Quantas e quantas vezes queremos dizer ou fazer uma coisa e acabamos nos ferindo e machucando mutuamente.
Não fui o que esperava
que fosse.
Não dei nada de mim
quando clamava por
um pedaço de minha vida.
Fui egoísta de meu amor
e de minha alegria.
Achei que não importavam
tanto assim.
Nem mesmo achei
que uma avezinha de chão
tinha algum valor
ou alguma importância
para este gigantesco
pássaro alado,
anjo de luz,
que soprou suas asas
de brancura do céu
em minha vida.
Pensei demais
se ia ou se voltava
nesta longa estrada
que se abriu
diante de meus pés.
Andei descalça e devagar
quando deveria calçar
as asas da corça
e avançar em desembalada corrida
ao encontro do vento norte
que avançava em minha direção.
E quando lá cheguei
as feridas de dor causadas
pela suposta indiferença,
já estavam abertas
e caladas no mais
profundo do ser.
Não houveram mãos que
pudessem curar e
trazer o alento necessário
para curar esta alma machucada.
E a queda sucedeu-se
ao chegar da carruagem.
Duas aves abatidas
em pleno vôo.
Uma, ferida
pela dor da outra.
Haverá o romper
de um novo navegar
nas asas da alvorada do dia
para dois pássaros feridos?
|