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Anáfora
Giulio Romeo

Olha o tempo que resta, olha o dia que passa, olha o que fizemos de bom para a vida?

Perguntas que não calam no subconsciente, mas não chegam aos ouvidos moucos da realidade cotidiana!

Culpamos muito o passado pelos infortúnios do presente. Culpamos muito que deixamos de fazer e também de atitudes que não tivemos com o que se apresenta hoje em nossas vidas. É impressionante como não conseguimos ter uma análise fria, objetiva e conclusiva de nossa realidade atual.

Citarei um exemplo para ilustrar esse parágrafo:

João se queixa por não ter estudado mais, quando tinha oportunidade e que poderia ter um cargo de Diretor na empresa que é operário. E conclui que errou muito no passado e está colhendo os frutos no presente. E ainda diz que sente vergonha de seus familiares por ter essa condição simples de trabalho.

Na verdade, João fez uma opção no passado de não estudar e está direcionado para a sua escolha como resultado óbvio. Mas não quer dizer que cometeu algum pecado mortal, algum dano moral para seus pais ou que é inferior perante os Céus. Não! - Isso quer dizer que ele não está pagando um preço muito caro para sobreviver, ou seja, não dá mais do que lhe pagam.

E que simples coisas, fazem parte da sua vida, sem arrogância, pretensão ou soberba. “Quem ganha muito, paga muito pelo dinheiro!”

Ou seja, um Diretor tem uma responsabilidade infinita em relação ao operário e até perde noites de sono igual a ele, porém com outra dimensão e direcionamento muito mais abstrato, complexo, preocupante e contraditório.

Às vezes, a atenção que o operário dá aos seus, é infinitamente superior a do executivo, que mal consegue se programar para ir ao teatro ou ao supermercado. É claro que toda a regra tem exceções, mas no modo geral é assim que funciona.

Então concluímos que:

Não tem diferença entre se divertir num pagode ou forró ou numa boate cara e sofisticada. A felicidade está presente nos mesmos lugares ao mesmo tempo, basta estar predisposto a encontrá-la. Pois o sorriso e o contentamento são os maiores presentes que ela dá para nós.

Quando lamentamos, esbravejamos, aconselhamos ou simplesmente falamos e usamos um começo repetitivo para grifarmos o que queremos expressar, estamos usando de anáfora, ou seja, anaforismos.

“Temos que arregaçar as mangas; temos que prestar mais atenção; temos que ganhar a qualquer custo; temos que botar as mãos na massa" - São exemplos clássicos.

A repetição da primeira palavra em seguidas frases é comum quando temos que alertar ou simplesmente argumentar algo ou alguma coisa que enxergamos e queremos que também enxerguem.

Quando priorizamos um colega de trabalho ou vizinho pela sua superioridade, na qual achamos notória e que nem sempre é real, estamos desmerecendo a nossa autovalorização, estamos nos posicionando num plano inferior ou nos colocando num patamar baixo, sem mais degraus a serem alcançados.

Isso mais uma vez se deve aos lamentos registrados nas alamedas de nossa memória, que nos julga e também nos mescla com a impotência ou com o não cumprimento do decurso natural da vida traçado pelo Homem, e não pela vontade de cada um, que deve ser respeitada e absorvida, desde que seja honesta e não cause prejuízo para a Família, Comunidade ou Sociedade.

Na verdade, para termos um presente digno e contemplativo, temos que:

a- Esquecer o passado e o que ficou para trás;

b- Esquecer o que não fizemos e fazer o que sabemos;

c- Esquecer o que éramos e aceitar o que somos;

d- Esquecer a tristeza, o descontentamento, a desilusão e pensarmos que somos o que foi determinado pelo destino;

e- Esquecer a condição do semelhante e fazermos com que a nossa condição seja igualmente respeitada.

f- E por último, esquecer o que há de ruim nessa vida, pois só assim conseguiremos prestar atenção no que há de bom e o que realmente vale à pena.

As condições em que se encontram os destinos de semelhantes é que fazem com que sejamos críticos no julgamento e no resultado dele.

"Os homens são movidos e perturbados não pelas coisas, mas pelas opiniões que eles têm delas." – Epicteto

O posicionamento de cada um em relação à vida é que nos deixa insatisfeitos com a nossa situação cotidiana.

Muitas vezes esquecemos os louros das vitórias diárias e nos espelhamos em futuras conquistas, para nos redimir do que deixamos para trás, pensando somente no amanhã e esquecendo que se não fizermos algo no presente, o futuro será mensurado pela incompetência do passado.

Os fantasmas de outrora devem ser exorcizados no presente.

Devemos jogar água benta nas imagens sombrias e sem luz da nossa memória;

Devemos purificar os nossos pensamentos e as nossas atitudes;

Devemos respeitar a vida só para variar um pouco;

Devemos ignorar o egoísmo, só para torcemos para a vitória de todos;

E devemos praticar o bom senso, só para contrariar a maioria.

Ai sim, construiremos um alicerce para termos um futuro interessante, pois se pensarmos longe em todos os momentos, esquecemos o que está perto. E se diagnosticarmos o presente pelo passado, sentiremos falta do que não fizemos e também saudades do que não conhecemos.

Você já pensou se todos tivessem um presente digno, seria mais interessante e menos arriscado ou perigoso para todos. Teríamos mais tempo para contemplar a felicidade, na qual muitos pensam que ela pode ser comprada! E que na verdade, ela é um conjunto de sorrisos e também uma dose de descontração e um sonho de liberdade e de descompromisso.

O tempo passa, a verdade fica, a realidade se transforma, os conceitos mudam, as oportunidades aparecem com mais facilidade, os desejos ficam mais acessíveis, os sonhos menos impossíveis, os argumentos menos estáveis, tudo muda ou recicla, mas uma coisa não muda, a essência pura e honesta de cada um, pois com ela conseguimos tudo na vida com muito, mas com muito mais facilidade mesmo. Essa pode não ser a verdade da vida moderna, mas com certeza é a nossa verdade e é o que realmente importa para nós e para a nossa existência!

Devemos viver;

Devemos deixar os outros viverem;

Devemos enxergar a nossa verdade honesta como opção de vida e:

Devemos amar as coisas simples, pois elas são a verdadeira matéria prima das coisas complexas!



Biografia:
Professor de Ciências da Religião, Teólogo e Pesquisador de Ciências ocultas. Procuro a verdade e quero compartilhar meus estudos sobre o comportamento filosófico e religioso de povos e comunidades, que tem a fé, como sustentáculo de sua existência tridimensional.
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