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REMINISCÊNCIAS
João Carlos de Oliveira

O acesso para a nossa escola era feito através de uma estrada cavaleira de terra batida, que nos levava até o velho povoado de Barreiras, situado nas encostas da serra do bom sucesso. O trecho de estradas, era de pouco mais do que três kilometros, distância esta, facilmente vencidos à pé por um grupo de estudantes, dentre os quais, me incluía. Até que poderia seguir montado a cavalo, se assim o desejasse, entretanto, fazia questão mesmo, era de seguir a pé, juntamente com a meninada da vizinhança.
Como a fazenda do meu pai, se localizava num ponto eqüidistante médio, do trecho a ser percorrido, inicialmente, eu e a minha irmã Marilda, recebíamos ainda em nossa casa, a companhia dos meninos dos Ferreiras – Aristides e Dinga, e ainda, a presença dos nossos colegas, filhos do Sr. Ramiro – Zorilda, Robson, e Ronaldo. Uma vez reunidos o pequeno grupo inicial, novos estudantes iam sendo incorporados ao grupo na medida em que nos encaminhávamos em direção a escola. Assim é que, ao passarmos pela casa do Sr. Antenor, o grupo crescia mais, ao receber a presença, do Ademar, do Tino, e da Noêmia. Não longe dali, o grupo recebia a companhia das duas filhas do Sr. Ponciano – Zilda e Nem. Em seguida, descendo a ladeira, encontrávamos a casa sede da Sra. Duninha, lá estavam nos esperando, o Mundinho de Quelé e sua irmã. Ao passarmos, pelas casas do Barreirinho, recebíamos a companhia do Dêga, filho da costureira Lindaura, e ainda, os filhos do Sr. Zé de Angélica – Velho, Nem, e Waldo. Vencido o atoleiro da manga do bengo, logo após a cancela, bem ao lado do corredor de acesso para as mangas do Sr. Antonio Branco, ficava a casa da Sra. Maria de Joquim, de onde nos acompanhavam, as suas duas filhas – Affra e Di. Existiam também, um grupo de meninos que moravam um pouco mais longe, que na maioria das vezes, seguiam montados a cavalo, eram a turma dos Olhos D’ água, netos da Dona Juliana e da Velha Sá Gaída, representados pelo meninos: Filho, preto, Toco, Pengo, Lé, e Roberto Carlos.
A verdade mesmo, é que todos nós seguíamos em festa, vez ou outra, surgiam discordâncias e discussões, e até brigas, eu mesmo, acabei por ser uma das vítimas destas brigas. Entretanto, passados aqueles momentos de fúria, no outro dia, o grupo se reunia pelos caminhos da escola, como se nada tivesse acontecido.
Os professores daquela época, eram bastante exigentes. Hoje entendo, que não poderiam ser diferentes, afinal, imagine coordenar uma turma de alunos em sala de aula multiseriada? Onde, as turmas do primeiro, segundo, e terceiro ano do primeiro grau, estudavam todos na mesma sala, e no mesmo horário? Muitos castigos nos eram aplicados, principalmente, o castigo de permanecer de pé num canto da sala de aula, muitas vezes, durante a aula inteira, sob o olhar dos colegas. Havia ainda, o castigo da restrição ao recreio, quando o aluno, permanecia preso na sala de aula, sem poder acompanhar os demais.
Lembro-me, que num canto da sala de aula, ao lado da mesa do professor, lá sempre estava a presença majestosa da bandeira nacional. O canto do hino nacional e do hino a bandeira, eram freqüentes, todos os alunos, deveriam sabê-los de cor.
Os horários do recreio eram festivos, jogávamos muita bola. Quando não tínhamos uma bola de capota, usávamos de borracha, e na falta desta, a gente improvisava, com bolas feito com meias, com enchimento feito com panos.
Por época dos frutos da Jurubeba e da Caiçara, oriundos do mato nativo que ficava aos fundos da escola, aproveitávamos dos momentos do recreio, para apanhá-los e saboreá-los.
Más a maior festa mesmo, ficava era para a nossa volta para casa. Apostávamos corridas, subíamos em árvores para apanhar filhotes de passarinhos, colhiamos os frutos da pitombeira, da goiabeira, e do chichá, quebrávamos as castanhas do côco cansanção, sem contar os momentos de perigo, pelos banhos na lagoa da manga do tanque, do Sr. Antonio Branco. Fazíamos tudo isso antes do anoitecer, pois tínhamos muito mêdo de passarmos pela cruz de madeira do Zé Bala, que ficava às margens da estrada.
Quão doces lembranças daquele tempo, lembranças de um passado que não volta mais – colegas que se perderam no tempo. Mas, o mais importante de tudo, foram a grandeza daqueles momentos, afinal, as nossas vidas não são feitas da somatória de momentos bons e ruins?Estou certo, que aqueles foram muitos bons momentos, e isso, na verdade, é o que verdadeiramente importa. Sei que estas lembranças permanecerão acesas dentro de cada um de nós – alunos da turma do ano de 1960, da Escola Municipal Barão de Gorutuba/Município de Montes Claros/MG -, não importa onde estejamos, mesmo que as atribulações de vida de cada um de nós, não nos permita, que nos reencontremos de novo.

Montes Claros, MG, 12/12/2010.

João Carlos de Oliveira
E-mail: zoo.animais@hotmail.com





Biografia:
Nem mesmo cairá uma unica folha de uma árvore, se caso não exista uma razão para tal!

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