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Quem nos salvará?
Joseph Shafan

Era uma segunda-feira em New York. No final da tarde, como era normal, um grupo de fãs se aproximou de John Lennon, que contava 40 anos de idade, defronte ao Edifício Dakota (em frente ao Central Park) onde morava com sua mulher Yoko Ono e seu filho Sean. Nesse grupo estava Marc Chapman, de 25 anos, que pediu a Lennon autografasse um álbum de Double Fantasy, LP recém lançado por John (esse momento foi fotografado por Paul Goresh, fotógrafo amador). Goresh sempre aparecia por ali para fotografar Lennon e Yoko como podia e Chapman estava sempre se misturando aos fãs que rondavam a residência de John. O casal saiu antes das 20 h com a limusine deles e o grupo de fãs se dispersou. Chapman ficou por ali com alguns poucos. Por volta das 20h Goresh anunciou que iria voltar para sua casa em New Jersey pois sabia que John e Yoko tinham ido novamente para o estúdio de gravação Record Plant e que provavelmente só retornariam depois da meia-noite. Chapman, ao ouvir Goresh pediu-lhe que ficasse e disse "Se eu fosse você esperaria...Nunca se sabe se você irá vê-lo novamente". Goresh não captou a dica e foi embora. Chapman ficou conversando com o porteiro do edifício, José Perdomo e mais dois fãs. Às 22:50h a limusine branca estacionou na calçada. Yoko Ono desceu primeiro e Lennon a seguia para adentrarem o prédio, passando por Chapman que gritou: "Mr. Lennon!". Enquanto John se virava para olhar atrás, Chapman sacara o revólver do bolso equlibrando-o com as duas mãos e em posição apontava para Lennon. John tentou fugir correndo enquanto Chapman disparava o 38 cinco vezes. Uma janela do edifício foi atingida por um tiro e os quatro tiros seguintes acertaram as costas de John. Três deles atravessaram o corpo e um deles destruiu a artéria aorta. John não caiu imediatamente, caminhando cerca de seis passos. A seguir parou dizendo "Fui baleado" e caiu de bruços. Embora houvesse uma entrada do metrô do outro lado da rua, Chapman não esboçou fugir. Ouviu Perdomo gritar repetidamente "Você sabe o que fez?" enquanto batia em sua mão fazendo a arma cair no chão que foi em seguida chutada fora pelo porteiro. Chapman tirou o chapéu e o casaco atirando-os na calçada, pegou um livro (O Apanhador no Campo de Centeio) folheando-o e quando a polícia chegou entregou-se. Quando foi colocado algemado dentro do carro de polícia, disse aos policiais: "Desculpe-me por estar dando a vocês todo esse problema". Lennon foi levado à emergência do Hospital Roosevelt sendo atendido pelo Dr. Stephan G. Lynn que tentou massagear o coração do paciente, porém "haviam tantos danos nos vasos sanguíneos principais que o sangue somente vazou", disse depois. Era o fim de uma batalha de 20 minutos para reanimar John, que foi declarado morto às 23:15 h daquele dia 08 de dezembro de 1980. O plano de Marc Chapman obtivera êxito e posteriormente diria que o motivo fora uma declaração, polêmica e de grande repercussão, de John Lennon dada em 04 de março de 1966 durante uma entrevista a Maureen Cleave para o London Evening Standard: "O Cristianismo vai desaparecer. Vai diminuir e encolher. (...) Nós, Beatles, somos mais populares do que Jesus neste momento. Não sei qual vai desaparecer primeiro - o rock and roll ou o Cristianismo. Cristo não era mau, mas os seus discípulos são obtusos e vulgares. É a distorção deles que estraga o Cristianismo para mim". Quando publicada nos EUA a entrevista causara dentre as reações a queima de vários álbuns dos Beatles em praça pública e o banimento das canções do conjunto em várias estações de rádio. Sabe-se historicamente que os americanos no geral se considera o 'povo eleito' desde os 'peregrinos' que fundaram aquela nação. A frase repetida secularmente por eles é "Jesus nos salva". Resta então saber, quem nos salvará deles?


Biografia:
Escrevo porque gosto de transmitir em palavras o que penso.
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