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“... Que eu gosto, e é só meu...!”
Bo Borgat

Se vai viajar, então vem pra Bahia. Provar um tantinho de amor baiano, um carinho baiano, e o gosto, é tão gostoso e só tem na Bahia. Tudo é céu azul, música ao pé do ouvido, e mulher, muita mulher para todos os lados. Eu gosto das baianas. Um tipão de mulher, de pele de sol, um tanto brilhosa e que quando passa deixa aquele cheirinho. Ai uma baiana, que falta faz, quando nos deixam. Que falta dessas mãos curiosas e essas curvas, iguais às ruas de Santa Cruz. Vai, diz a ela pra não maltratar tanto assim um admirador. Baiana fala, não pensa, e quando não nos querem mais, é um chororô nosso, sem fim. Uma noite apenas não dá, são insaciáveis, e o coração um lar. Elas não se viram, não, encaram com olhos vertiginosos, sem medo e respeito, essas mulheres nos deixam mal. E assim que colocar o pé no Bonfim espere uma descer a ladeira, lá vem à baiana, quebrando as cadeiras, dando um nó no nosso mnhum – mnhum, mnhum – mnhum... Quando encontrar uma baiana você tem que sorrir, elas adoram se sentir o centro de todas as atenções, como se pudesse ser diferente, se você já viu uma baiana sabe do que digo. Mas aguente firme no olhar, com mulher de dendê tem que ser firme, se não ela faz o que bem quer. E as convide para sair, faça gostos, cumpra uma única promessa e se amarre, com essa lhe digo que é possível. Uma baiana cuida, espera você chegar e quando zanga... Desculpa sim! E pelo que vejo vai fazer como eu, desistir de voltar e ficar, porque na Bahia é possível sim. E vai morar em uma rua, que fica entre duas, próximo a uma ladeira, um lava a jato, uma oficina na esquina, uma pracinha, vários armarinhos e comprar pão lá em cima ou um acarajé sem salada. Vai fazer logo amizades, e por onde passar ouvir um “Vá com Deus” ou “Deus que te acompanhe, meu filho” como se fossem tão diferentes assim, um do outro. Na sexta vai saber que o trabalho acaba, e vai acordar cedo no sábado, correr para o “campinho” mais próximo, bater um baba, quando acabar, rindo muito dos três gols que deu no careca(Porque você é jogador e só não tá na seleção por um probleminha no joelho). Vai beber com a galera uma skol porque preferimos uma skol gelada à uma schin, e depois correr para casa, tirar o barro no lado de fora, porque a mulher odeia a areia que você sempre deixa no banheiro, e esperar o almoço, mas te pedem para subir e comprar uma cabeça de alho, depois um limão e a pimenta? Sem pimenta não tem comida, não tem tempero, não tem gosto. Acaba o almoço você dá uma passadinha no bar, jogar uma partidinha de sinuca e lamenta a notícia de uma chacina em um bairro longe, mas que você já passou, passou sim, daquela vez que você perdeu o ponto de tanto cansaço e dormiu mesmo, foi acordado bem longe do seu destino, lembra? Acho que foi em Mussurunga, ou Cosme de Farias, talvez tenham dito Arenoso, você não dá muita atenção porque o Trio Ternura está passando, e tem sempre o novato que pergunta quem são, mas você deixa outro explicar, perder a atenção não, que aquelas são as meninas do fim da rua, que não se largam e rebolam tanto com aqueles shortinhos tão curtinhos, mas sempre tem a que usa saia, e agente gosta... mnhum – mnhum. Elas nos deixam com vontade de gritar um ôba – salve a Bahia! – quando as três rosas entram em seu beco, pronto, acabo e é bom ligarem logo a TV pra ver o Bavi, só louco vai perder essa. Hoje meu time ganha e um grita “Bora meu Bahia!” outro “ Nêêgo! Nêêgo!” Dá empate, e isso é uma lá-ela , os tricolor jogando na cara dos rubro-negro que tem estrela, e os rubro-negro com a frase “ Quem vive de passado é museu”. E eu, Santos doente, não deixo nenhum dos dois saber. Incomoda, não vamos nos iludir, mas xô voltar pra casa, porque já deu a hora e não troco minha nega por marmanjo nenhum. Um choro de criança, um contar de esconde-esconde, e fechando o portão escuto Junior gritar “um, dois, três, salve todos!” (O muleque acabou a brincadeira).
E como são boas as chegadas, porque eu a abraço, e recebo suas tapas me sentindo sortudo, minha roupa de domingo já esta passada. Uma baiana é uma mulher, e você encontra tudo entre seus braços, e perde..., quase tudo, entre as suas pernas. Que bom que as noites chegam cedo nessa terra, e que as noites quentes são tão cheias de seios e cochas tudo em um corpo que sempre caí em mim. E que as noite frias, são tão cheias de cobertas, que nos cobrem, nos aquecem e nos escondem, escondem nossos pecados da noite, fria ou quente, é sempre bom se minha preta estiver ao meu lado.
E o domingo chega, com aparência deserta e silenciosa, todos encontram compromisso, e á festa em todos os quintais de todas as casas. Peça licença onde passar, em todas as esquinas peça licença, agradeça e receba de bom agrado o carurú, oferecido ou não, é carurú e baiano que é baiano não rejeita. Peça proteção ao sair, agradeça pela volta, e não se esqueça que a Bahia é uma terra de Santo e Santos, de um Deus e natureza, tudo existe na Bahia, peça passagem. Sua arrumação já se foi depois do almoço, e se a calça estiver apertada liberte a barriga, descanse. Uma sesta é sempre bem vinda depois do almoço, e fique de olho, mesmo do ponto mais baixo observe sua morena, veja quem se aproxima dela, cuide do que é seu. Ainda mais que começou um samba e ela entra, e mexe e como remexe, bulindo com a moçada, me deixando louco. Muitos assobios e batuques, até palmas, e ela sorri, que baiana não gosta de elogios? Ainda mais para seu balançado? A minha eu conheço e ela também me conhece, não mostra pra quem tá de perto, mas olha de lá pra mim, manda até beijo, e de lábio grosso, (Mas pra cima de mim?) Dei adeus para todos, e fui para casa. E abri as janelas, obrigando o cheiro a visitar as narigas vizinhas e solteiras.
- Que morram de inveja. – puxei aquela que enchia minha boca d’água.
- De quê? – ela veio com aquele seu jeitinho pidão de elogios.
- De mim por ter você. – olhei aquela imagem de Nossa Senhora Aparecida em seu colar, e que ela me perdoasse, mas eu iria é pecar com sua filha.
Lhe digo que é fácil gostar de uma baiana, a minha gostei logo de primeira, rápido como cachorro em feira. Agora me diz, dai do outro lado, de onde você está, dá pra sentir o cheiro do feijão? Todas as mulheres deixam pra tomar as ruas da Bahia com um bom cheiro de feijão, em todos os domingos, o feijão da semana. E um, muito do ousado, deixa pra passar gritando na nossa janela, logo pra minha preta, que vasculha a panela, “Chêro viu!”. E ela se meche, lisonja e como é bom, bom demais essa minha Bahia, cheinha de baianas iguais ás minhas. Baianas apaixonantes...


Este texto é administrado por: Mila Tuane
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