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QUASE QUE O CARRO NÃO ANDA
HISTÓRIA DE TAXISTA 08
Britinho

Era véspera de feriado, pleno verão, um calor escaldante, nem o ar condicionado do carro dava vazão.
    Tinha acabado de chegar ao ponto, quando um colega pediu-me que levasse um passageiro, que acabara de ligar, alegando que seu carro era pequeno. Passou-me o endereço e me desejou boa sorte.
    Estranhei, por que eu era o quarto da fila, e pensei, será que ele falou com os outros dois? E se falou, por que eles não foram?
    Como meu carro tem um bom porta malas, fui com maior prazer, achando que se tratava de algumas bagagens, fui pensando que pudesse ser uma ótima corrida do tipo, aeroporto, ou até mesmo uma viagem para Região dos Lagos por exemplo.
    Ao chegar ao local, avistei um cara grande com uma bolsa e uma mala aos seus pés, tomando cerveja num bar ao lado do endereço prescrito. Saí do taxi, e fui tocar a campainha, quando de repente me sai um cara enorme de dentro da casa, com muitas malas uma maior que a outra, querendo ir para rodoviária.
    Disse a ele que talvez o carro não desse, e que era melhor chamar outro taxi pra ajudar. Foi quando o sujeito muito revoltado falou que, a pessoa que havia atendido ao telefone disse a ele que iria mandar um carro grande, e que ele não iria pagar outro taxi. E ainda acrescentou que o sujeito que estava no bar também iria, e pelo caminho ainda teríamos de pegar outra pessoa.
    Entraram no carro, saí muito revoltado, com o colega que não me avisou, e com os outros dois que estavam a minha frente no ponto, por que os carros deles também eram grandes!
- Mui amigos! - pensei alto.
    Perguntaram se eu havia falado alguma coisa, e eu disse:
- O senhor não falou que ainda temos de pegar outra pessoa? Eu disse que está tudo bem, amigo!
    O taxi saiu abarrotado. Mas o pior era a catinga de cece que o grandão estava, uma inhaca desgraçada, parecia rato podre, e o outro, o pinguço, com um bafo de cana que, mas parecia um alambique, ruim de suportar, e ainda arrotava o tempo todo.
    Eu estava pensando que se essa outra pessoa fosse também muito grande, não iria dar mesmo, eu teria de tomar uma decisão. Até porque o motorista também não é pequeno, né?
    O carro não iria andar, ficaria muito pesado.
    Chegando a casa da outra pessoa, me aparece um magrinho todo perfumado. Eu pensei que estivesse no endereço errado, mas o grandão falou:
- Ô Cremilson! Cadê as malas?
- Pra que mala, se nós vamos ficar fora só três dias? Estou levando essa mochila. - Disse o magrinho.
    Fiquei com pena do carinha, ele ficou esmagado, sumiu entre as malas.
    Se meu estômago já estava embrulhado, eu imaginava o do magrinho que estava coladinho a eles. Por que os cheiros já estavam se misturando, o perfume do pequeno, o cece do grandão, e o bafo de cana do outro; e o carro todo fechado por causa do ar condicionado.
    Até que não agüentei e disse que iria abrir os vidros, alegando que o carro estava muito pesado, e com o ar condicionado ligado o carro ficava sem força para andar. O menorzinho gostou da idéia, mas o grandão, não, e falou:
- Pô, motorista! Vai ficar um calor danado aqui dentro.
    De fato, vai! Mas é melhor sentir calor do que fedor. Pensei.
- Amigo! Se eu não desligar o ar, esse carro não vai andar. Vamos com ar natural, mesmo. - Disse a ele.
- Além do mais, está um fedor danado aqui, acho que alguém pisou na merda. - disse o magrinho.
- Fui eu quem pisou! - disse meio sem graça o pé de cana, que estava caladinho.
    Parei o carro rapidinho, quase vomitando, dizendo para ele olhar, e ver se não tinha sujado o tapete.
    Foi quando o maior falou:
- Ele não tem obrigação de olhar se teu carro está sujo, não!
- Eu é que não tenho amigo! Se eu baixar a cabeça pra ver coco, vou acabar vomitando. - Disse a ele.
    Após aquela confusão, depois dele esfregar o pé na grama, o cheiro continuava. Mas eu tinha a certeza que o cheiro não era só de coco e sim do passageiro fedorento.
    Foi aí, que peguei uma subida, o carro não agüentou e começou a pipocar! Já estava cheirando a queimado e começou a sair fumaça do motor. Nunca senti tanto prazer em ver meu carro enguiçado.
- Meus amigos! Final de linha, o carro enguiçou. - Disse a eles.
    Ficamos a pé na ladeira; eu tive de descer, porque, acabara de ver um telefone público, e eles tiveram de subir com aquelas malas, por que ali era meio deserto e dificilmente passaria outro taxi.





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