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Tarde em S
Lasana Lukata












tarde de frente fria

flamboyants vermelhos

folhas verdes

garças brancas

garça de pescoço em S de solidão

e nem a poesia te socorre




tarde de nuvens cinza

passando em S

sem graça

sem vida

em frente a vidraça

me embaça

e a chuva cai

transborda o rio

dos olhos das garças

* composição realizada em março de 2002, juntamente com os poemas falando sobre garças e enviada ao poeta Mariel F. dos Reis para a apresentação do livro "Exercício de Garça" que infelizmente não foi publicado pela Editora Scortecci por conta de um concurso literário.

abaixo o texto de Mariel que me chama de Cláudio Alves em vez de Lasana Lukata.


Exercício de Garça - Cláudio Alves


A multiplicidade de vozes da poesia contemporânea tem gerado os mais
diferentes resultados. E os poetas, atingido uma perfeição artesanal de
causar inveja a qualquer parnasiano. E nesse caldo pós - moderno, temos uma
variável que nem sempre é levada em consideração no julgamento da poesia
hoje: é de que ela está desaparecida da maioria dos poemas lidos por mim
ultimamente. O que não quer constituir um juízo de valor, mas, afeta
diretamente aquilo que chamo de empatia do que se está lendo. Todos conhecem
de cor e salteado a cartilha, sabem fazer sonetos, glorificam João Cabral de
Mello Neto, participam de foruns, contudo a essência do que escrevem não
participa do humano que constitui e colabora para nosso aperfeiçoamento. Não
comove.
Quando me chamaram para a apresentãção do livro de Cláudio Alves, exultei
por conhecê-lo pessoalmente, e depois pela qualidade do manuscrito lido por
mim. E me prontifiquei em entregar o mais rápido possível minhas impressões.
E foi a melhor. Porque lendo as peças que compõem o grande poema ecologico
que entitula o livro, notei que nele há, além das qualidades de carpintaria
necessárias ao ofício, coisa de que não duvido ter o poeta, somou-se a
lemnbrança dos grandes haicais, e da pintura oriental, ondfe são recorrentes
imagens de tanta delicadeza e pungência. Como as que habitam o longo poema
que descreve a vinda das garças para a aldeia de Cláudio e como elas vêem os
homens. E a progressão de uma relação que põe em cheque a evolução dos
centros urbanos e a degradação do meio onde habitam de qual esse urubu
branco é o presenciador e anunciador de algo que está se quebrando e se
perdendo dentro e fora de nós. As garças de Cláudio, comparadas com o boi de
Carlos Drummond de Andrade, observa os homens. Na sua dor e na sua patética
tentativa de apreender o significado dos nossos gestos se fogem a
compreensão dos animais, ganham contorno de um sessão de tortura por querer
arrancar de dentro de nós aquela simplicidade esquecida, e a antiga comunhão
que tinhamos com a natureza. Quando formavamos um só corpo e o planeta era
nossa única casa.
Cláudio Alves alinhava todos esses crimes que os seres de almas sensíveis
tem medo de olhar de frente, porque estão desnudados ali, naqueles versos,
por aqueles bicos, que descarnam nosso esqueleto diante de uma verdade que o
rio sussurra em segredo àquelas aves, que os homens passarão e elas
passarinham.

Mariel Reis



Biografia:
Lasana Lukata é poeta, escritor por usucapião, São João do Meriti, RJ.
Número de vezes que este texto foi lido: 61638


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