Chegamos, enfim, à verdade elementar, o bóson da Política. Não se governa, nem aqui nem alhures, para o horizonte de um governo. Colher resultados ruins, num primeiro momento, para obter algo consistente em 5-10-15 anos não está nos radares dos governantes, preocupados com uma reeleição, um IBOPE e uma popularidade, que poderá virar raiva no futuro.
Um bom exemplo é essa estratégia de conceder vantagens para estimular o consumo JÁ. Antecipar demanda pode causar problemas mais adiante, mas who cares? Os ‘ricos’ endividam-se de maneira mais racional (não os ‘ricos’ desesperados). A massa quer atingir os ideais do consumismo Já, mesmo que isso custe caro. Como explicar o que significa o valor presente de uma serie de prestações absurdas ? Absurdas, mas que cabem no orçamento, enquanto o “depenável” permanecer empregado. Com esses estímulos é possível manter o emprego, mas por quanto tempo? Muitos preferem uma maçã hoje a um cesto de maçãs amanhã, mesmo porque “tomorrow may never come” (Inspirado na música Meglio Stassera que domani or mai do filme A pantera cor-de-rosa).
Vamos facilitar a compra de carros e entupir as ruas e avenidas, despreparadas para atender o fluxo atual, que dizer do que acontecerá daqui a pouco. Por mais que se multipliquem as bondades, nãO VAMOS EXIGIS AO RECÉM CHEGADO À CLASSE MÉDIA ADQUIRIR UM SEGUNDO CARRO, UMA TERCEIRA GELADEIRA etc. Esse problema não é só nosso. Claro, exageramos ao enfatizar o consumo, deixando o investimento para depois. Reclamamos que o “espírito animal do empresariado” permanece adormecido. Mas com as atuais condições de contorno (carga tributária, burocracia, infraestrutura capenga etc.) o espírito animal só se encontra nos zoológicos.
Temos um problema gigantesco que é a educação. Nem precisa olhar resultados de PISAs, ENEMs etc. Isso não se resolve por decreto.
Educar é uma tarefa que demandará pelo menos uma geração para conseguir resultados consistentes. A estratégia dos governantes – falo genericamente, veja-se o exemplo de Hollande que culpa a herança deixada por Sarkô – consiste em obter resultados imediatos com medidas de impacto (sejam elas apenas anunciadas/prometidas). Pode soar como algo hipócrita, mas estou preocupado com meus netos. Soa farisaico culpar instituições: Ah, esse Jurídico, ah, esse legislativo, ah, esse executivo. Podemos usar minúsculas para dar vazão à fúria, mas como diria Lula, “com esses times, só nos resta disputar a terceira divisão”.
Sobre Lula não tenho o que comentar. Ele possui um acurado faro político (até prova em contrário). Sua sabedoria de verdureiro encanta as massas que o admiram e a “zelite” que se diverte bobamente com os disparates que surgem inevitavelmente em meio aos discursos demagógicos. Ninguém peita democraticamente 80% de fãs. Ele criou uma mentira e tem de administrá-la. Banca o mito da cidade sitiada – ele, cercado de inimigos cruéis, a mídia, o PIG, os ricos, inconformados com o sucesso do egresso de Garanhuns. Deslumbrado com seus sucessos – pouco importa se conseguidos com um vento em popa extraordinário – ele acha que está acima do bem e do mal, quando na verdade, mal distingue o bem do mal... te. Exageros e outros Larrys Rohter à parte.
Isso significa que o PT é um lixo e o PSDB é uma maravilha? Claro que não. Temos uma quantidade enorme de partidos político, em geral, submissos pelos interesses imediatos. Os grandes partidos – aqueles que nos vêm à mente se perguntados de supetão – abdicaram, faz tempo, dos ideais que constam nos seus estatutos. Oportunismo é o nome do jogo.
Declaro-me incapaz de apontar um político e dizer: Esse é o Cara, o timoneiro, a garantia de um futuro melhor. Também, isso não faz muito sentido. Sebastianismo já era.
E há outro detalhe, que costumo repetir. Coloque o melhor ”cara” – um Jatene na Saúde – de nada adiantará, pois terá debaixo um bando de malfeitores, habituados a dilapidar, com as inevitáveis honrosas exceções.
Desde sempre numa democracia, fake ou não, haverá sempre palavras de ordem de sucesso garantido. (tirar dos ricos e dar aos pobres – sem fazer contas para ver se o que se tirou foi tirado mesmo e se beneficiará ou não os que precisam). Hoje estou meio down, lamento. Resta-nos a triste “diversão” proporcionada pelo horário de propaganda gratuita (gratuito para quem, cara pálida?).
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