Mil ruídos à minha volta, quebrando
A minha sempre difícil concentração
Sons diferentes, musicados ou não
Tentam distrair em mim pensamentos
Que verto no papel. Sentimento de quem busca
À clara luz do dia uma idéia que há muito rebusca
Sair do enigma e se colocar ao léu
Desvendar de si o toldo, e clara, traduzível
Como tantas outras, tombar no papel
Verso claro, poema feito, descoberto
Ao léu da compreensão
Daqueles que também buscam na escrita
Seu momento de ilusão.
Poeta e escritor não se abalam
Com os sons mais altos que suas falas
Eles é que têm de suas cores as palas
Para descrever o mundo que se lhes afigura
Tinta clara de cor escura, música leve, coração
Em ternura, buscando no horizonte
O leve frescor que na fronte, modifica
Todos os sons e ruídos que
Como em doses de comprimidos
Fazem da mensagem escrita o grande remédio
Moderador da alegria, remediador do tédio
Bálsamo do poeta que nasceu sensível
E viverá irreversível
À sua concentração no papel
Espécie de benção, caída do céu
Para aliviar os pesares e os excessos
Que mal lhes poderia fazer esses ruídos
Da terra, do mundo, ainda que mais altos
Do que dentro de si, o escritor ou poeta movido
Por todo esse seu ser inventivo
Como animal criador e criativo
Tenha em sua inabalável escritura
O prêmio ou o motivo de seu ser, criatura
Predestinada apenas a escrever
Benção que só deixará de existir no dia
Em que o próprio escritor morrer
Ou o poeta fenecer
Ante seu dom maior de não se abalar
Por mais que a seu lado um mundo a falar
Tente desviar-lhe o pensamento
Existirá a força do momento
Em que, versejando, consigo falando
Todo seu ser n´outro mundo se transmuta
Vozes somente suas, só ele as escuta!
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