Espera. É paciente, profissional. Acende o cigarro, tentando se manter calmo.
- O sacana tá demorando.
Protesta, em voz baixa, desabafando o que sente.
E, na mente, a orientação do patrão:
- Quando o safado sair da casa, você segue ele e depois faça o serviço...
Ah, cumprirá com prazer a tarefa... O “encomendado” abusou sexualmente da filha do outro.
- Uma menina de onze anos e ser violentada por um tarado!
O rosto vermelho, os gestos nervosos. E a voz gritada, da revolta.
- Acabe com ele! Tome segura.
A mão com o pagamento. Recebeu-o, calado, conveniente.
- A outra parte só depois do serviço.
Aí ele falou:
- Tudo bem. O senhor pode ficar sossegado.
Uma criança e ser violentada... O portão então é aberto e o carro transpondo-o, segue à direita, macio, ganhando a rua sossegada, de residências muradas, de árvores nos jardins, do bairro classe alta.
Ele atira a ponta do cigarro fora e descendo o vidro, abre o paletó, buscando a arma, que a engatilha e torna-a ao bolso. Dirige, a fisionomia serena, mais fechada.
Adiante, no sinal que fecha, então se emparelha ao carro cinza que estaciona, aguardando o sinal novamente se abrir.
O rosto gordo, amarelo se volta, percebendo-o e antes que feche o vidro, entendendo... É atingido pelos disparos da arma silenciosa no rosto e no peito largo e... Vai se apagando. Para sempre se apagando.
- Missão cumprida.
Mais uma vez fala o enviado da morte.
Avança, calmo, frio, pensando na outra parte que receberá do contrato.
Lu Dias BH disse:
Paulo Valença O escritor dos contos curtos.
Você é o escritor de seu tempo.
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