AINDA HÁ TEMPO...
Tempo veloz...Asas roncando...
Num instante a chegada dos torpedos.
Sem saber como dete-los vou fugindo
Como areia pelo vão dos dedos...
Quinto dia da III Guerra Mundial.
Do Oriente para o Ocidente foi lançada a Bomba de 10 Megatons. A Europa sofre um dos mais terríveis ataques nucleares do planeta.
Noticia-se que algumas ilhas do Mediterrâneo são tragadas pelo maremoto.
Sinto-me frágil como os homens, mulheres e crianças que procuram seus parentes numa busca infrutífera e pungente. O Averno se destaca na flama do egoísmo humano e ao redor da tragédia gemem os pênfigos, cegos e amputados.
Amparado numa bengala sigo em frente sem saber qual roteiro traçar. Vou para onde a maioria vai. Ainda chispam fumaradas, algumas casas da cidade. O sol é pálido e o rigor do frio começa a se antepor inadequadamente. O céu se pincela da anilina para o cinza escuro.
A cada passo, sinto-me fraco e desnorteado. A dor ulcerada criva o peito como faca pontiaguda e o torpor me vem à cabeça no mal a que se entrega.
Trôpego, assisto agora um ataque de rajadas, roubando na morte, a vida de inocentes que se evadem.
Na tentativa de fugir a essa emboscada, me vejo agora frente a frente com o soldado que me aponta o fuzil...
O quê fazer, meu Deus ?
Nesses momentos, desarmados de corpo e alma, recordamos tardiamente da presença de Jesus!
O inimigo se posiciona e, de arma em punho, procura meu alvo. Tento erguer os braços para o céu enquanto o algoz faz a mira e aperta o gatilho...
....................
Mas, quê !!!
De repente, num sobressalto, abro os olhos e me desperto de um terrível sonho...
Refeito do estado de mutismo em que me vi, lembrei que ainda há tempo e que muitas coisas podem ser evitadas.
Ainda estamos no começo do III Milênio, graças a Deus !
Júlio Sampietro
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