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E SE FOSSE VOCÊ?!
ANDRE MANSUR BRANDAO

E se o acidente na Avenida Nossa Senhora do Carmo, ocorrido na última semana, tivesse sido provocado por alguém conversando ao celular? E se o dito acidente tivesse sido provocado por alguém estacionado em fila dupla?
E se as mortes tivessem sido provocadas por embriaguez, ou má conservação do veículo, ou mesmo óleo na pista? Qual seria a diferença para as famílias das vítimas? A revolta, a indignação, a dor, seriam menores, mais toleráveis?
E se o acidente fatal tivesse sido causado por… nós mesmos ??????????
A grande questão é que a sociedade adora réus. Adora culpados. Adora indignar-se com os pecados dos outros. E nossos pecados, quem os purificará?
Em que aspecto o motorista imprudente, que negligenciou todas as placas e adentrou numa avenida movimentada, com carga excessiva e problemas nos freios é diferente da turminha que está, a todo momento, enchendo a cara nos botecos de BH e do Brasil? Pois bem, apenas no resultado de seus atos. Se ninguém morrer, nada importa, correto? Ninguém vai comentar, nada vai acontecer. Mas se alguém tiver a infelicidade de dar causa a um evento fatal, aí, sim, a sociedade revolta-se totalmente.
Contra quem deve voltar-se nossa revolta, se todos nós, de uma forma ou de outra, somos cúmplices e co-autores desses “crimes potenciais”, desses eventos graves, que podem ou não ocorrer? A resposta é simples, hipócrita e cruel: culpado será apenas aquele que provocar o triste Resultado. Se enchermos a cara em bares, se pararmos em filas duplas nas portas de colégios, se fizermos ultrapassagens em locais proibidos e perigosos, ou se conversarmos ao celular enquanto dirigimos, e mesmo assim nada acontecer, não há “crime”. Ninguém irá se importar! Correto?
Ai, todavia, daquele que tiver a “infelicidade” de ser o causador de uma tragédia. Boa parte das pessoas, co-autores dos mesmos “crimes”, transformam-se em acusadores, juízes e executores e promovem a destruição sumária do “pária” irresponsável. A sociedade que, a todo momento, pratica os mesmo delitos, destrói aqueles que dela só estão separados através da tênue linha do Resultado. Que me perdoem a sinceridade, mas não existe nada mais demagogo e hipócrita no mundo que criticar aquilo que fazemos!
Não vou mentir. Eu, como vocês, já pratiquei parte dos “delitos” acima relacionados. Em que pese serem inúmeras as causas de acidentes graves, gostaria de chamar a atenção para o terrível hábito nacional (talvez mundial) de beber e dirigir. Para isso, vou contar uma história real, algo que vivi pessoalmente e, por isso, posso relatar com grande fidelidade à verdade.
Há quase duas décadas, prestei socorro em um acidente fatal, que culminou na morte de uma jovem moça de vinte e poucos anos. Todos os componentes de imprudência e de negligência estavam ali presentes. Principalmente a famigerada embriaguez. Aquela jovem vida, abreviada pela irresponsabilidade de outros, podia ter sido polpada. A ciência disso mudou minha vida.
Mais adiante, quando fiquei sabendo que minha esposa estava grávida de meu filho, a mudança, iniciada naquele acidente, atingiu a sua maturidade e ratifiquei minha decisão: não mais dirigir sob o efeito de álcool, qualquer que fosse a quantidade.
Hoje, sou considerado careta! Usando da linguagem das crianças, eu sou o maior pagador de micos, pois vou a festas e não bebo, nem um gota sequer de nada que contenha álcool. E olha que isso não é fácil, pois aguentar algumas festas de crianças sem uma boa cervejinha ou um bom vinho branco é duro.
Quando vou a casamentos ou outras festas, revezo a direção com casais de colegas, adotando a brilhante idéia do motorista da rodada. Ou, como Angélica, vou de táxi. De qualquer forma, beber e dirigir, qualquer que seja a quantidade, não é uma opção.
Meu objetivo, ao escrever essas palavras, não é tentar enganar vocês, dizendo que sou uma pessoa perfeita, que sou um exemplo a ser seguido. Sou, como todos, cheio de falhas e pecados. Porém, se tenho a humildade de reconhecer que sou imperfeito, tenho de reconhecer uma grande virtude que possuo: não sinto orgulho de meus defeitos!
Meu filho nunca me viu dirigir sob efeito de álcool. Raramente me viu beber em qualquer circunstância, pois não acredito que seja algo que pais devam mostrar a seus filhos. Adoro cerveja, vinhos e alguns coquetéis. Mas, como diria um sábio, os defeitos dos filhos, são filhos dos defeitos dos pais. Então, sempre que vou beber, faço-o, preferencialmente, longe de meu filho. E não vou mentir: tenho orgulho disso, em mim! E ele também!
Sempre há “opiniões” diversas, principalmente quando o assunto mexe com algum comportamento social massificado, como o é o consumo de álcool. Ninguém quer deixar seu carro em casa se for beber. Muitos dirão que há graus de embriaguez e que duas ou três long necks com um churrasquinho não tiram reflexos e bla bla bla…
Quando queremos fazer o que é proibido, primeiro convencemos a nós mesmos. Depois, buscamos a aprovação de nossos pares, o que também não é difícil de conseguir, já que todos queremos argumentos para continuar nosso modo de vida. Fato é que ninguém quer mudar suas atitudes, ao menos até que a própria vida mude seu curso.
Nem todos morrem em acidentes de trânsito. Muitos ficam vivos, vivendo em condições terríveis, para enfrentar seus medos, seu fardo, sua culpa. Vidas são roubadas a todo instante, porque ninguém quer acreditar que um acidente movido pela imprudência ou pela negligência está, estatisticamente, cada dia mais perto de nós.
Alguns podem dizer: “o que adianta eu não beber se, a qualquer momento, um bêbado pode surgir repentinamente na frente do meu carro e destruir minha vida e minha família?” Sobre isso, posso dizer: melhor um bêbado do que dois!
Vamos tentar fazer a nossa parte. E fazer nossa parte não é, apenas, deixar de beber e dirigir, mas, também, tentar influenciar o maior número de pessoas possível. Pois, se algum idiota, bêbado e irresponsável, que ama sua individualidade mais que seus semelhantes, surgir em nossa frente, para causar um grave acidente, que este idiota, bêbado e irresponsável seja outra pessoa, e não o reflexo de nossa própria imagem no espelho retrovisor do carro!
Se pensarmos diferente, seremos juízes hipócritas, que julgam e condenam a conduta dos outros, esquecendo-se de que a vida pode, ela própria, julgar-nos e condenar-nos por nossos pecados. E, posso garantir, o pior pecado do mundo é a hipocrisia!

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