Acostumamo-nos a ouvir notícias das matanças durante a chamada “Primavera Árabe”. Agora é a vez da Síria. Então descobrimos que quando está em jogo o poder, a vida de um ser humano não tem o menor valor. E ainda existem os malucos que decidem sair atirando dentro de um cinema. Ou na Noruega.
Para o brasileiro, num primeiro momento, isso causa indignação. E pela distância e desconhecimento do que acontece no nosso quintal, às vezes, até nos enchemos de orgulho. Alguns chegam a dizer que vivemos num paraíso. Existe a noção geral de que aqui nada está acontecendo.
Mas está. Mesmo que se tente camuflar os números aqui ou ali, o Brasil vive uma guerra silenciosa. Anualmente 50 mil pessoas são mortas por armas de fogo. E nos últimos 30 anos, não houve no Brasil nenhuma guerra ou revolução. Aqui essas mortes são simplesmente crimes.
E novamente para o brasileiro, num universo de 200 milhões de habitantes, 50 mil mortes passam por fração despercebida. Coisa pouca. Agora vai assustar um pouco. Toda a população de Rio Negrinho, e mais um pouquinho está sendo assassinada todos os anos. E 80% desses assassinatos são de jovens com até 19 anos.
Quando essas estatísticas são divulgadas pela mídia, começados a perceber várias coisas. Em alguns lugares como São Paulo, esse tipo de crime diminuiu. No Nordeste aconteceu o inverso. Houve uma explosão. Então quando a entrevistadora de um programa, e este telespectador pensou que a segurança tinha aumentado em São Paulo veio a grande decepção.
Decepção acompanhada de medo. Entre os especialistas, a razão dos assassinatos terem diminuídos em São Paulo é outra. Dizem eles que isto aconteceu porque uma facção criminosa se apoderou da cidade toda. Não existem mais oponentes para matar. Já no Nordeste, outra vez, ocorre o inverso. Lá as facções estão começando a guerra pelo poder agora. Uau. A entrevistadora quase engasgou.
E ainda restam outras perguntas. Uma delas é saber o motivo dos nossos jovens estarem entrando no mundo do crime. Pelo dinheiro? Status? Pelo “eu posso?”. Pensem como deve ser enfadonha a rotina de frequentar uma escola sem motivação. Não poder trabalhar. E ainda passar várias horas diante de um computador ou videogame.
Está claro que não é bem isso que a nossa juventude deseja. Estamos perdendo nossos jovens para o crime porque ali estão as aventuras e as compensações. São reais. Apesar de viver numa espécie de roleta russa, é ali que as coisas acontecem. E jovem quer fazer acontecer. Ninguém pensa em morrer amanhã, quando se vive intensamente. É urgente para o Brasil que se refaça o caminho das nossas futuras gerações.
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