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O TRADUTOR
O TRADUTOR
LLEAL

Para minha surpresa, o quarto, parecendo novo – completamente diferente do meu – era pintado com cores vivas, arejado e estava mais iluminado do que uma pista de aterrissagem e levou alguns instantes para que adaptasse minha visão á luminosidade excessiva.
Após este tempo, sacudi a cabeça, como alguém saindo de um transe, soltei o ar com força e olhei o ambiente, detidamente, observando cada polegada do interior por vários e diferentes ângulos, matutando por alguns minutos por onde começar a busca.
O quarto, amplo e generosamente mobiliado com cama, armário, cômoda, cadeira, poltrona, – que mais me pareceu um trono – possuía um banheiro que a primeira vista era duas vezes maior que o de onde eu estava instalado, em austera simplicidade me surpreendeu pela segunda vez e a pintura á óleo, perto da janela no lado esquerdo, retratando a figura de um homem de aspecto envelhecido, que não reconheci e a inscrição na parte baixa da tela do nome Noam Chomsky, me trouxe uma vaga lembrança de algo ou alguma coisa, mas não consegui concluir a associação.
Sentindo meus olhos menos ofuscados, virei-me para a direita e na ponta dos pés andei até chegar á cabeceira do móvel em estilo antigo, de ferro trabalhado e pintura cinza e notei que a cama, com a parte da frente e a cabeceira da mesma altura, tendo como pano de fundo, em meio á parede – na verdade o quadro fora o que mais chamara por minha atenção, pois parecia uma natureza morta - a pintura da ex-poderosa ‘pianista’ Condoleza Rice, estava sem lençol algum, ou seja, de acordo com os padrões de serviço do hotel, a ‘housekeeper’ estaria ali em aproximadamente trinta minutos.
O tempo de duração da batalha.
Senti meu olho direito ser puxado por algo estranho e com o coração martelando, detectei alguma coisa parcialmente encoberta pela poltrona que ocupava o final do quarto, no mesmo lado, uma espécie de papel, que discretamente, de forma quase imperceptível se deixava ser visto.
A imagem clara, lembrando o azul me estimulou e num abrir e fechar de olhos comecei a movimentar-me ao redor da poltrona, tão antiga quanto o próprio castelo, e resolvi experimentá-la. Sentei, cruzei as pernas e acomodei-me, como se fosse ler um livro e num primeiro momento pensei em como seria bom passar o restante da tarde ali, despreocupadamente, relembrando meus tempos de ‘exclusivamente universitário’, mas meus sentidos de espião imediatamente despertaram, trazendo-me de volta a realidade.
Levantei-me para analisá-la melhor. Pareceu-me não somente muita antiga, mas igualmente pesada, sólida, mais parecendo estar inscrustrada no piso de concreto.
Tentei empurrá-la, mas o agigantado móvel, teimosamente, não se deslocou nem mesmo um único centímetro.
Por precisamente três segundos fiquei parado, sem saber exatamente o que fazer.
Decidi por uma segunda tentativa, desta vez em diferente posição, então, com os pés firmemente apoiados, posicionei-me ao lado do ser inanimado, passei a mão em meus lábios repentinamente ressequidos, tomei impulso e empurrei com todas minhas forças.
O gigante cedeu e pude ver agora de maneira bastante clara do que se tratava. Duas folhas de cor de cores diversas que projetavam um símbolo confuso. Conclui que encontrara os documentos, de maneira mais fácil do que imaginara e ‘re-conclui’ que de posse dos documentos, me restaria apenas elaborar um plano de fuga e estaria em casa num piscar de olhos.
Meus sentidos emitiram novo alerta e coloquei a imaginação de lado. Era urgente retirar os documentos, sem danificá-los, então girei dois passos para a esquerda, buscando uma melhor posição, mas de repente a certeza transformou-se em dúvida.
E se o Chefe em pessoa aparecesse e eu fosse surpreendido bisbilhotando seu quarto? Como ele reagiria?
Eu poderia dizer que me enganara de quarto? Ou, talvez, dizer que minha cama era muita dura e resolvera utilizar-me da sua? Ou ainda, poderia alegar que recebera uma obra literária de um dos escritores da afamada SEBlumenau e estava tentando igualar a qualidade da leitura á do ambiente?
Não refleti por muito tempo.Obviamente estas seriam respostas erradas e o habitual bom humor do Grande Chefe desapareceria em um instante, como um interruptor sendo desligado e de maneira mais óbvia ainda, meu destino estaria selado.
Senti as mãos, talvez pelo esforço ou pela tensão, quentes, escorrendo suor.
Desejando estar mais controlado do que estava, esfreguei as mãos na testa, para aliviar um pouco meu nervosismo.
Bloqueando os pensamentos - de nada adiantaria pensar nisso naquele momento - fiz um novo esforço, desta vez empurrando o gigantesco móvel com mais força e as folhas, finalmente ficaram livres.
Meu choque foi terrível e senti-me paralisado.
Uma sensação de pânico percorreu-me a mente quando os apanhei.
Eram duas páginas da revista Playboy com a figura de uma garota em pose “não traduzível”.
Eu desperdiçara preciosos minutos para ter em mãos páginas de uma revista.
Um senso de tragédia começou a elevar-se rapidamente e meu corpo estremeceu, com a sensação de estar fazendo o papel de bobo, parado, em pé, rígido como uma estátua, no meio do quarto daquele homem horroroso, segurando páginas de revista e lembrei de outra máxima de meu ídolo, Sun Tzu – “Oferecer uma isca para fascinar o inimigo que procura alguma vantagem”.
Eu mordera a isca. Conclui.
Senti-me desapontado, mas não estava a fim de desistir.
Apertei os lábios com força, não permitindo que o pavor do momento me dominasse e a angústia tomasse conta de meus pensamentos.
“Concentração! Procure uma vitória rápida!”; gritou uma voz, com sotaque chinês, em meu interior.
Tenho que pensar depressa. Deduzi.
Tentei fazer o estado de espírito decidido que sentira antes retornar, mas era impossível. Senti algo apertar-se dentro de mim e no silêncio do quarto optei por fazer uma pausa.
Deixei minha mente completamente quieta por alguns segundos e quando o curto instante passou, com calma estudada, decidi aplicar o elemento mais importante nas regras militares, a análise do terreno, e sem pressa, dediquei-me a uma análise mais detalhada do quarto.
Andei ao redor, apalpei as paredes aqui e ali em busca de algum ponto falho que permitisse esconder alguma coisa.
Então, como se respondendo as minhas preces, um ponto da parede, alguns centímetros próximo da frame de Obama’s picture, produziu um barulho diferente quando o nó de meus dedos o atingiu.
Uma parede falsa. Um espaço secreto que muito bem podia estar abrigando documentos secretos, ponderei.
Apressado, eletrizado, literalmente enfiei os dedos na cavidade que cedera a pressão e aturdido, vi a parede disfarçada, entreabrir-se. Escancarei-a bruscamente e a luminosidade do quarto, invadindo o buraco negro, atingiu em cheio um pequeno baú, com ratos andando ao redor.
Com o nervosismo aumentado pela pressa, medi o pequeno baú com os olhos, ergui as mangas da camisa, conferi minha massa muscular de tradutor e calculei que poderia arrastá-lo para fora sem maiores dificuldades e depois de alguns instantes, eu estava agachado ao lado de minha descoberta procurando uma forma de romper a fechadura e desvendar o interior daquela peça de madeira.
Levantei o rosto por um breve segundo e certifiquei-me que nenhum rato estava pensando em vir incomodar-me e por outro idêntico espaço de tempo me senti inesperadamente seguro.
Sem poder conter um sorriso, com otimismo crescente, senti a fechadura envelhecida ceder ao primeiro solavanco que impus e inevitavelmente meus lábios se abriram ainda mais quando ergui a tampa empoeirada.
A principio, contrariando todas as recomendações de bom senso, analisei, demoradamente, o interior forrado de papéis; todos com dizeres em inglês, mas logo depois, controlando a impaciência, obrigando-me a procurar com cuidado, me pus a trabalhar com mais rapidez.
Meu coração apertou-se, a pulsação se acelerou e uma gota de suor da testa escorreu-me pelo rosto, indo se juntar as que brotavam acima de meu lábio superior, quando lembrei que não tinha mais do que minutos para examinar toda aquela papelada. Qualquer um deles podia ser o documento e ao mesmo tempo nenhum.
Á medida que eu os pescava do interior do baú, enquanto o medo e o arrependimento de não ter estudado inglês com mais afinco me consumiam em partes iguais, experimentei a sensação de que o tempo diminuía na mesma proporção em que aumentava a pilha de papéis que depois de checados eu colocava no piso.
Quando terminei esse trabalho de avaliação, o suor pingava de meu rosto no mesmo ritmo que minha agitada respiração, então me encontrei novamente desesperado.
Não conseguira descobrir nada de novo e meus olhos, com toda aquela luz, começavam a ficar úmidos, doloridos e cansados.
Minha mente começou a fazer cálculos dolorosos tentando encontrar um símbolo de tempo que indicasse quanto tempo ainda restava. Ao final da décima equação, a resposta encontrada era perfeitamente lógica:
Eu tinha que sair daquele quarto sem demora.
Era como um jogo de rato e gato e eu era o rato com o pé na ratoeira. Fora uma tolice invadir o quarto do Grande Chefe e...
“Esqueça tudo isto por um momento. Preste atenção no show”; dentro de meu cérebro berrou o ‘chinês irritante’ novamente
Recoloquei com mãos ansiosas tudo de volta no interior, fechei a tampa, devolvi o baú para os ratos e fechei a falsa passagem.
Voltei minha atenção para a cama, fui até lá, sentei-me, levantei os olhos e de repente, sentindo os olhos enrijecerem e meu lado de espião sorrindo, visualizei, acima da cortina, algo que timidamente, deixava ver uma pontinha muito branca.
O chinês, mesmo ser por mim consultado, manifestou-se novamente:
“Se você acha muitos obstáculos escondidos, significa que o inimigo esta tentando confundi-lo.
Me fiz de surdo e instintivamente, movendo-me com velocidade crescente, experimentando a sensação de ansiedade explodindo em cada poro do corpo, arrastei a cadeira até a frente da janela, subi no assento, encostei o rosto e o ombro na parede para me apoiar, inseri os dedos no fresta escura, retirei o estranho achado, que parecia cuidadosamente ter sido escondido ali e
percebi que tinha encontrado alguma coisa importante.
No mesmo instante em que desci da cadeira, mantendo o olhar fixo nos papéis, entendi o sentido do “G” do bilhete.
“Gap = falha, abertura”
Minha surpresa, fazendo com que eu sentisse um repentino e intenso calor no rosto, chegou ao máximo quando forcei o achado a escorregar para fora da fresta e observei que eram papéis de carta, escritas por inteiro, também em inglês.
Fiquei ali, em cima da cadeira, segurando os papéis, que pareciam imponentes, bonitos em sua cor creme, como pergaminhos, escritos com letras pretas e adornados com o símbolo FIT em alto relevo, mesmo sem entender as estranhas palavras e simbolos escondidos naquelas páginas.
Mas, apenas por um instante.
Sem maior hesitação, pulei para fora da cadeira, voltei para a cama, ocupei o mesmo lugar que sentara anteriormente e com atenção, ao mesmo tempo em que dizia a eu mesmo para moderar as próprias expectativas, muito devagar, comecei a folhear o achado.
Soltei um assovio de surpresa – até mesmo eu conseguia traduzir ‘obligations’ - e como se estivessem pegando fogo, soltei as páginas, mas voltei a apanhá-las antes que tocassem o chão.
Escotoma. A mente vê o que escolhe ver.
Os documentos.
A principio não consegui dizer nenhuma palavra e pisquei varias vezes sem tirar os olhos das folhas de papel e das informações que se descortinavam diante de mim, então deixei a imaginação espalhar-se pelo silêncio sombrio do quarto, sentindo-me arrastado por divagações e por um instante temi que algum fantasma aparecesse, arrancando-me os documentos da mão.
Sem poder me conter, sentindo manifestações de hesitação e medo, com o coração preso na garganta e arfando no ambiente irrespirável que repentinamente se formara, comecei a soluçar e escondi o rosto entre as mãos.
Senti o chão se mover sob meus pés enquanto meu coração partia-se em dois.
Eu encontrara.
Tentei respirar, mas em vez disso, pequenos arquejos brotaram de minha boca.
Gotas frias de suor irromperam nas palmas de minhas mãos e têmporas.
Eu esperava há muito tempo por aquele momento.
Soluçando e lendo ao mesmo tempo, com os olhos pregados nas poucas palavras que conseguia identificar, senti como se as informações penetrassem em minha mente, aprisionando-me em um êxtase bizarro.
O eco dos meus soluços era o único sinal de vida que flutuava através do ambiente, indo de encontro ás paredes e voltando em direção aos meus ouvidos.
Cheio de ansiedade, mas com carinho, quase me recusando em acreditar que realmente estavam em meu poder, debrucei-me sobre os documentos, debati-me alguns momentos com o ‘inglês’ até que consegui identificar a tão profundamente temida mensagem – em sentido figurado - pelos ‘fake-translators’:
Seção I - “General Obligations of the Translator- item 6”
Meus lábios se separaram em surpresa e espanto e a sensação de alguma coisa presa na garganta se fez maior.
Sem demora, ‘saquei’ meu dicionário e li, consultei, xinguei, uma, duas, oito vezes, obcecado pelo desespero de entender o conteúdo daquela seção.
“The translator shall possess a sound knowledge of the language from which he/she translates and should, in particular, be a master of that into which he/she translates”
Fascinado pelo pedaço de história que segurava, interrompi a leitura e senti o rosto enrijecer, como se meus ossos tivessem se transformado em ferro e o restante do corpo tremer.
Devagar, lentamente, meu cérebro apagou o transe angustiante a que fora acometido com o entendimento da frase e começou a absorver a realidade então, sem soltar o precioso ‘handwriting’, uni as mãos em oração, ergui-as para o céu, como se estivesse mostrando o achado para alguém lá em cima, rapidamente rezei algumas palavras e a seguir, baixando as mãos, soltei uma risadinha curta, parcialmente histérica, bati e bati palmas silenciosas e sentindo as lágrimas surgirem nos olhos, libertei a garganta do nó que a muito a sufocava, mas antes de gritar, parei.
“Tenho que me controlar”
“Meu segundo problema é tempo, ou seja, a falta de tempo”; pensei
Assim, com movimentos dotados de rara precisão e velocidade, como se tivesse sendo espetado por canetas pontiagudas que me apressavam, executei o ritual de transferir os documentos – depois de dobrá-los cuidadosamente - de minha mão para dentro da ‘underwear’, caminhei furtivamente até a porta e tomando o cuidado de não produzir nenhum barulho, cuidadosamente, bem de leve, girei a maçaneta e o clique surdo revelou minha situação.
Eu estava preso dentro do quarto.
A alegria do achado dissipou-se, o sangue congelou em minhas veias e todos os meus membros, musculos e sentidos foram tomados pela lembrança do que aconteceria se fosse apanhado. A porta estava trancada.
Senti frio na esteira do pânico e o sentimento de estar perdido, como alguém em uma noite de chuva e pouca gasolina no carro que se depara com uma rua de mão única sem saída, expandiu o medo em meu coração.
“Shit!”; praguejei e forcei a maçaneta novamente.
Por um momento, em meio ao silêncio esmagador, ela titubeou, gemeu nas engrenagens, mas de forma desconcertante, não cedeu.
“Impossível!”; gemi entre dentes, ao mesmo tempo em que todos os medos apressadamente tomavam posição dentro de minha mente, enregelando meus movimentos
Os segundos se arrastavam, velozmente.
Sem aviso prévio uma imagem mentalmente pintada de cinza surgiu em minha mente.
Meu funeral.
As luzes piscaram ou foi minha imaginação?
Senti vontade de ir ao banheiro, mas minhas pernas não pareciam dispostas a atender minha súbita necessidade.
E então, alguma coisa, algum sexto sentido, me fez olhar ao redor e como se fossem velas sopradas as luzes se apagaram.
Senti meus cabelos se eriçarem na nuca, como a me avisarem de que na escuridão algo estava á espreita.
Senti um ar frio se enroscar em minhas pernas como se fosse um gato e experimentei a sensação de algo se esgueirando sob minha pele, meu couro, minha sola dos pés.
A vaga lembrança de Chang percorreu a superficie de minha mente ainda consciente.
Levantei os olhos para a escuridão, mas não vi nenhuma luz. Não havia estrelas dentro do quarto.
Imaginei estar ouvindo as batidas de um relógio marcando a passagem do tempo enquanto estava parado, esperando algo acontecer.
Com angústia senti a única coisa que gostaria de alcançar na vida, a velhice, subitamente, tornar-se uma imagem desordenada, dissolvida.
“Oh shit! Shit! Shit!”; choramingou o chinês enquanto procurava um lugar para se esconder dentro da minha cabeça
Não consegui pensar em nada – na verdade eu não conseguia mais pensar - a não ser o medo que se renovava a cada segundo transcorrido em meio ao quarto escuro demais e ameaçava passar para dentro de meu crânio transformando-me em um boneco de cera vivo.
Pensei que nunca mais fosse me mexer então, lembrando que ainda tinha mãe, com um esforço titânico, impedi-me de ceder em definitivo á paralisia a que fora acometido, apalpei a porta até encontrar a velha maçaneta, e agarrado a ela, a mente totalmente concentrada no ato, forcei um talvez, último movimento circular com as duas mãos, ao mesmo tempo em que com pânico suficiente, a voz do ‘chinês’, prevendo o final trágico, ressurgia, gritando histericamente dentro de minha mente:
“Rápido! Abre! Abre!”
Por uma fração de segundo, o mundo pareceu estar suspenso, fora do espaço, fora do tempo.
Então, a porta, parecendo desistir de instalar um novo nível de pânico, graciosamente, sem produzir ruído algum, abriu.
Sem demoras, em estado de enorme agitação, aumentei o tamanho da abertura, prendi a respiração, coloquei a cabeça para fora do quarto e com movimentos que lembrariam o periscópio de um submarino, olhei para um lado e outro.
Ninguém á vista.
O corredor estava nu e silencioso.
Sorrateiramente, caminhando na ponta dos pés, sentindo a histeria crescendo dentro do peito, movido por um instinto não humano, me precipitei em direção ao caminho inverso e antes mesmo que precisasse voltar a respirar, estava dentro de meu quarto, escorando com as costas de meu coração a porta, como se centenas de seguranças estivessem tentando arrombá-la.
Febrilmente, retirei os documentos do interior da calça e fiquei a caminhar, pensativamente em volta do quarto, absorvendo o impacto da descoberta.
Parei e virei-me uma ou duas vezes para olhar a porta.
Em ambas ela estava imóvel e muda.
Sentindo as pernas como se fossem troncos de árvores, tamanho era meu esgotamento, fui até a janela e surpreendi-me de ver que já era quase crepúsculo.
Lembro que voltei para a cama no e fiquei sentado, olhando para os documentos, com olhos fixos, aterrorizado e feliz ao mesmo tempo, impedido de conciliar o sono.
Não senti fome e nem frio.
Continuei sentado, bem quietinho, segurando as folhas, como se estivesse segurando um poema e permaneci soluçando pela noite adentro, enquanto chamas de medo ardiam em meu coração.
Quando amanheceu eu ainda estava sentado no mesmo lugar, segurando as mesmas folhas e com medo de estar sonhando e acordar com as mãos nuas.
Sem que eu tivesse perguntado, meu ‘Rolex made in China’ me informou:
“De suas 24 horas, ‘my friend’, restam 12”


Este texto é administrado por: luis carlos binotto leal
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