Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A dor anestesia os sentidos
Maria

No âmago da dor está a sensação de que tudo o que você é e o que você fez até aquele momento não passa de pó que o vento leva no primeiro sopro da manhã.

Quem pensa que conhece a dor e pensa que já passou por ela, deduz que a dor corta como faca de dois gumes. Mas a dor do dia de hoje é desconhecida do corpo e passa longe da visão e do pensamento.

A dor não pode ser pensada, nem imaginada e muito menos contabilizada em números. Ela vem quando você menos espera, entre um lufar do vento norte e um dobrar de esquinas do sol e golpeia teu espírito com tal intensidade e força que mais parece um corcel desvairado pelas pradarias e vales sem fim.

Ela corre em teu sangue como espada cortante, empurrando para as chamas do inferno interior as paredes das estradas da vida que existem dentro de você.

Ela te joga em violência de um tornado numa cama de agulhas em brasa que penetram teu corpo como espadas reluzentes navalhadas a ferro e fogo pelo ferreiro cruel. Seu interior é afligido, moído e triturado por dores sem fim, um dobrar-se em angústia total que já nem lágrimas trazem mais.

A dor que vem, dilacera a carne e rasga o coração com força de mil montanhas caindo em avalanche sobre tua vida e tudo o que te rodeia, reduzindo a pó e mais pó, tudo o que você acreditava ser e viver até aquele momento.

A dor anestesia os sentidos e entorpece o espírito num sono mórbido. Arranca com garras de aço de dentro de teu corpo a alma que já morreu, sem você nem mesmo saber.

O corpo se move nas dobras do tempo por mera obrigação. Você fica um maquinal da vida. A incoerência automatizada cegueia irrefletida no espelho de teu espírito abatido, corroído pelas ondas gigantescas da dor, jogado na fornalha que arde e arde num devorar sem fim tua vida que já nem mais existe.

Qual ébrio você caminha cambaleante e inebriado pelos braços fortes e intensos da dor que envolvem teu corpo, tua alma já morta e teu espírito em tentativa de fuga impossível.

Teus sentimentos não existem mais. As sensações de vida desapareceram. Você se move tentando se convencer que ainda vive.

No âmago da dor está a sensação de que tudo o que você é e o que você fez até aquele momento não passa de pó que o vento leva no primeiro sopro da manhã.

E para onde vagueia o espírito chicoteado pela dor?

Vai à procura de outra dor e agora como uma só, vagueia para abismos que chameiam com brasas quentes, a ferro e fogo, para marcar para sempre com nódoas da terra o pobre e frágil coração já tão castigado, mutilado e sofrido pela vida.


Número de vezes que este texto foi lido: 52992


Outros títulos do mesmo autor

Poesias sobre dias que marcam. Maria
Contos O vazio Maria
Poesias Nosso Penta vem ai ! maria
Crônicas O Funerário Adivinhão Maria
Crônicas Schusta! Maria
Poesias Texturas Maria
Poesias Prateleiras Maria
Poesias Autêntica Maria
Poesias Desfolhar da Poesia Maria
Poesias Emoção Que Se Vê Maria

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 1437.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 69005 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57916 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56752 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55826 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55092 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 55031 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54916 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54880 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54798 Visitas
Coisas - Rogério Freitas 54776 Visitas

Páginas: Próxima Última