“37 E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.
38 Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.
39 E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.
40 Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta.
41 Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?
42 Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, da aldeia de onde era Davi?
43 Assim entre o povo havia dissensão por causa dele.”. (João 7.37-43)
Jesus comprovou com estas palavras de João 7.37-43, que realmente não veio condenar, mas salvar o mundo na presente dispensação da graça. Porque, em face de tanta oposição que estava sofrendo, seria de se esperar que Aquele que recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra para exercer juízos em Seu nome, trouxesse uma palavra de condenação ou correção, e não um convite para a salvação, e ainda por cima por pura graça.
Era o último dia da festa dos Tabernáculos e as pessoas estariam voltando para as suas casas.
Então Jesus aproveitou a oportunidade para lhes deixar um forte apelo em suas consciências para que viessem a se converter a Ele, ainda que soubesse que apenas alguns dentre eles se converteriam de fato.
É a Cristo e somente a Ele que se deve ir com fé no coração para que se receba o Espírito Santo como um dom para habitar em nós para sempre.
Somente os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus, podem vir a Cristo para serem saciados.
Por isso Ele não disse simplesmente que viessem beber a água viva todos os que a desejassem, mas apenas os que têm sede.
Esta sede é, sobretudo por uma vida santa, porque a água do Espírito nos purificará dos nossos pecados, para sermos santos e inculpáveis como Cristo.
Importava que Jesus fosse glorificado no céu pela obra de redenção que realizou na terra, para que o Espírito Santo pudesse ser derramado como um dom em todas as nações.
Jesus sabia que Israel estaria endurecido para tal recepção, conforme havia sido profetizado desde o Velho Testamento (Is 65.1,2), e conforme eles estavam demonstrando durante todo o Seu ministério terreno, mas os gentios viriam a beber da água que eles haviam rejeitado.
Enquanto os gentios estariam dando glórias e aleluias, transbordando na alegria do Espírito, os judeus continuariam debatendo acerca de ser Cristo ou não o Profeta prometido desde Moisés (Dt 18.18), e se fosse o Messias como poderia ser da Galiléia, porque a muitos deles ficou ocultado propositalmente pelo Senhor as circunstâncias que envolveram o Seu nascimento em Belém, e pensavam que Ele havia nascido em Nazaré, onde viveu, apesar de conhecerem pelas Escrituras que o Messias nasceria em Belém.
Jesus se tornou para eles, conforme afirmam as Escrituras, uma rocha de escândalo e de tropeço, em vez de ser a rocha eleita e preciosa de salvação para aqueles que nele creem.
Não é por meio de discussão e debates sobre a Lei, e ainda sobre todas as Escrituras que se chega a conhecer a Cristo, mas por um ato de entrega espiritual, pessoal e voluntária a Ele, confiando completamente nEle para que seja o nosso Salvador e Senhor.
As graças do Espírito Santo são como as águas vivas de uma fonte porque estão sempre em movimento e em constante renovação, e jamais terminam.
Não são águas paradas de um poço ou cisterna.
Esta água salta para a vida eterna, e é por isso que Jesus disse à mulher samaritana que ela jamais teria sede se bebesse desta água, porque é como água de uma fonte, só que é uma fonte que nunca se esgotará e que continuará saciando a nossa sede por toda a eternidade.
Sem esta água espiritual não é possível ter vida espiritual eterna.
Nem mesmo vida por alguns dias.
Não há de fato nenhuma vida espiritual se não tivermos esta água viva, que é o Espírito Santo, fluindo no nosso interior.
Jesus disse que o fluir deste rio de água viva estava citado nas Escrituras do Velho Testamento.
Dentre estas Escrituras salta à vista o texto de Ezequiel relativo ao rio que procede do trono de Deus e que vai aumentando de volume cada vez mais, e que gera vida por onde quer que ele passe (Ez 47.1-12).
Estas águas do Espírito são também derramadas como chuva conforme afirmam as Escrituras (Is 44.3; Joel 2.28; Zac 12.10).
Os judeus deixaram o manancial de águas vivas para cavarem cisternas quebradas que não podem reter as águas (Jer 2.13), e fizeram isto por se firmarem na própria justiça deles, e naquilo que pensavam ser a justiça das obras da Lei, Lei esta que eles quebravam de todas as maneiras e formas, e não confiaram na justiça de Cristo para que fossem justificados, e assim recebessem a promessa da habitação do Espírito Santo.
Mas, todos aqueles que têm o Espírito Santo trabalhando neles tal como a água, lhes purificando, pela fé, dos seus pecados, amolecendo seus corações para receberem a Palavra da vida, e sendo alimentados pela água para crescerem e frutificarem espiritualmente; pode-se dizer destes, que estão de fato transbordando no Espírito Santo, conforme Cristo havia prometido para todos aqueles que cressem nEle.
Este transbordamento fluirá do ventre deles, isto é, do seu interior, do seu espírito, como um rio poderoso de água viva, especialmente na pregação e ensino do evangelho, transmitindo vida a muitos.
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