES)

ZORRILHO (DÁ RISADA)
- De quem é esta dentadura.

CARLA
- É da minha vó! Sabe por que ela usa dentadura?

ZORRILHO
- Eu não! Por quê?

CARLA
- Ela não escovava os dentes quando criança.

ZORRILHO (GRITA)
- Pode parar! Pode parar!

CARLA (SE ASSUSTA)
- Que foi! Que foi!

ZORRILHO (GRITA)
- Espera aí, guria! Tu tá querendo me enganar.

CARLA
- Estou não! Por quê? Que foi! Que foi?

ZORRILHO (OLHANDO DE PERTO A CESTA)
- O que tem nesta cesta?

CARLA
- Nada não! Pouca coisa!

ZORRILHO
- Aonde vais? Diga logo!

CARLA
- Vou visitar a vovó Dília.

ZORRILHO
- O que vais fazer lá?

CARLA
- Levar uns docinhos! Estão aqui nesta cesta.

ZORRILHO
- An rã, Eu sabia que escondias algo! Quero um!

CARLA
- Não dou!

•     ZORRILHO CAMINHA DE UM LADO PARA OUTRO COMO SE ESTIVESSE PENSANDO

ZORRILHO
- Ah! Já sei! Vamos apostar alguma coisa.

CARLA
- O que vamos apostar?

ZORRILHO
- Apostar quem diz três poemas. Tu fala três poemas. Se eu gostar não levo os doces.

CARLA
- Negócio fechado. Vou dizer o poema do pato e da pata.

ZORRILHO
- Manda lá!

CARLA (DECLAMANDO)
- O Pato chorando
Falou para a Pata:
Machuquei minha pata
Jogando sapata.

A Pata zangada
Ralhou com o Pato
Machucaste a pata
Pois não usas sapato.

ZORRILHO (COM DESDÉM)
- Mais ou menos, mais ou menos.

CARLA
- Não senhor, o poema é bonito sim.

ZORRILHO
- Já tiraste um zero, Diga outro.

CARLA
- Vou declamar o poema ex-Pirata.

ZORRILHO
- De onde tiraste este poema.

CARLA
- Li por aí!

ZORRILHO
- Olha lá! Tô de olho. Diga aí!

CARLA
- Nem pirata, nem cara de mau
Sou coxo agora de fato
Usaram a minha perna de pau
Pra brincar no jogo de taco

Minha cara dantes bonita
Olho de vidro agora não tem
Pois virou pequena bolita
Nos jogos de gude de alguém

Perdi tudo que tinha de bom
Fiquei sem olho e sem minha nau
Perdi perna que fazia mau som
E acabei nunca mais sendo mau

ZORRILHO
- Esse tá mais ou menos. Vou te dar nota sete!

CARLA
- Nota sete? Só isso! Dá um oito, vai!

ZORRILHO
- Tá bem, diga o último poema. Talvez eu melhore tua nota!

CARLA
- Tá bom, lá vai.

•     CARLA CIRCULA PELO PÁTIO COMO TENTASSE LEMBRAR DO POEMA

CARLA
- Zorrilho, amigo, Zorrilho
Cheiras mal isto é um fato
Tu fedes pior que teu filho
Ninguém agüenta esse sovaco

Ao cheirar o teu cangote
Tem criança que desmaia
Fede Zorrilha, fede filhote
Fede Camisa, calça e saia.

E agora com este fedor
Te apresenta na minha frente
Roubando doce, que horror
No olhar de toda a gente

Esquecendo onde estava
Me ouça com atenção
Zorrilho que não se lava
Não ganha doce aqui não

ZORRILHO (CHORAMINGA)
- Estes versinhos me ofenderam.

CARLA
- Dizer a verdade não ofende.

ZORRILHO
- Mas afinal, guria! Estes doces são de que mesmo?

CARLA
- São de abóbora

ZORRILHO
- Hum! Doce de abóbora! Gosto muito! Desde o tempo que eu era bem pequeno. Deixa-me ver!

ZORRILHO (CHORAMINGA)
- Não, não posso! São pra a vovó! E tem mais! Tu perdeste a aposta dos poemas!

ZORRILHO (APONTANDO A CESTA)
- Olha, sou capaz até de tomar banho por um doce.

CARLA (CHORAMINGA)
- Bom, a gente toma banho porque é bom para a saúde. E não porque vai ganhar algum prêmio por isso.

ZORRILHO
- Olha aqui, guria! Com banho ou sem banho, vou levar um doce. Se não tu ficas aqui mesmo

CARLA
- Pois não dou!

ZORRILHO (AMEAÇANDO)
- Só deixo passar se me deres um deles. Unzinho só!

CARLA
- Mas...

ZORRILHO
- Não importa! Eu quero um de qualquer maneira.

CARLA
- Não posso te dar!

ZORRILHO
- Ou o doce, ou seguro teu nariz embaixo do meu sovaquinho mal-cheiroso.

CARLA
- Não faça isso! Recém tomei banho! Este teu cheiro é muito ruim!

ZORRILHO (LEVANTANDO O BRAÇO E CHEGANDO PERTO DE CARLA)
- Então dê um doce, ora!

CARLA
- Está bem! Tome lá um dos meus ricos docinhos. Prefiro ficar sem um doce do que tomar outro banho por causa deste teu cheiro.

ZORRILHO
- Guria sabida!

CARLA
- Pronto, aqui está um doce. Mas tem uma coisa!

ZORRILHO
- Que coisa?

CARLA
- Depois de comer, tu tens que escovar os dentes, viu!

ZORRILHO
- Guria chata!

•     O ZORRILHO ENTRA NA FLORESTA, LAMBENDO O AÇÚCAR DO DOCE.
•     CARLA CAMINHA EM VOLTA DO PALCO. PÁRA NA PLATEIA - AFASTA O PANO E OLHA DENTRO DA CESTA - CONTA OS DOCES - OLHA PRA PLATÉIA.

CARLA
- Esse malvado levou o docinho. Um, dois, três, quatro... (ESPALMA A MÃO E MOSTRA OS CINCO DEDOS ABAIXA UM DEDO E CONTA OS QUATRO DEDOS RESTANTES) Mas não tem importância, ainda sobraram quatro.

•     CARLA CAMINHA EM VOLTA AO PALCO.

CARLA
- Ufa, cansei. Vou sentar um pouquinho.

•     CARLA SENTA E FICA PENSANDO.

CARLA (BOCEJA e ESPREGUIÇA-SE)
- Uauuuuuuuuu.

•     CARLA SENTA E ADORMECE


.
CENA 3 – CARLA DANÇA COM A ONÇA
Personagens em CENA:
Carla
Onça

•     ONÇA ENTRA E NÃO VÊ CARLA.
•     OUVE-SE UMA MÚSICA ESCOLHIDA PELO DIRETOR - ESCOLHER MÚSICA QUE TENHA DIREITO AUTORAL LIVRE.
•     ONÇA COMEÇA A DANÇAR TODA ATRAPALHADA - TROPEÇA, CAI, FAZ PANTOMINA
•     CARLA ACORDA BOCEJA, ESPREGUIÇA-SE E VÊ ONÇA DANÇANDO

CARLA (SENTADA)
- Ué, pensei que eu estava sonhando. Mas agora vejo que tem uma onça dançarina aqui.

•     CARLA SENTA

CARLA (GRITA)
- Onça dançarina. Ou onço! Sei lá!

•     ONÇA SE ASSUSTA E VAI EM DIREÇÃO À CARLA

ONÇA (ABRE A BOCARRA)
- O está fazendo aí, guria?

CARLA
- Pensei que estava sonhando. (ESFREGA OS OLHOS) Ou será que ainda tô no sonho?

ONÇA (ABRE A BOCARRA)
- Não, tu me viste dançando? Meu sonho é ser dançarino.

CARLA
- Ah! Falou dançarino? Então o senhor é uma onço?

ONÇA
- Não é onço que se diz. Para onça que é homem, a gente fala onça macho.

CARLA
- Mas eu acho onço tão bonitinho!

ONÇA
- Tá bem, me chama do que tu quiseres. Certo?
CARLA
- Ta bem seu onça!

ONÇA
- Então, gostou me ver?

CARLA
- Dos tombos?

ONÇA (BRAVA)
- Não, guria, da dança! Afinal, gostou ou não?

CARLA
- Bom, vá lá, foi bom sim.

ONÇA
- Mas que mal pergunte: Onde é que a guria pensa que vai?

CARLA
- Na casa da vovó. Vou levar uns docinhos de abóbora pra ela.

•     A ONÇA LEVANTA A TOLHA - OLHA PRA DENTRO DA CESTA - LAMBE OS BEIÇOS.

ONÇA
- O quê? Abóbora? Barbaridade! São os meus preferidos. Gosto muito!

CARLA
- Seu Onço, eu...

ONÇA
- Prefiro, sempre estes doces. Desde o tempo que eu era uma oncinho.

CARLA
- Poxa...

ONÇA
- Quero olhar novamente estas gostosuras.

CARLA
- Não, não vou deixar! Mamãe mandou levar pra vovó.

ONÇA
- E eu, gostando tanto destes doces, não vou te deixar passar? Dá todos pra cá, já, já.

CARLA
- Mas seu onço, saí de casa com cinco doces. Quando passei por um Zorrilho (ABANA NARIZ). Ele pediu um. Então fiquei só com quatro docinhos.

ONÇA
- Azar teu! E eu com isto! Quero todos os doces.

CARLA
- Mas se eu der fico sem nenhum. Que tal a senhora levar um só?

•     A ONÇA COÇA A CABEÇA. VAI ATÉ A PLATÉIA.

ONÇA
- Pensando bem, até que é justo, Não acham? Sou um bicho, mas não sou tão mau assim. Um tá bom.

•     ONÇA VOLTA À FRENTE DE CARLA

ONÇA
- Tu sabe dançar?

CARLA
- Eu sei.

ONÇA
- Vou fazer uma proposta. Tu dança comigo uma música, Se eu gostar só levo um doce. Topas?

CARLA
- Tá bom, aceito

•     ONÇA E CARLA DANÇAM MÚSICA ESCOLHIDA PELO DIRETOR. PODE SER UM POUPOURIT DE MÚSICAS QUE NÃO PAGUEM DIREITO AUTORAL - MUSICA PÁRA
•     ONÇA E CARLA PARAM DE DANÇAR.

ONÇA
- Gostei! Eu cumpro o que prometo. Vou levar somente um.

•     CARLA ABRE A CESTA E ENTREGA UM DOCE À ONÇA.

CARLA
- Tá legal, leva um lá, então!

ONÇA
- Guria inteligente. Dançou legal e poupou uns docinhos pra vovó dela

•     A ONÇA VAI EMBORA
•     CARLA CAMINHA EM VOLTA DO PALCO. PÁRA NO LADO DIREITO. AFASTA O PANO DA CESTA. OLHA PARA DENTRO. CONTA OS DOCES.

CARLA
- Um, dois, três.

•     CARLA OLHA PRA PLATÉIA.

CARLA
- Até que a onça, ou onço, sei lá, foi legal. Levou apenas um doce e nem me arranhou. Mas não tem importância, ainda sobraram três.

•     CARLA CAMINHA EM VOLTA AO PALCO.



.
CENA 4 – FAZENDO ADIVINHAÇÕES
Personagens em CENA:
Carla
Bugio

•     CARLA PASSA PELO FUNDO DO PALCO (FLORESTA) SAI UM MACACO BUGIO, QUE ESTICA OS BRAÇOS E IMPEDE CARLA DE PROSSEGUIR.

BUGIO
- Aonde vais, guriazinha?

CARLA
- Poxa! Todo mundo me pergunta isso. Já tô ficando chateada.

BUGIO
- Olha lá hem? Responde direito.

CARLA
- Vou à casa da vovó.

BUGIO
- O que tens nesta cesta?

CARLA
- Não digo.

BUGIO (BRAVO)
- Melhor falar

Carla
- Tá bom! Levo somente uns docinhos!

BUGIO
- É mesmo? Mas de quê?

CARLA
- De abóbora. Minha mamãe que fez.

BUGIO
- Abóbora! Hum! Não gosto muito não.

CARLA
- Então não vai levar nenhum, não é mesmo, seu Bugio?

BUGIO
- Vou sim, claro que vou.

CARLA
- Mas o senhor disse que não gosta!

BUGIO
- Disse mesmo, e daí?

CARLA
- Vai ver que é pra jogar fora logo ali adiante. Comida é uma coisa importante. Não devemos desperdiçar.

•     CARLA VAI À PLATÉIA – APONTA PARA A PLATÉIA

CARLA
- Criança que é legal, não bota comida fora. Só coloca no prato aquilo que vai comer.

BUGIO
- Eu sei. Tem criança que bota comida demais no prato e depois não come.

CARLA
- É verdade! Tem tanta gente precisando e outros jogando comida fora.

BUGIO
- Até concordo. Mesmo assim levarei os doces.

CARLA
- Se não gostas por que então levar?

BUGIO
- Han rã! Eu não gosto, mas meu filhote adora. Portanto vou levar todos e pronto.

CARLA (APONTA A CASA DA VOVÓ)
- Eu já falei! Estes estão reservados pra minha vó que mora lá longe.

BUGIO
- Não adianta, guria, só deixo passar se os doces ficarem!

CARLA
- Ora essa, seu Bugio. (VAI À FRENTE DO PALCO DO LADO ESQUEDO E FALA EM DIREÇÃO À PLATÉIA) Eu saí com cinco doces. (VAI AO LADO ESQUERDO) Um Zorrilho fedorento (ABANA O NARIZ) pediu um e fiquei com quatro. (VAI AO LADO DIREITO). Mais tarde um Onço pegou outro e sobraram só três. (VOLTA À FRENTE DO BUGIO) Se eu der outro, ficarei com dois!

BUGIO
- Tô nem aí! Tô nem aí! Fico com todos. Ou os doces ou...

CARLA
- Vamos fazer o seguinte. Vamos brincar de adivinhações. Se eu ganhar tu não leva nenhum doce.

BUGIO
- Taí, gostei! Mas como será?

CARLA
- Cada um fará três adivinhações para o outro. Ganha quem mais acertar.

BUGIO
- Pois topo. Tu faz primeiro.

CARLA
- Lá vai então! Presta atenção! O que tem bico não belisca, tem asa e não voa e está em cima da televisão?

BUGIO (FAZ MÍMICA)
- Tem bico não belisca! Tem asa, mas não voa! E está em cima da televisão? (PAUSA) Essa televisão me atrapalhou.

CARLA
- Vamos lá, diga lá seu papudo!

BUGIO
- Não sei.

CARLA
- A chaleira, seu burro!

BUGIO (DÁ GARGALHADA)
- Comooooooooooo! Chaleira em cima da televisão? Explica isso, guria!

CARLA (DÁ RISADA)
- A chaleira é minha e eu coloco onde eu quiser.

BUGIO
- Não vale! Não vale!

CARLA
- Vale sim, ponto pra mim!

BUGIO (CHATEADO)
- Tá bom! Manda outra!

CARLA (APONTANDO PARA O BUGIO)
- Um macaco cai no rio, como é que ele sai.

BUGIO (APONTANDO PARA SI)
- Por que logo um macaco? Tu és contra macaco?

•     CARLA RI

BUGIO
- Olha que a Sociedade Protetora dos Animais vai mandar te prender. (PAUSA) Tanto bicho por aí e logo um macaco caindo no rio.

CARLA
- Ora! Se eu falasse Zorrilho não ia dar. O Zorrilho não gosta de água. Nunca vai cair na água.

BUGIO
- Ah! Assim, sim!

CARLA
- Então responda: Como é o macaco sai do rio?

BUGIO
- Sei lá

CARLA
- O macaco sai do rio molhado!

•     CARLA DÁ RISADAS

BUGIO
- Tá bom. Dois a zero pra ti. Pergunta outra. (PAUSA) Mas não vale de macaco. Tá?

•     CARLA RI

CARLA
- Um pintinho faz piu. Dois pintinhos fazem?

BUGIO
- Piu piu!

CARLA
- Errou!

BUGIO
- Como errei. Um pintinho faz piu. Dois pintinhos fazem piu piu!

CARLA (DÁ RISADA)
- Errou sim! Um dos pintinhos não sabia falar!



BUGIO
- Ah, não vale.

CARLA
- Três a zero! Agora é a tua vez de perguntar.

BUGIO
- Vai te ralar, hoje eu tô afiado.

CARLA
- Pergunta logo!

BUGIO
- Por que o cachorro entra na igreja.

CARLA
- Por que a porta estava aberta. (DÁ RISADA) Ganhei.

BUGIO
- Puxa! Que guria esperta.

BUGIO (VAI À PLATEIA)
BUGIO
- Agora pego esta guria! Querem ver?

BUGIO (VOLTA À FRENTE DE CARLA)
- E por que o este cachorro sai?

CARLA
- Por que a porta esta aberta.

Bugio
- Errou! Errou!

CARLA
- Errei? Errei por quê? A porta aberta o cachorro sai.

BUGIO (DANDO GARHALHADA)
- Errou! Errou! Errou!

CARLA
- Errei feio?

BUGIO
- Sim!

Carla
- Ué, como assim?

BUGIO (DÁ GARGALHAS)
- O cachorro saiu da igreja porque entrou. Se não tivesse entrado não poderia sai. Ganhei!

CARLA
- Espertinho. (FAZ DEBOCHE) Mas tá três a um pra mim.

BUGIO
- Mas já, já eu empato. Lá vai a pergunta? Como se faz para colocar cinco elefantes num automóvel pequeno?

CARLA
- Ah! Ah! Bobinho! Dois na frente e três atrás.

BUGIO
- Mas a pergunta não chegou afim! Tem mais.

CARLA
- Pergunta então!

BUGIO (VAI À PLATEIA)

BUGIO
- Vou pegar esta guria de novo! Querem ver? (OLHANDO CARLA) Quantas girafas cabem neste mesmo automóvel?

CARLA
- Ah! Ah! Cabem cinco girafas.

BUGIO (SE ESTREBUCHA DE RIR)
- Certo! Mas tem que tirar os elefantes. Se não, não as girafas não cabem.

CARLA
- Bobinho.

BUGIO
- Três a dois. Mais uma e empato. (PAUSA). Lá vai a outra pergunta. Como se chama elevador no Japão?

CARLA
- Sei lá!

BUGIO
- Até eu que sou da floresta sei. E olha que aqui não tem elevador.

CARLA
- Diz logo como se chama elevador no Japão?

BUGIO (DÁ RISADA)
- Apertando o botão. Três a três.

CARLA
- Tá empate, não vais ganhar doce coisa nenhuma.

•     BUGIO CHORA

BUGIO
- Por favor, amiguinha, deu empate. Mas eu mereço um docinho. E o meu filho está com fome.

CARLA
- Toma, são para teu filho. Pode levar.

•     CARLA DÁ UM DOCE PARA O BUGIO.
•     BUGIO VAI EMBORA PELA FLORESTA - PULA DE ALEGRIA, LEVANDO UM DOCE.
.
CENA 5 – CONTANDO HISTÓRIAS
Personagens em CENA:
Carla
Jacaré
•     CARLA CAMINHA EM VOLTA AO PALCO - AO PASSAR PELO FUNDO DO PALCO (FLORESTA) SAI UM JACARÉ.
•     JACARÉ ESTICA OS BRAÇOS E IMPEDE CARLA DE PROSSEGUIR.

JACARÉ
- E esta pequena guria, aonde pensa que vai?

CARLA
- Não interessa aonde vou.

JACARÉ
- Claro que me interesso. (OLHA PARA A CESTA) Quero saber o que tem nesta cesta.

CARLA
- Mas será o pé do Benedito!

JACARÉ
- Acho melhor falar!

CARLA (BRAVA)
- Vou levar uns docinhos pra a vovó!

JACARÉ
- De que fruta é?

CARLA
- São de... de...

JACARÉ
- Afinal, vais falar, ou não!

CARLA
Não é de fruta! É de abóbora. Abóbora cristalizada.

JACARÉ
- Sou apaixonado por este tipo de doce. Quero ver!

CARLA
- Não, não. São pra minha querida vovó.

JACARÉ
- Não quero saber! Só deixo passar se um doce ficar comigo.

CARLA
- Mas, seu Jacaré, saí de casa com cinco. Outros bichos levaram três. Se eu der outro, ficarei somente com um.

JACARÉ
- Pouco me importa! Exijo estes dois doces. Se não ganhar um, não saio do caminho e não vais passar.

CARLA
- Olha, quero fazer um desafio pra ti.

JACARÉ
- Que desafio?

CARLA
- Vamos fazer um concurso de história. Eu conto uma e tu outra. Se minha história for melhor, tu podes levar apenas um dos docinhos.

JACARÉ
- Taí! Topo! Mas vamos fazer como eu quero.

CARLA
Como assim?

JACARÉ
- A gente fala o assunto e o que vai contar tem que inventar a história.

CARLA
- Ok. Eu direi primeiro.

JACARÉ
- Tá bom. Pode contar tua história. Mas capricha hem?

CARLA
Tu conhece algumas ferramentas de trabalho.

JACARÉ
Sim, sei. Sou Jacaré e não burro!

•     CARLA RI

JACARÉ
- Tu conhece martelo? Serrote? Metro de medir madeira? Lápis.

CARLA
- Claro que conheço. São objetos de marceneiro! Aqueles que trabalham com madeira.

JACARÉ
- Isso, eles fazem cadeiras, mesas. Essas coisas. Tua história tem que ter estas ferramentas

•     CARLA CAMINHA PELO PALCO
•     COÇA A CABEÇA PENSANDO

CARLA
- Vou contar uma história legal.

JACARÉ
- Conte então

CARLA
- Bom! (PAUSA) Era uma vez um homem que tinha a mania de colocar apelidos nas ferramentas. O martelo era toc toc (FAZ SINAL DE USO DE MARTELO ENQUANTO FALA), O lápis era risca-risca (FAZ MIMICA DE ESCREVER E DIZ RISC-RISC) O metro de madeira era o Mede-mede. (FAZ GESTO QUE MEDE O RABO DO JACARÉ) O serrote o apelido era vai-vem (FAZ MÍMICA DE SERRAR). No entanto os vizinhos pediam emprestadas as ferramentas e não devolviam. Resolveu, então, que não mais ia emprestar as ferramentas. Certo dia, um menino chegou à oficina e disse: Seu marceneiro, meu pai mandou pedir emprestado o vai-Vem (FAZ MÍMICA DE SERRAR ALGO INVISÍVEL). Daí o homem respondeu: Menino, volta e diz ao teu pai que, se o vai-vem (FAZ MÍMICA DE SERRAR ALGO INVISÍVEL) fosse e viesse, vai-vai ia. Mas como vai-vem (FAZ MÍMICA DE SERRAR ALGO INVISÍVEL) vai e não vem, vai-vem não vai.

JACARÉ
- Não entendi.

CARLA
- Mas tu é burro, hem?

JACARÉ
- Olha, guria! Burro não! Jacaré, viu! (PAUSA) Explica esta história aí

CARLA
- Tá bem. O vai-vém é o serrote. Presta atenção!

JACARÉ
- Isso, Talvez assim eu entenda.

CARLA
- O homem disse ao menino: Menino, volta e diz ao teu pai que, se o serrote (FAZ MÍMICA DE SERRAR ALGO INVISÍVEL) fosse e viesse, o serrote ia. Mas como o serrote (FAZ MÍMICA DE SERRAR ALGO INVISÍVEL) vai e não vem, o serrote não vai.

JACARÉ
- Agora entendi. (FAZ MÍMICA) Quer dizer que se o vai-vem fosse a não viesse, o marceneiro não ia emprestar.

CARLA (DÁ RISADAS)

CARLA
- Que bom que gostaste. Conta a tua. Quero uma história gaúcha.

JACARÉ
- Qualquer uma?

CARLA
- Sim, qualquer. Sendo lenda gaúcha é das boas.

JACARÉ
- Pois vou contar uma história de uma cidade que visitei ontem

CARLA
- Que cidade?

JACARÉ
- Pirapó! Cidade de Pirapó!

CARLA
- Isso deve ficar pra lá de onde o diabo perdeu as botas.

JACARÉ
- Olha o respeito. Minha família é de lá!

CARLA
- Tá bom, conte, então!

JACARÉ
- Pra contar preciso perguntar uma coisa.

CARLA
- Manda!

JACARÉ
- Tua já ouviste algum barulho que parece que ninguém fez?

Carla
- Como madeira fazer teck teck?

JACARÉ
- Isso. Alguma coisa cair sem que ninguém empurre?

CARLA
- Já! Ontem mesmo um copo caiu sozinho.

JACARÉ
- Pois foi o Generoso. É a lenda do Generoso. (PAUSA) Numa cidade vivia um índio que era muito triste. Depois de batizado recebeu o nome do Generoso. E ficou alegre e brincalhão. Mas, um dia morreu e sua alma alegre e festeira continuou por aí, até hoje. Qualquer barulho que haja e não se sabe quem fez, a gente diz: Isto é coisa do Generoso. Quando as plantas se mexe sem que tenha vento, quando os cabelos dos guris ficam escabelados, a gente diz: é coisa do Generoso.

CARLA
- Bonita história.

JACARÉ
- Até um versinho é cantado aqui no Rio Grande do Sul:

Eu me chamo Generoso,
morador de Pirapó.
Gosto muito de dançar
com as moças, de paletó.

•     JACARÉ SE VIRA E FICA DE COSTAS PARA CARLA
•     CARLA DÁ UM PONTA-PÉ NO TRASEIRO DO JACARÉ
•     JACARÉ SE VIRA BRAVO PARA CARLA

JACARÉ
- O que é isso?

CARLA (ENCOLHENDO OS OMBROS)
- Foi o Generoso.

JACARÉ (ESFREGANDO O BUMBUM)
- Esse chute não me pareceu coisa de fantasma não.

CARLA
- Pois foi sim, pode perguntar por aí! Todo mundo viu.

•     JACARÉ FICA DE COSTA E SE ABAIXA
•     CARLA TENTA DAR OUTRO PONTA-PÉ
•     JACARÉ SE VIRA RAPIDO
•     CARLA DISFARÇA

•     JACARÉ FICA DE COSTA NOVAMENTE E SE ABAIXA
•     CARLA TENTA DAR OUTRO PONTA-PÉ
•     JACARÉ SE VIRA RAPIDO
•     CARLA DISFARÇA

•     JACARÉ FICA DE COSTA MAIS UMA VEZ E SE ABAIXA
•     CARLA TENTA DAR OUTRO PONTA-PÉ
•     JACARÉ SE VIRA RAPIDO E Flagra CARLA TENTANDO DAR UM PONTA-PE
•     CARLA RI

JACARÉ (BRAVO)
- Por desaforo vou levar um doce.

CARLA
Está bem, leve um então! O que posso fazer?

•     O JACARÉ VAI EMBORA, LAMBENDO OS DEDOS.
CENA 6 - BRINCADEIRAS INFANTIS
Personagens em CENA:
Carla
Lobo

•     CARLA CAMINHA EM VOLTA AO PALCO - AO PASSAR PELO FUNDO DO PALCO (FLORESTA) SAI UM LOBO, QUE ESTICA OS BRAÇOS E IMPEDE CARLA DE PROSSEGUIR.

LOBO (ESFREGA AS MÃOS DE CONTENTAMENTO)
- Oba! Aonde vais, guria?

CARLA
- Estás vendo aquela casinha lá adiante?

LOBO
- Estou sim!

CARLA
- Pois é lá que eu vou.

LOBO
- E o que vais fazer?

CARLA
- Levar um doce pra minha linda vovó.

LOBO
- Um doce só? Uma viagem tão grande pra levar um docinho de nada?

CARLA
- Na verdade eram cinco. E (PAUSA) deixa pra lá, tu não vais entender mesmo!

LOBO
- De que é feito este aí?

CARLA
- De abóbora!

LOBO
- Nossaaaaaaa! Nunca provei deste aí. Comi doce de batata, abacaxi e banana. Mas de abóbora, nunquinha. Será que é bom?

CARLA
- Sim, são gostosos.

LOBO
- Então dá logo pra cá.

CARLA
- Tu és o Lobo Mau. Aquele que engoliu a vovó do Chapeuzinho Vermelho?

LOBO
- Não, não sou! Aquele é muito famoso. É Lobo de outra história.

CARLA
- Mas quem és tu, então?

LOBO
- Ora essa! Sou o Lobo da história dos doces de abóbora!

CARLA
- E o que queres?

LOBO
- Já te disse! Quero um doce.

CARLA
- Seu Lobo, já levaram os outros docinhos. Agora ficarei sem nenhum.

LOBO
- Vamos fazer um trato. Vamos brincar de estátua

CARLA
- Aquela brincadeira que uma imita uma estátua e a outra tenta fazer rir?

LOBO
- Essa mesmo.

CARLA
- Então vamos


LOBO (À FRENTE DO PALCO)
- He He He. Eu sou muito engraçado, Vou ganhar esta brincadeira

•     LOBO VOLTA AO CENTRO

LOBO
- Mas para brincar não temos música!

CARLA
- Lobo burrinho! Pra que temos cabeça?

LOBO
- Olha o respeito. Não sou burro, sou Lobo.

CARLA (ALISANDO CABEÇA DO LOBO)
- Falei burrinho por falar. É com carinho.

LOBO
- Ah! Bom! Mas volto a dizer, não temos música!

CARLA
- Use a cabeça! Pra que serve a cabeça?

LOBO
- Pra botar chapéu?

CARLA
- Não!

LOBO
- Pra ter cabelo?

CARLA
- Não

LOBO (COÇA A CABEÇA)
- Pra ter piolho?

CARLA
- Nãoooooooooooooo

LABO
- Pra que então!

CARLA
- Pra imaginar. A gente brinca de estátua com musica imaginária.

LOBO
- Ah! Entendi!

CARLA
- Bom vou pensar uma música. E tu pensa numa música

•     CARLA PENSA NUMA MÚSICA. DANÇA UMA VALSA SOZINHA
•     LOBO PENSA NUMA MÚSICA. DANÇA UM ROCK AND ROOL SOZINHO

CARLA
- Espera aí! Eu tô dançando uma valsa. E tu?

LOBO
- Um Rock

CARLA
- Eu imaginei uma valsa

LOBO
- Eu pensei num rock

CARLA
- Assim não dá. Vamos pensar numa valsa.

•     TOCA VALSA DANUBIO AZUL
•     CARLA E LOBO DANÇAM
•     CARLA E LOBO SE SEPARAM
•     MÚSICA PÁRA

CARLA
- Espera aí, a brincadeira é de estátua e não de dança.

LOBO
- Isso mesmo! Primeiro tu será a estátua.

•     TOCA VALSA DANUBIO AZUL
•     CARLA DANÇA SOZINHA
•     LOBO FAZ GESTO E MÚSICA PÁRA
•     CARLA FICA PARALIZADA COMO SE FOSSE ESTÁTUA
•     LOBO SE APROXIMA DE CARLA - FAZ MOMICES PARA CARLA RIR (DIRETOR ESCOLHE A PANTOMINA)
•     APÓS ALGUM TEMPO CARLA DÁ RISADAS COM AS MOMICES DO LOBO

LOBO (FACEIRO)
- Ganhei! Ganhei!

CARLA
- Poxa! Tu és muito engraçado.

LOBO
- Viu só, Lobo não é tão mau assim. Lobo também é divertido.

CARLA
- Bom, agora é a tua vez de ser estátua.

•     TOCA VALSA DANUBIO AZUL
•     LOBO DANÇA SOZINHO
•     CARLA FAZ GESTO E MÚSICA PÁRA
•     LOBO FICA PARALIZADO COMO SE FOSSE ESTÁTUA
•     CARLA SE APROXIMA DO LOBO - FAZ CARETAS DE TUDO QUE É MANEIRA
•     LOBO NÃO DÁ RISADAS
•     CARLA FICA DE COSTAS PARA LOBO
•     LOBO FAZ DESAFOROS SEM QUE CARLA VEJA
•     QUANDO CARLA SE VIRA LOBO FICA PARADO EM OUTRA POSIÇÃO

CARLA
- Xiiiiiiiiiiii, Este Lobo se mexeu.

•     CARLA FICA DE COSTAS PARA LOBO
•     LOBO FAZ DESAFOROS SEM QUE CARLA VEJA. QUANDO CARLA SE VIRA LOBO FICA PARADO EM OUTRA POSIÇÃO

CARLA
- Esse Lobo tá me logrando

•     CARLA FICA DE COSTAS PARA LOBO
•     LOBO FAZ DESAFOROS SEM QUE CARLA VEJA - QUANDO CARLA SE VIRA LOBO FICA PARADO EM OUTRA POSIÇÃO
•     CARLA VAI ATÉ LOBO E EXAMINA TODO ELE COM OLHAR - FAZ CÓCEGAS NO LOBO
•     LOBO DÁ RISADAS PELAS CÓCEGAS RECEBIDADAS

LOBO
- Não vale! Não vale, tu fez cócegas.

CARLA
- Claro que fiz. Ou tu pensa que não vi tua morisquetas quando eu me virava.

LOBO
- Foi brincadeirinha, guria.

CARLA
- Tu foste tão legal que vou te dar um doce.

LOBO
- Muito bom. Assim não preciso chamar meu primo.

CARLA
- Que primo?

LOBO
- Aquele da história Chapeuzinho Vermelho.

CARLA
- É? Não tenho medo não!

Lobo
- É verdade e escapasse do meu bafo nas fuças. Queres ver?

•     LOBO SOLTA BAFO EM CARLA

CARLA.
- Nossa que bafo. Tu és onça?

LOBO
-Não sou Lobo, por quê?

CARLA (RINDO)
-Pelo bafo pensei ser onça. Bota bafo de onça nisso aí.

•     LOBO SE AFASTA E DÁ RISADAS

CARLA
- Este aí é campeão dos bafos

LOBO
-Eu tenho a forçaaaaaaaaa. O bafo, isto é.

•     CARLA ENTREGA DOCE AO LOBO
•     LOBO SAI CORRENDO - RITA E DÁ RISADAS.

LOBO
-Sou o Lobo que comeu o último doce de abóbora.
CENA 7 – CARLA CHEGA NA CASA DA VOVÓ
Personagens em CENA:
Carla
Voz em OFF

•     CARLA FAZ A VOLTA NO PALCO - OLHA PARA A CESTA - FICA DE CABEÇA BAIXA CHORAMINGANDO - CAMINHA EM DIREÇÃO A PORTA DA CASA DA VOVÓ - BATE NA PORTA.

VOZ EM OFF
- Quem é?

CARLA
- Sou eu! Tua netinha. Abra a porta, por favor!

VOZ EM OFF
- Tem alguém contigo? Um Zorrilho talvez?

CARLA
Não, vovó!

VOZ EM OFF
- Uma onça?

CARLA
- Não!

VOZ EM OFF
- Um macaco?

CARLA
- Não!

VOZ EM OFF
- Um Jacaré?

CARLA (IMPACIENTE)
- Não, vovó! Estou sozinha.

VOZ EM OFF
- Nem mesmo um Lobo sapeca?

CARLA
- Não! Já disse vó. Pode abrir que o Lobo fugiu.

VOZ EM OFF
- É, parece que é minha netinha mesmo. Mas ainda quero tirar uma dúvida. Se és mostra que é minha neta.

VOZ EM OFF
- Declame um poema!

CARLA
- Qual deles que vovó quer?

VOZ EM OFF
- Aquele que tu fizeste e contou só para mim

CARLA
- Ah! Tá! Lembrei! Lá vai

•     CARLA DECLAMA O POEMA

CARLA
- O pobre festeja o Natal,
Num gesto que muito comove.
Pois só consegue comprar,
No “Um e noventa e nove”.

•     A PORTA SE ABRE E SAI A VOVÓ DE CARLA.

VOVÓ
- É a minha neta! Minha declamadora predileta.

•     SE ABRAÇAM.
•     VOVÓ FICA AO LADO DA MESA


.
CENA 8 – A SURPRESA
Personagens em CENA:
Carla
Vovó
VOVÓ
- Por que estás chorando?

CARLA
- Estou muito triste.

VOVÓ
- Mas por quê? Qual o motivo?

CARLA (GESTICULANDO QUANDO FALA DE CADA BICHO)
Vovó saí de casa com cinco doces. No caminho encontrei um Zorrilho que tinha cheiro muito ruim. Ele levou um doce. Tinha uma onça com grandes e afiadas unhas, um Bugio de cavanhaque, um Jacaré com enorme língua e um Lobo muito feioso. Cada um deles pediu um doce e fiquei sem nenhum para dar de presente. É por isso que estou chorando.

•     VOVÓ APONTA PARA A MESA

VOVÓ
- Ora, minha querida, não precisa chorar. Olhe aí aquela mesa.

CARLA
- O que tem ali, vovó?

VOVÓ
- Levanta a toalha que tu vais ver.

CARLA
- Ué! Pra que, vovó?

VOVÓ
- Apenas faça o que digo.

•     CARLA RETIRA A TOALHA E APARECE, NO MEIO DA MESA UMA TORTA (ARTIFICIAL) E OLHA AS APETITOSAS GULOSEIMAS.

VOVÓ
- Esquecestes que eu sei fazer doces?

CARLA
- Que bom, não é vovó?

VOVÓ
- Viu, Carla. Nem tudo está perdido Hoje aprendeste uma lição. Quando tudo parece perdido, sempre encontramos uma saída.

CARLA
- É verdade, vovó. Por maior que seja o mal, sempre haverá um jeito de sermos felizes.

VOVÓ (APONTANDO PARA A MESA)
- Olhe na mesa. Tem um gostoso bolo. E balas também. Olhe aqueles pacotes ali.

CARLA
- As balas devem ser muito gostosas. O que faço com elas?

VOVÓ
- Olha minha netinha. As crianças ali (APONTA PARA PLATÉIA) parecem que são comportadas. Quem sabe damos balas pra eles?

CARLA
- É mesmo, vovó, vamos lá. Mas será que as crianças vão ficar quietas?

VOVÓ
- Claro! Claro! Eles são comportados.

CARLA (OLHA E FALA PRA PLATÈIA)
- Crianças! Papais! Mamães! Fiquem bem quietinhos nas cadeiras. Nós vamos lá na saída distribuir balinhas. Fiquem sentadinhas até que eu e a vovó cheguemos lá na porta.

•     A VOVÓ PEGAM SAQUINHOS COM BALAS E SAEM DE MÃOS DADAS PELO CORREDOR CANTANDO

Nós vamos, nós vamos
Correndo sem parar
Balinhas pras crianças
Comportadas vamos dar

Nós vamos, nós vamos
Balinhas distribuir.
Às crianças comportadas
Venham logo a seguir

Repete refrão
CENA 9 – DISTRIBUIÇÃO DE BALAS
Personagens em CENA:
Carla
Vovó

•     NA PORTA DE SAÍDA ELAS ENTREGAM DUAS/TRÊS BALAS ÀS CRIANÇAS. NO PALCO, ENQUANTO A MENINADA SAI, OS BICHOS SAEM DA FLORESTA, CHORAM E DIZEM QUE QUEREM BALAS TAMBÉM.

BICHOS (NO PALCO - DIVIDIR AS FALAS ENTRE OS BICHOS)
- Queremos bala, queremos balas.
- Juramos que vamos nos comportar.
- Podem acreditar, crianças. Nós vamos ficar bem quietinhos.
- Deixem uma bala pra mim
- Eu gosto de balas.


•     PANO VAI FECHANDO LENTAMENTE

FIM



Inspirada em conto infantil no livro OS DOCES DE ABÓBORA do próprio autor.
(c) Alcir Nicolau Pereira, 2012
VEJA MAIS ROTEIROS DO AUTOR NO “RECANTO DAS LETRAS”









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Biografia:
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Teatro Casamento: Da TPM ao VIAGRA - 2 PERSONAGENS Alcir Nicolau Pereira
Teatro Casamento: Da TPM ao VIAGRA - 4 PERSONAGENS Alcir Nicolau Pereira


Publicações de número 1 até 4 de um total de 4.


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