http://andremansur.com/blog/internet-rede-internacional-do-que/
Não é segredo que a televisão vem perdendo lugar entre os brasileiros. Já há alguns anos a internet cresce em termos de influência no comportamento das pessoas e como formadora de opinião, e parece ser só questão de tempo até que ela expanda de vez seus domínios entre as classes D e E.
Se pensamos na natureza desses dois meios de comunicação, uma diferença salta aos olhos: enquanto a televisão nos dá papinha na boca, a internet oferece um espaço para criarmos nossas próprias receitas e dividi-la com conhecidos e desconhecidos. A lógica é simples: enquanto a televisão pede para ser assistida, a internet quer mesmo é interagir. Interfaces personalizáveis, blogs, redes sociais e tantos outros convites à ação no mundo virtual pedem um outro usuário, muito diferente do telespectador ali na sala, assistindo à novela das sete. Sim, ela pede… mas será que recebe?
Nem sempre. Dispor de uma ferramenta interativa e que chame as pessoas a participar não é garantia de que, milagrosamente, todo mundo vai ser muito ativo e resolver mudar o mundo. Afinal, fomos todos muito bem doutrinados por décadas de “escuta-calado” ensinado pela mamãe televisão. Certo, pode até não ter sido mamãe, mas que a TV foi babá de muitos filhos de pais trabalhadores, isso foi! Sendo assim, não precisamos só de um brinquedo novo que nos possibilite interagir, AGIR e expor opiniões: precisamos mesmo é aprender a fazê-lo!
O que estamos compartilhando na internet hoje em dia? Está claro que ela é uma poderosa ferramenta de disseminação de opiniões, e pode facilmente agregar pessoas em prol de causas específicas. Mas ela é apenas isso, uma ferramenta, e não fará todo o trabalho sozinha. Nas mãos de pessoas acostumadas a aceitar “a vida como ela é” enquanto engolem Zorra Total, a internet só serve mesmo para saber da vida alheia (eterno prazer dos ociosos) e espalhar pérolas de indignação social que… sinceramente? Não levam a lugar nenhum: “Compartilhe essa imagem de cãozinho sofredor” ou “Quem odeia o prefeito curte” são apenas sombras do que poderia ser o uso ATIVO da internet como modificador social, se nós soubéssemos mesmo como ser ATIVOS.
No fim das contas, parece que nossos corpos sairam da frente da TV mas nossas mentes continuam lá. Transpô-las para o mundo interativo e democrático que a internet oferece demanda atitude, vontade de fazer diferente e, acima de tudo, a capacidade de questionar o que nos é oferecido. Sem isso, continuaremos zumbis parados em frente às telinhas que, embora mudem de formato (TV, PC, tablet, smartphone…), seguirão para sempre propagando a ignorância e o senso comum.
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