FÁBULA
A alameda acabava na aldeia, donde subia um caminho, penetrando no matagal povoado de leões e tigres gigantescos. Mas os leões raramente apareciam. E os tigres rarissimamente urravam do fundo da noite.
Quando os homens saíam para a caça, em grupos de cinco ou seis, deixavam as recomendações do que as mulheres deveriam fazer caso não voltassem. No entanto, elas jamais revelavam que recomendações eram essas, pois os maridos sempre voltavam. Então, eles partiam descansados, e demoravam, em regra, dois meses enfiados no mato. Não apareciam, se não trouxessem um exemplar, pelo menos. Alguns retornavam trazendo até mais de um leão. Só uma vez caçaram um tigre. Uma coisa de louco de tão grande o bichano. E houve festa, grande festa na aldeia.
Certa vez os caçadores começaram a não voltar. Fizeram-se vários grupos de caçadores para procurar os companheiros. Quantos fossem organizados, não voltariam mais. Eles, então, começaram a ficar profundamente preocupados. E reuniram um conselho de anciãos que resolveu como medida de segurança, determinar a construção duma jaula, dentro da qual passariam a morar. Não houve protestos, e a jaula foi construída. Por isso, quando as feras invadiram a aldeia, os homens já se encontravam em segurança.
De dia, durante o afastamento dos animais, eles saem e abastecem o celeiro. E nas noites de lua, o povo se reúne e se diverte atirando tochas de fogo nos tigres e leões que rondam furiosos em redor da jaula.
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