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Todos os domingos é a mesma rotina, Aristeu leva o cachorro para passear e depois vai à feira.
- Gertruuudes, cadê a coleira de Astolfo?
- Está naquela gaveta do armário de guardar ferramentas. Foi você mesmo quem guardou.
- Gertruuudes, cadê a lista de compras?
- Eu já te dei, você guardou, procura em seus bolsos.
- Gertruuudes, cadê o Astolfo?
- Posso terminar de varrer o quintal? Você me chama a toda hora, ainda tenho de fazer o almoço. Procura que você vai achar.
- Não se estresse Gertrudes!
E assim, Aristeu começou a procurar. Olhou embaixo da sua cama, olhou embaixo da mesa, olhou na casa toda e não achou o danado do cachorro. Astolfo como não era bobo nem nada já o esperava no portão.
- Você é muito esperto, hein!
E assim foi ele com seu cachorro cotó. Após pararem em vinte postes para Astolfo urinar, e depois se soltar da coleira por causa de um gato, chegaram à feira.
- Agora que é bom, está tudo mais barato. É a hora da xepa!
Como já era muito conhecido, Aristeu tinha a mania de parar em todas as barracas para provar as frutas e demorava muito.
- Amigo! Essa tangerina está doce? Deixe-me provar!
Astolfo por sua vez, tinha um certo medo, porque, normalmente era pisoteado, e uma certa vez teve uma velha que o chutou por ele ter errado o pé da barraca e ter feito xixi em seus pés.
- Astolfo, olha onde você vai mijar dessa vez, aqui é difícil achar um poste.
Após provar meia dúzia de bananas, quase uma dúzia de tangerinas e fazer o cara abrir uma melancia, resolveu procurar a lista de compras.
- Meu Deus! Perdi a lista, e esqueci o celular. Era só o que me faltava!
Aristeu além de glutão, tinha uma cabeça de mamão, esquecia tudo.
- Meus pés estão doendo muito, vou comprar algumas frutas e semana que vem eu compro o resto. Só que a mulher vai ficar uma fera comigo!
Comprou pouca coisa, já que o dinheiro que a esposa lhe dera estava dentro da lista e o que ele tinha não dava pra nada.
- Bem, pelo menos deu pra comprar três mangas, duas laranjas e um pedacinho de melancia. Eu não comprei banana, nem tangerina porque fiquei enjoado.
Foi beliscando para casa. O pedaço de melancia foi o primeiro a acabar. Parou no bar do seu Manuel, pediu uma cerveja e perguntou se podia botar na conta e ainda pediu uma faca emprestada.
- Pode sim. Mas pra que queres faca, homem? – perguntou o Português.
- Vou chupar uma laranja!
- Laranja com cerveja? Nunca vi.
Após encontrar alguns amigos, comerem o torresmo todo do seu Manuel e tomarem quase uma caixa de cerveja, Aristeu resolveu ir embora porque Astolfo já uivava de fome.
- Vamos embora cachorro chato! Porque você não comeu aquela manga que lhe dei?
Ao chegarem a casa, só com duas mangas, procuraram Gertrudes e não acharam, estava um silêncio sepulcral. Foi até o fogão, estava vazio, não havia comida alguma, nem na geladeira. Olhou para hora, e já passava das cinco.
- Eu cheio de fome e a mulher some, vou ligar para seu celular.
O telefone tocou muitas vezes, parecia que ela não queria atender, mas, por fim atendeu.
- Oi benzinho, eu trouxe umas manguinhas para você. A propósito, onde você está?
- Seu Cachorro! No mínimo você deixou o Astolfo com fome, não é?
- Mas, mas, mas... – ele não conseguiu falar.
- Não ia ficar o dia inteiro esperando o arroz que estava na lista, então, saí pra almoçar com minhas amigas. Se você quiser jantar, que faça. Comprou tudo que lhe pedi, né?
- Mais, mais, mais ou menos...
- Você esqueceu de comprar alguma coisa?
- Na...na...nãooo!
- Você está muito estranho! Já sei, bebeu né?
- Nãooo! Só um copinho com os amigos...
- Bebeu ou não bebeu?
- Cla...claro que não!
- Seu mentiroso! Olha aqui! Se Você gastou o dinheiro das compras com a bebida, o bicho vai pegar, hein! Quando eu chegar, quero ver tudo aí.
- Claro, meu amor!
- E que negócio é esse, que eu não entendi, você falou que trouxe umas manguinhas para mim? Eu coloquei na lista todas as frutas da estação...
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