Resumo: Na puberdade latente dos 15 anos, em uma noite escrevi esse conto e, na outra, ganhei o concurso literário municipal. Dedico ao grande Nicolas Merchiori, que propagou a fama e é o maior incentivador desse texto. Transcrevo o texto original, com os erros e inconseqüências da escrita juvenil, sem correções. |
Ria o roto do esfarrapado. Seu ar cômico era contrastante com a sua petulante crítica satírica.
A ele nada satisfazia. Solitário, Jonas revelava-se um distinto strelitz.
Bastardo, perdeu o saudável convívio materno aos 7 anos. Foi acolhido por uma instituição católica. Ao menos algo, felizmente, ele respeitava. Era imprescindível que visitasse o altar dia após dia, pela manhã. Costumava dizer:
- “A noite é profana, o destino de cada um nela é planejado.”
Detestava manter-se fora de casa. Seu mundo era secreto. Diariamente redigia uma coluna de extrema oposição ao governo direitista que vigorava. O escrito era publicado sob o pseudônimo O Pandemônio. Idéias grotescas o atormentavam. Sentia-se o escolhido, que com bravura tornaria - se ícone de mudança. Com firmeza, decidiu. Pensou e escolheu: entre ser velado como indigente a entrar para história. A ganância sentimental imperou.
O dia certo, 11 de novembro, chegara. O excelentíssimo senhor Presidente da República estava na cidade, para a inauguração de um importante complexo médico. Teria de pronunciar-se, cedo ou tarde.
Pacientemente Jonas aguardava. Seus olhos orvalharam-se com os instantes precedentes.
Na sucessão de segundos, tudo mudou. Enquanto o chefe da nação recitava seu discurso, Jonas levantou. Em meio à multidão, respirou profundamente (mal sabia ele que seria a última vez). Sacou de sua arma, em toda a desprezível grandiosidade do ato diabólico. Apontou a cuspidora de projéteis... e disparou!
Sua excelência caía ao chão, já indo ao encontro de Deus (quem sabe?). No mesmo instante, antes mesmo que Jonas expirasse, a retaliação veio à sua face. Balaço de inegável pontaria o desfigurou. População espavorida, com medo.
O pobre homem ignorou que a morte dos outros não nos salva.
Em seu epitáfio, algum sacana escreveu como homenagem a este capadócio: “Cave Hominem” (cuidado com o homem)
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